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Estado de Minas RECONHECIMENTO

Bi�loga mineira premiada pela ONU: 'Foi dif�cil provar minha capacidade'

F� do Capit�o Planeta na inf�ncia, pesquisadora sonha com um pa�s sustent�vel e livre do machismo que subestima a capacidade feminina de transformar a realidade


11/12/2020 11:57 - atualizado 12/12/2020 08:12

À frente do Instituto Bioplanet, a bióloga Cristiane Azevedo (à direita) evitou a poluição de mais de 1 bilhão de litros de água potável com projeto que recolhe óleo de cozinha usado em comunidades de BH(foto: Arquivo pessoal)
� frente do Instituto Bioplanet, a bi�loga Cristiane Azevedo (� direita) evitou a polui��o de mais de 1 bilh�o de litros de �gua pot�vel com projeto que recolhe �leo de cozinha usado em comunidades de BH (foto: Arquivo pessoal)
Criada entre patos, coelhos e galinhas no s�tio de sua fam�lia em Bom Despacho, Regi�o Centro-Oeste de Minas Gerais, a bi�loga Cristiane Azevedo, de 38, diz que a conviv�ncia com os bichos agu�ou seu interesse pelo meio-ambiente, mas a maior influ�ncia veio da TV.

Ela era f� do Capit�o Planeta, protagonista do desenho animado hom�nimo exibido nos anos 1990. Fruto da “uni�o dos poderes” da coletividade, ele se dedicava a resolver os problemas ecol�gicos mundiais.

A bandeira do her�i noventista definiria a carreira de Cristiane. Na manh� desta sexta-feira (11), ela recebeu o  Pr�mio A��o Global pelas Mudan�as Clim�ticas da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), na categoria Women for Results, pela idealiza��o do Projeto Bioplanet, que transforma �leo de cozinha usado em biodiesel.

Iniciada em 2017, a empreitada viabilizou o recolhimento de 68 mil litros de �leo, evitando o descarte inadequado do produto e consequente polui��o de um bilh�o e 300 milh�es de litros de �gua.

A iniciativa � desenvolvida por meio da empresa Arroxim Neg�cios Sustent�veis e do Instituto Bioplanet de Energia para o Mundo, ambos fundados pela bi�loga e outras duas s�cias. O trabalho salva diversos biomas da destrui��o.

Cristiane explica que o �leo, uma vez descartado no ralo da pia, cai nos esgotos e vai parar nos rios e lagos. Menos densa que �gua, a subst�ncia permanece na superf�cie dos cursos d’�gua, impedindo a entrada de luz e oxig�nio. O resultado � a morte de v�rias esp�cies aqu�ticas.  

A a��o gera ainda uma cadeia de benef�cios diretos e indiretos a cerca de 50 mil habitantes da Grande BH. A coleta do res�duo � feita por alunos de 35 escolas da rede p�blica da capital e de Contagem, no entorno de suas casas.

Eles competem em uma esp�cie de gincana, na qual as turmas que recolhem o maior volume do produto ganham pr�mios. O l�quido �, posteriormente, vendido a usinas de biodiesel de S�o Paulo. O dinheiro auferido retorna �s escolas, que o empregam em reformas e compra de insumos.

Reconhecimento

A coleta do óleo de cozinha usado envolve alunos de escolas da rede pública da Grande BH(foto: Arquivo pessoal)
A coleta do �leo de cozinha usado envolve alunos de escolas da rede p�blica da Grande BH (foto: Arquivo pessoal)
“Senti uma felicidade imensa com o reconhecimento da ONU. � uma valida��o, um sinal de que estamos no caminho certo e de que � poss�vel sonhar com mudan�as. Vivemos num pa�s em que se descartam 1,5 bilh�o de litros de �leo todos os anos. Cada litro tem potencial para poluir outros 12 mil de �gua. A polui��o tem um alcance imenso, mas n�s tamb�m temos. � poss�vel encontrar o equil�brio sustent�vel entre as pessoas e o planeta, buscando formas de gera��o e distribui��o de renda no combate � pobreza”, comenta Cristiane.

Ao anunciar o projeto Bioplanet como vencedor do pr�mio, ao lado de 26 iniciativas de sustentabilidade espalhadas pelo mundo, a ONU destacou ainda o impacto das a��es entre as mulheres.

“O alcance do programa entre o p�blico feminino  � significativo, dada a presen�a delas em toda a cadeia de produ��o do biodiesel”, diz o texto de apresenta��o do concurso. Indiretamente, a mineira estima que a empreitada atinja mais de 30 mil mulheres, entre m�es de alunas, professoras, funcion�rias das escolas e donas de casa.

Cada litro de óleo de cozinha descartado incorretamente pode contaminar até 12 mil litros de água.(foto: Arquivo pessoal)
Cada litro de �leo de cozinha descartado incorretamente pode contaminar at� 12 mil litros de �gua. (foto: Arquivo pessoal)
“Isso � muito significativo especialmente dentro do campo da energia, que ainda � muito masculino e onde ainda prevalece a ideia de que as mulheres n�o s�o capazes de transformar a realidade”, afirma a pesquisadora. P�s-graduada na Holanda e na �frica do Sul, ela conta que sentiu isso na pele. “Em muitos momentos, senti desconfian�a da minha capacidade por ser uma mulher que come�ou muito jovem a querer encontrar solu��es energ�ticas limpas. Com meu trabalho, consegui convencer as pessoas de que sou capaz”.

A inova��o mais recente da empreendedora ambiental � o aplicativo Arroxim, j� dispon�vel para Android. Por meio dele, a popula��o de BH, Contagem e Betim pode solicitar a coleta de �leo de cozinha usado na porta de casa.

“BH, por exemplo, tem pouqu�ssimos pontos de coleta. Os que existem s�o mantidos por supermercados. E n�o adianta as pessoas acondicionarem o produto em garrafas pet e jogarem no lixo porque as embalagens depois s�o prensadas. O �leo escorre no solo, penetra nele e assim contamina len��is fre�ticos. O aplicativo �, ent�o, mais um passo que queremos dar rumo a constru��o de cidades mais limpas, sustent�veis e com alto potencial energ�tico”, finaliza.


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