
Como se n�o bastassem os seis meses sem poder trabalhar por causa da pandemia da COVID-19, os expositores da Feira Hippie encaram o 'pior Natal da hist�ria' do tradicional ponto de com�rcio de Belo Horizonte com rela��o �s vendas.
O Estado de Minas conversou com diversos feirantes na manh� deste domingo (20/12), o �ltimo antes do per�odo de festas, e a avalia��o de todos � de absoluta queda no faturamento em rela��o aos anos anteriores.
Paulo Rizerio e Imaculada Lima est�o casados h� 44 anos e exp�em na feira h� 35 anos, desde que ela acontecia ainda na Pra�a da Liberdade.
"Esse � o pior Natal que j� tivemos. N�o vende nada. Tem muito cliente que liga pra gente e fala que n�o vem por causa da pandemia. � complicado", diz Imaculada, que trabalha com o com�rcio de bolsas de couro.
Ao perceber a chegada da reportagem, Paulo logo solicita apoio da imprensa para divulgar que n�o h� aglomera��o na Afonso Pena aos domingos. "As pessoas falam o tempo inteiro que a feira est� lotada. Mas, n�o est�", diz.
Waldirene e Wauleno S� tamb�m conhecem como a palma de suas m�os como � o movimento da Feira Hippie nesta �poca. E os irm�os afirmam com seguran�a: nunca houve um Natal t�o ruim em termos de faturamento.
"A gente percebe que o p�blico vem, mas n�o estamos vendendo como antes. Herdamos a barraca da minha m�e, que aposentou. Vivenciamos a feira h� mais de 30 anos", diz Waldirene.
Com face shield, m�scara e vidro de �lcool em gel � disposi��o do cliente, os irm�os que vendem brincos com tem�tica afro adotaram novas pr�ticas de venda durante a pandemia.

"Infelizmente, n�o podemos deixar o cliente experimentar mais. Isso tamb�m atrapalha um pouco, mas � o mais seguro. Tivemos que envolver o material com pl�stico tamb�m para facilitar a higieniza��o e n�o danificar a pe�a artesanal", explica Waldirene.
Para eles, a diminui��o do n�mero de turistas na Feira Hippie tamb�m contribui para a piora nas vendas. Esse ponto tamb�m � colocado em pauta pela expositora Ivonete Caixeta.
Ela trabalha com a fabrica��o e venda de sapatos, principalmente as populares rasteirinhas, h� 12 anos na Avenida Afonso Pena. “Tive que mandar mais da metade dos meus funcion�rios embora por causa da crise. Juntou o momento ruim do pa�s (em rela��o � economia) com a pandemia”, diz.
Drama

Quando a reportagem j� se preparava para deixar a Feira Hippie e retornar � reda��o, Wilson Renato Coelho, morador do Bairro Sagrada Fam�lia, no Leste de BH, se aproximou. Ele pedia apoio da imprensa para ajuda-lo a retornar para a Feira Hippie, onde trabalhou por d�cadas com os pais, mortos h� tr�s anos.
“Minha fam�lia trabalhava com alimenta��o, venda de salgados. S� que eu tive c�ncer e n�o posso carregar peso mais. Nesse ramo, voc� precisa arrastar fardos e sacos de gelo. N�o posso fazer isso mais”, afirma. Hoje, Wilson trabalha com artesanato e vende pe�as de decora��o.
O problema � que a organiza��o da Feira Hippie, segundo ele, n�o o deixa comercializar seus produtos na �rea de decora��o, somente na de comidas e bebidas.
“Eu cheguei a ficar na �rea de decora��o, mas amea�aram apreender meu material”, diz o homem, que agora vende na pr�pria Afonso Pena, por�m fora dos limites do tradicional com�rcio.
