Mercado Central: clientes da 'Praia' dos mineiros se despedem de bares
Decreto da PBH pro�be venda de bebida alco�lica em bares e restaurantes a partir de segunda-feira (7/12). Comerciantes e clientes comentam decis�o
O espa�o usado por bares fora do Mercado Central n�o funcionar� mais a partir de segunda-feira (foto: Juarez Rodrigues/D.A Press)
O Mercado Central � considerado a "praia" dos mineiros e, todo s�bado, tradicionalmente, os clientes t�m encontro marcado nos bares e restaurantes do com�rcio em rodas de amigos, familiares e turistas em busca de boa conversa e petiscos sempre regados a um bom trago da bebida favorita.
Neste s�bado (5/12), o h�bito se manteve, mas o tom foi de despedida j� quem a partir de segunda-feira (7/12), a venda de bebidas alco�licas nestes estabelecimentos est� proibida.
A mudan�a ocorre depois que o prefeito Alexandre Kalil (PSD) concordou em acatar o pedido do Comit� de Enfrentamento ao Coronav�rus em Belo Horizonte diante do aumento da taxa de transmiss�o por infectado (Rt) na capital. Portanto, a PBH determinou lei seca em bares e restaurantes do munic�pio a partir de segunda-feira (7/12), restringindo a flexibiliza��o.
Mesmo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) autorizando alguns propriet�rios do Mercado Central a atenderem do lado de fora do centro comercial, o aumento do cont�gio do Sars-cov-2 na capital provocou a regress�o das medidas de relaxamento no setor.
Luiz Carlos Braga, superintendente do Mercado Central h� 30 anos, disse que depois da rea��o animada com a flexibiliza��o, o recuo � um balde de �gua fria nos planos de todos. “Desde setembro, com licenciamento da PBH, os bares de passagem (com balc�o estreito) foram liberados para atender fora do mercado, que passou a ser chamada da ‘praia do mineiro’. Estavam indo bem, em recupera��o. Infelizmente, o n�mero de casos da COVID-19 aumentou e o que fizemos foi reunir com todos, comunicar o decreto e, a partir de segunda-feira, tudo parado de novo. A praia acabou. Venda de bebidas s� para levar para casa. Todos lamentamos muito porque todos t�m conta para pagar, funcion�rios, in�meras despesas e voltar�o ao sufoco de junho”.
Para Luiz Carlos Braga, superintendente do Mercado Central, a grande ang�stia dos comerciantes � a d�vida sobre o futuro (foto: Juarez Rodrigues/D.A Press)
Conforme Luiz Carlos, os bares e restaurantes s�o atrativos do Mercado Central, uma das for�as do turismo. S�o 14 estabelecimentos (seis servem fora do centro comercial) que funcionam das 10h �s 19h e que, novamente, n�o sabem como sobreviver: “O que mais apavora os comerciantes � a d�vida. Quando v�o voltar? Quando a situa��o vai normalizar? Podem fazer plano? Podem estocar? A ang�stia � enorme e estamos a 20 dias do fim de ano, �poca forte, de movimento e tudo � uma inc�gnita. V�spera de Natal e Ano Novo s�o datas important�ssimas, o Mercado Central � um lugar de encontro e, agora, n�o sabemos”.
Eliza Fonseca, a Lora, h� 16 anos com o Bar da Lora, um dos mais disputados do mercado, desabafa: “Estou apavorada. Deste a not�cia do decreto, n�o consigo dormir. Foram oito meses fechado, negociando d�vida, pagando funcion�rio, agora tem o 13 sal�rio, lido tamb�m com a expectativa do cliente e tudo parede desmoronar novamente”.
Eliza Fonseca, do Bar da Lora, revela estar apavorada e sem dormir diante do novo decreto (foto: Juarez Rodrigues/D.A Press)
Aflita, Lora revela que a sa�da � buscar a calma: “Estou vivendo cada dia, um dia. Al�m de tudo relacionado ao neg�cio, tamb�m preciso encarar a preocupa��o de pegar o v�rus, de ter funcion�rios doentes e o que posso fazer � levantar diariamente e agradecer a Deus e pedir sa�de e sabedoria para saber passar por tudo isso”. Ela conta que tinha 15 funcion�rios, n�mero reduzido para 8, sendo obrigada a contratar freelancer no fim de semana.
Um gar�om, que n�o se identificou, ao ver a reportagem do Estado de Minasdisse: “Pelo amor de Deus, que nos deixem trabalhar. Ontem (sexta-feira, 4/12), passei a noite com dor na nuca, tenho conta para pagar, a cesta b�sica n�o chega com um litro de leite, como vamos fazer?”
