
O uivo melanc�lico do c�o pastor su��o ecoa pelas ruas, entre janelas de edif�cios e casas do Bairro Cai�ara. Com as frequentes viagens dos donos, segundo a vizinhan�a, o sofrimento do animal deixado sozinho para tr�s se repete todo fim de semana, feriado e f�rias. Um choro que quem mora perto relata ser agravado pelo fato de o cachorro ser deixado sem higiene pr�pria, alimentos e condi��es que consideram m�nimas.
Essa situa��o tem revoltado alguns moradores do bairro da Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, sobretudo depois de v�deos serem divulgados pelas redes sociais. Um alerta aos propriet�rios de animais dom�sticos que t�m viagens preparadas, mas n�o pensaram ainda no bem-estar de seus pets e c�es de guarda: Minas Gerais � um dos poucos estados da federa��o que regulamentou por lei pr�pria (Lei nº 22.231, de 20 de julho de 2016) que o abandono de animais pode ser considerado maus-tratos, punido com pena de reclus�o de dois a cinco anos, al�m de multa e da proibi��o de guarda.
Essa situa��o tem revoltado alguns moradores do bairro da Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, sobretudo depois de v�deos serem divulgados pelas redes sociais. Um alerta aos propriet�rios de animais dom�sticos que t�m viagens preparadas, mas n�o pensaram ainda no bem-estar de seus pets e c�es de guarda: Minas Gerais � um dos poucos estados da federa��o que regulamentou por lei pr�pria (Lei nº 22.231, de 20 de julho de 2016) que o abandono de animais pode ser considerado maus-tratos, punido com pena de reclus�o de dois a cinco anos, al�m de multa e da proibi��o de guarda.
De acordo com estat�stica da Pol�cia Civil de Minas Gerais, as ocorr�ncias de maus-tratos, atendimentos a den�ncias desse tipo de crime e rinhas de janeiro a 10 de novembro de 2020 j� superam em 2% todo o quantitativo de registros de todo o ano de 2019.
A m�dia � de seis fatos relativos a esses crimes por dia, contra cinco por dia, em 2019. S� as den�ncias de maus-tratos cresceram 37% no per�odo, passando de 364 para 499.
Den�ncias de maus-tratos a animais em Minas Gerais cresceram 37% em 2020https://t.co/vThZgu5dM4 pic.twitter.com/P1u8PfkYDQ
— Estado de Minas (@em_com) January 4, 2021
“Estamos vivendo uma situa��o diferente com a pandemia. As pessoas est�o passando mais tempo em casa com os animais e eles se adaptam a isso. Vira uma nova rotina para eles. Com as viagens de fim de ano e a separa��o dos animais de suas fam�lias, o sofrimento acaba sendo maior”, afirma o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterin�ria (CRMV-MG) Bruno Divino Rocha.
De acordo com o m�dico veterin�rio, a solid�o e o abandono trazem altera��es f�sicas e n�o apenas comportamentais aos c�es. “N�o � um quadro simples. Vem com altera��es hormonais. Aumenta a presen�a de cortisol no sangue, de horm�nios do stress. Com isso, a imunidade sofre baixa, aparecem infec��es urin�rias e feridas de pele”, descreve Rocha.
Os reflexos na agressividade e maus comportamentos tamb�m costumam ocorrer ap�s tempos de abandono. “Os animais podem assumir posturas depressivas ou destrutivas. Ter atitudes como comer m�veis e objetos, ingerindo assim corpos estranhos. Podem se ferir e se mutilar, mordendo as patas e outras partes do corpo”, explica.
Choro e uivo s�o sinais
A situa��o do c�o que se v� abandonado no Cai�ara mobiliza e indigna os vizinhos. “Por mais de uma vez, a fam�lia resolveu se ausentar no final de semana e deixar o c�o na �rea externa da casa. � angustiante ouvir o choro, misturado com uivos constantes. Ele (o cachorro) n�o descansa. � triste ver um animal sentindo a falta da fam�lia. Na �ltima vez, parece que ficou tamb�m sem alimenta��o e �gua”, afirma uma vizinha, que pede para n�o se identificar para evitar conflitos.
Procurar um entendimento com os vizinhos que t�m c�es e os abandonam quando viajam � um dos primeiros passos para tentar preservar o bem-estar dos animais.
“O entendimento � prefer�vel. Mas nem sempre isso � poss�vel. Ent�o, cabe a den�ncia. Pode-se procurar a Pol�cia Militar, a Guarda Municipal e a delegacia de prote��o � fauna da Pol�cia Civil. S�o v�rios os sinais que indicam o abandono e os maus-tratos, como o choro do animal e o arranhar das portas, por exemplo”, alerta o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterin�ria (CRMV-MG) Bruno Divino Rocha.
A coordenadora do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais, Adriana Ara�jo, afirma que geralmente quem abandona ou trata mal seus animais s�o as pessoas que os ganharam.
“Por isso, nosso trabalho de ado��o � t�o importante. N�s nos certificamos de que as pessoas querem mesmo ficar com os c�es. Fazemos, tamb�m, visitas para averiguar as condi��es dos animais at� dois anos depois da ado��o, isso � uma exig�ncia”, conta.

Segundo a coordenadora do movimento que milita pelos direitos dos animais, nesta �poca aumenta muito a quantidade de pessoas que abandonam seus pets em casa e saem para viajar.
“Chamamos isso de abandono por tr�s dos muros. � um grande desrespeito que ocorre no fim de ano, in�cio de novo ano, durante as f�rias. Muitos s�o os animais que ficam sem comida, sem �gua, sem as necessidades b�sicas, desprovidos de lugar para dormir, abrigados do sol quente, do frio da noite e do vento. Muitos dormem debaixo de chuva. S�o deixados com as vasilhas de comida sujas, a ra��o se perde com o tempo e os animais acabam passando fome, ingerem comida contaminada at� com urina de rato, podendo morrer de intoxica��o ou de leptospirose”, descreve Adriana Ara�jo.
Doa��o de filhotes de pitbull
O empres�rio e ativista pela causa dos animais, Filipe Correa, de 39 anos, j� chegou a resgatar 16 c�es que se encontravam em situa��es de abandono nas ruas ou em resid�ncias.
“A �ltima foi uma pitbull que a dona n�o tinha a menor condi��o de cuid ar e por isso precisei de fazer um convencimento. A cadela pariu uma ninhada de sete c�ezinhos e consegui pessoas para adot�-los. Se voc� n�o tem condi��o de cuidar dos animais a doa��o � a melhor op��o”, afirma.
“A �ltima foi uma pitbull que a dona n�o tinha a menor condi��o de cuid ar e por isso precisei de fazer um convencimento. A cadela pariu uma ninhada de sete c�ezinhos e consegui pessoas para adot�-los. Se voc� n�o tem condi��o de cuidar dos animais a doa��o � a melhor op��o”, afirma.
Filipe, Adriana e o presidente do CRMV-MG, Bruno Divino Rocha, recomendam que as pessoas se programem e encontrem um hotel para hospedar seus animais caso precisem viajar e n�o os possam levar. Indicam tamb�m servi�os como os de “dog sister”, que s�o pessoas contratadas para passar nas casas de pessoas que est�o viajando para dar alimenta��o e at� brincar com os bichos.
“Antes de se contratar um servi�o de hotel � importante verificar se os estabelecimentos est�o registrados, se t�m apoio de cl�nicas caso ocorram emerg�ncias e se contam com um veterin�rio respons�vel”, alerta o presidente do CRMV-MG.