
“Senhor Padre abre a porta, povo negro quer entrar”, diz o t�tulo do texto, endere�ado a Dom Jos�, bispo da Diocese de S�o Jo�o Del Rei, Dom Walmor, arcebispo da Arquidiocese de Belo Horizonte e Presidente da CNBB e ao respons�vel pela proibi��o padre Alisson Sacramento, da Par�quia de Santo Ant�nio, em Tiradentes.
Segundo o Congado, a 'institui��o religiosa continua omissa para o cuidado dos menos favorecidos'. Afirma, ainda, que 'ap�s mais de 100 anos a hist�ria se repete, mais uma vez os negros e negras s�o impedidos de adentrar os templos religiosos crist�os, batem a porta e � negado acesso a um espa�o teoricamente p�blico'.
E questiona. “A igreja � para todos os povos ou para alguns?”
A proibi��o
A proibi��o foi decretada pelo p�roco Alisson Sacramento, que assumiu a par�quia respons�vel por essa igreja em julho de 2019.
Em entrevista ao Estado de Minas, o padre Alisson disse que n�o h� discrimina��o contra o Congado e que o veto � uma 'quest�o doutrinal'.
“A Escrava Anast�cia n�o � uma santa cat�lica. Quando cheguei a Tiradentes, conversei a respeito com o Capit�o Prego, respons�vel pelo congado, que me disse ser devoto da Escrava Anast�cia e que havia no Rio de Janeiro uma igreja dedicada a ela. Expliquei, ent�o, que a igreja Brasileira � uma dissid�ncia da Igreja Cat�lica, n�o faz parte da Igreja Cat�lica”, declarou.
Ele completa: “Temos congados hist�ricos, centen�rios, em louvor aos santos negros, a exemplo de S�o Benedito e Santa Efig�nia. N�o se trata de discrimina��o ou preconceito.
O Estado de Minas entrou em contato com a CNBB e com a Arquidiocesede Belo Horizonte. Ambas institui��es afirmaram que n�o ir�o se pronunciar sobre o caso e que a decis�o cabe ao bispo de S�o Jo�o Del Rei, Dom Jos� Eudes Campos do Nascimento.
A reportagem aguarda retorno da Diocese de S�o Jo�o.

Veja abaixo o texto da peti��o elaborada pelo Congado
Senhor Padre abre a porta, povo negro quer entrar!
A Federa��o dos Congados/Reinados de Nossa Senhora do Ros�rio do Estado de Minas Gerais, unida � guarda de congado de Nossa Senhora do Ros�rio e Escrava Anast�cia solicita sua assinatura nesse abaixo assinado.
A Associa��o Congado Nossa Senhora do Ros�rio e Escrava Anast�cia, fundada em 2010, est� PROIBIDA de realizar desde agosto de 2019, suas celebra��es em honra a Nossa Senhora do Ros�rio nas depend�ncias da Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio dos Pretos no munic�pio de Tiradentes - MG.
O objetivo desse abaixo assinado, � exigir que os senhores Dom Jos� - Bispo da Arquidiocese de S�o Jo�o Del Rei, Dom Walmor - Arcebispo da Arquidiocese de Belo Horizonte/Presidente da CNBB e Padre Alisson Sacramento da Par�quia de Santo Ant�nio em Tiradentes, revoguem a ordem que pro�be o acesso da guarda de Congado/Reinado as depend�ncias da igreja de Nossa dos Ros�rio dos Pretos no munic�pio de Tiradentes – MG.
A narrativa de uma igreja do povo e com o povo, nos faz questionar: A igreja � para todos os povos ou para alguns?
Tal fato refor�a que esta institui��o religiosa continua omissa para o cuidado dos menos favorecidos. Ap�s mais de 100 anos a hist�ria se repete, mais uma vez os negros e negras s�o impedidos de adentrar os templos religiosos crist�os, batem a porta e � negado acesso a um espa�o teoricamente p�blico.
Recordamos com l�grimas nos olhos do per�odo escravocrata, em que �s embarca��es abarrotadas de negros eram "purificadas" com �gua benzida por um padre que n�o respeitava � identidade �tnica deste povo. Ap�s essa “faxina”, a carga negra estava pronta para permanecer escravizada nesse territ�rio, nessa Tiradentes onde est�o gravadas tantas hist�rias de dor e sofrimento por suas ruas, becos e casar�es.
Tentam silenciar os tambores Congado do Capit�o Prego enquanto isso, ecoa a voz do padre ao microfone que com toda sua autoridade e sutileza continua seus trabalhos dentro da igreja constru�da por negros que foram escravizados, pouco se importando de ter silenciado uma manifesta��o religiosa e de grande import�ncia para a cidade.
A situa��o se arrasta h� quase um ano e meio. A irmandade parece ser invis�vel em seu pr�prio territ�rio. A omiss�o da igreja com o apoio do mais alto em sua hierarquia na cidade e toda Diocese incomodou a m�dia que assim, ouviu e visibilizou os negros que est�o batendo a porta.
N�o � somente a pandemia que decretou pausa das festividades, mais tamb�m o racismo religioso. Solicitamos aqui uma repara��o hist�rica e refor�amos que n�o seremos coniventes com tamanho abuso de poder.
Libere o acesso da irmandade a igreja Nossa Senhora do Ros�rio dos Pretos, j�!
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