Jos� de Freitas, do Bar Z� da On�a, j� 30 anos no Mercado Central, estava indignado e sem saber o que o futuro lhe reserva: “� dif�cil aceitar o novo decreto. As coisas est�o dif�ceis, precisamos trabalhar, pagar aluguel, ainda que com desconto de 70%, o dinheiro s� sai de onde entra. Estou muito preocupado, despesas demais, tem o condom�nio para pagar com o bar fechado, funcion�rios, 13 sal�rio, n�o est�o f�cil. Como ter esperan�a se est� cada vez pior?”
CLIENTES PENSAM DIFERENTE
J� os amigos Marcus Teixeira (blusa azul ), Marcelo Pena (blusa cinza ) e C�sar Dam�zio apoiam decis�o do prefeito (foto: Juarez Rodrigues/D.A Press)
H� clientes que concordam com o decreto da PBH fechando bares e restaurantes e outros que criticam. Na mesa dos amigos Marcus Teixeira, de 55 anos, administrador; C�sar Dam�zio, de 54, funcion�rio p�blico; e Marcelo Pena, de 55, gerente administrativo, todos apoiam a decis�o do gestor municipal.
“At� demorou a tomar a medida. E acredito que a culpa � dos comerciantes que abusaram, n�o souberam aproveitar a flexibiliza��o. Acho justo porque o pico de contamina��o do v�rus tem de ser avaliado e s� aumenta, com alta na ocupa��o de leitos da rede particular”, destaca Marcus.
Para Marcus Teixeira, n�o faz sentido a revolta de comerciantes ou clientes. “Os clientes mais inconformados, ali�s, s�o os mais jovens. Mas tenho uma filha de 20 anos e, ao contr�rio de muitos, ela tamb�m concorda coma decis�o do prefeito. A culpa � realmente dos gestores do com�rcio, o prefeito est� correto”.
J� as amigas Karem Felipe Batista, de 37 anos, servidora p�blica, e Carmelita L�cia, de 40, tamb�m servidora p�blica, discordam do novo decreto. “� um retrocesso. N�o creio que a proibi��o de venda de bebidas nos bares e restaurantes v�o impedir a aglomera��o, j� que as pessoas est�o se reunindo em casa, em eventos particulares. Aqui no Mercado Central, estou em local aberto, com ventila��o, distanciamento, tomando todas as medidas, medindo temperatura, �lcool em gel e me sinto segura para tomar minha cerveja. A decis�o n�o vai amenizar nada. N�o � uma estrat�gia correta para frear a contamina��o do v�rus”, enfatiza Karem.
As amigas Karem Felipe Batista e Carmelita L�cia criticam o decreto (foto: Juarez Rodrigues/D.A Press)
Para Carmelita, voltar atr�s na flexibiliza��o n�o resolver� situa��o: “Fechamento n�o � a medida mais adequada, mas sim a fiscaliza��o. A partir do momento que as regras sanit�rias s�o cumpridas, com distanciamento, como aqui no Mercado Central, � poss�vel manter o com�rcio aberto. Vai afetar ainda mais a economia”.
Carmelita alerta que “pior do que eu estar sentada aqui no bar � entrar no �nibus lacrado, lotado, sem ar-condicionado ou com ar, sem saber se est� limpo, higienizado mesmo. E, quer saber, as pessoas v�o aglomerar em casa para beber”.
De acordo com a Secretaria Municipal de Sa�de, a proibi��o da comercializa��o de bebidas � essencial neste momento para evitar o lockdown do com�rcio no per�odo de maior faturamento. A PBH seguir� o monitoramento. O comportamento dos cidad�os e a dissemina��o do Sars-Cov-2 determina��o o relaxamento das medidas ou fechamento total dos bares e restaurantes.
O secret�rio municipal de sa�de, Jackson Machado Pinto, j� declarou ao Estado de Minas que o relaxamento se imp�s acelerando novas medidas restritivas, j� que muitos tamb�m passaram a frequentar festas clandestinas e ao consumir bebidas alc�olicas, seja em festas, bares ou restaurantes, muitos acabam descartando o uso das m�scaras e se aglomeram depois sejam em postos de gasolina e lojas de conveni�ncia at� de madrugada. Um alto risco de trasmiss�o.
O VIL�O
A Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG) lan�ou nota questionando a medida da PBH. Entre as pontua��es, o presidente da entidade, Matheus Daniel, disse na nota que "compreende que bares de algumas regi�es da capital mineira est�o desrespeitando os protocolos. Ciente disso a associa��o iniciou h� uma semana campanhas de conscientiza��o dos estabelecimentos e clientes com o objetivo de contribuir com o trabalho da prefeitura." E afirmou ainda que "o recente crescimento da taxa de transmiss�o da COVID-19 na capital mineira pode estar atrelado �s aglomera��es registradas durante ao per�odo pr�-eleitoral".
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