Revitalizada, Igreja da Boa Viagem volta a receber fi�is a partir de s�bado

Duas cores originais descobertas sob sete camadas de tinta aplicadas durante quase um s�culo definem bem a "casa" da padroeira de Belo Horizonte. Ornamentando o interior do Santu�rio Arquidiocesano da Adora��o Perp�tua – Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Regi�o Centro-Sul da capital, est�o o azulado, que remete � ab�bada celeste e � Virgem Maria, e o amarelo ocre no tom do trigo, s�mbolo da Eucaristia.

 

"Nossa igreja � mariana e eucar�stica" afirma, com alegria, o reitor do santu�rio e titular da Par�quia Nossa Senhora da Boa Viagem, padre Marcelo Silva que, amanh� (21) e domingo 22 (veja o servi�o), abre as portas do templo para a comemora��o do t�rmino das obras internas de restaura��o realizadas nos �ltimos oito anos. No domingo, �s 18h, Dia de Cristo Rei, o arcebispo metropolitano de BH e presidente da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, vai celebrar missa festiva.

A data n�o poderia ser mais especial para apresenta��o do restauro � comunidade, afirma padre Marcelo, que esteve � frente do trabalho e tem, na sequ�ncia, a miss�o final: as interven��es na parte externa, come�ando pela torre central, e mais os pr�dios anexos e a pra�a, sem interfer�ncia nas celebra��es religiosas, incluindo os casamentos.

"Em 1937, no Dia de Cristo Rei teve in�cio a adora��o perp�tua no santu�rio, ent�o h� uma tradi��o de 83 anos na cidade. A reabertura da igreja, fechada parcialmente desde janeiro e totalmente desde mar�o devido � pandemia do novo coronav�rus, coincide com data t�o importante para os cat�licos do mundo inteiro", destaca o reitor. O padre lembra que o santu�rio reabre tamb�m para a adora��o ao Sant�ssimo Sacramento – para participar presencialmente dos momentos de ora��o, o fiel deve se inscrever na secretaria paroquial.

Etapas

O trabalho de restauro do santu�rio ocorre em etapas. O telhado, um dos pontos mais importantes para proteger a constru��o e o acervo, j� foi reformado. Duas capelas laterais, que ficam no interior do templo, tamb�m foram restauradas, momento em que a equipe t�cnica envolvida nas obras descobriu as cores originais das paredes, barrados e relevos decorativos do santu�rio. A imagem da padroeira de Belo Horizonte, Nossa Senhora da Boa Viagem, do s�culo 18, tamb�m foi restaurada num per�odo de dois anos e meio. Os servi�os est�o a cargo do Instituto Yara Tupynamb� e nas m�os da restauradora Carla Castro Silva.

Al�m das capelas internas, dedicadas a Nossa Senhora da Boa Viagem e ao Sagrado Cora��o de Jesus, a equipe restaurou o altar principal, o trono do Sant�ssimo Sacramento, a c�pula (torre interna de 36 metros de altura), a nave, o coro, as tribunas localizadas � direita e � esquerda, o calv�rio ( sala interna) e a cripta, onde bispos e arcebispos s�o sepultados, a exemplo do pioneiro na Arquidiocese de BH, dom Ant�nio dos Santos Cabral (1884-1967), dom Jo�o Resende Costa (1910-2007) e do cardeal dom Serafim Fernandes de Ara�jo (1924-2019). Os elementos art�sticos chamam a aten��o, especialmente os vitrais.

 

Os servi�os s�o conduzidos a partir de doa��es de pessoas f�sicas e jur�dicas, por meio da Lei Federal de Incentivo � Cultura, assim como doa��es espont�neas de paroquianos e amigos do Santu�rio Arquidiocesano de Adora��o Perp�tua – Par�quia Nossa Senhora da Boa Viagem e eventos organizados pela comunidade paroquial.

 

Para o reitor, trabalhar na Igreja Boa Viagem significa estar numa escola de espiritualidade e f�. Ele chama a aten��o para a necessidade de se valorizar cada vez mais o patrim�nio. "A Boa Viagem � uma catequese viva e tamb�m evangeliza pela arte. Portanto, n�s, padres, precisamos preservar nossos acervos."

Hist�ria

Inaugurada em 1922 como monumento ao centen�rio da independ�ncia do Brasil, a Igreja Boa Viagem, chamada de catedral provis�ria, tem uma trajet�ria que vai muito al�m de quase um s�culo de funda��o. Padre Marcelo Silva diz que “� preciso lembrar que a hist�ria da capital surgiu com a imagem que estava na capela original, em torno da qual nasceu o arraial, formou-se a vila e cresceu a capital. S�o mais 300 anos”.

 

Ent�o, para entender melhor a hist�ria � preciso voltar no tempo, mais precisamente ao s�culo 18. Em 1709, o portugu�s Francisco Homem del Rey conseguiu autoriza��o da Coroa portuguesa, por meio de cartas de sesmarias, e se estabeleceu na regi�o onde hoje se encontra Belo Horizonte.

 

Segundo as pesquisas, ele trouxe uma imagem da padroeira dos navegantes portugueses, Nossa Senhora da Boa Viagem, que o acompanhou na travessia do Oceano Atl�ntico. Para homenage�-la e proteger a imagem, Francisco ergueu em suas terras uma pequena capela de pau a pique. Como estava na rota dos tropeiros que passavam pela regi�o transportando riquezas do interior do pa�s, a igrejinha recebeu o nome de Nossa Senhora da Boa Viagem e passou a ser conhecida tamb�m como a padroeira dos viajantes.

 

Com o passar dos anos e a enorme devo��o dos fi�is, a capelinha ficou pequena para receber tanta gente e em seu lugar foi constru�da uma igreja maior. Mas, com a constru��o da capital, foi necess�rio erguer um novo templo – o atual Santu�rio Arquidiocesano de Adora��o Perp�tua Nossa Senhora da Boa Viagem.