
Na semana passada, integrantes do congado denunciaram que o grupo seria alvo de preconceito e estaria proibido de entrar nas igrejas de Tiradentes pelo titular da Par�quia de Santo Ant�nio, padre Alisson Andr� Sacramento. Em entrevista ao Estado de Minas, o p�roco informou se tratar "de uma quest�o doutrinal, pois a Escrava Anast�cia n�o � uma santa cat�lica". A pol�mica chegou a tal ponto, que o congado recorreu � Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), presidida pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo.
Na nota divulgada, o bispo diocesano relata que "a meu pedido, os padres Geraldo Magela da Silva, vig�rio geral da diocese, e Alisson Andr� Sacramento, p�roco da Par�quia Santo Ant�nio de Tiradentes, em encontro fraterno com o Sr. Claudinei Matias do Nascimento, conhecido como "Prego", capit�o do Congado, formalizaram convite ao grupo para tomar parte na Festa de Nossa Senhora do Ros�rio, celebrada anualmente, inclusive tendo acesso ao templo. Nesta mesma conversa foi acertado o compromisso, uma vez superadas as restri��es decorrentes da Pandemia, de realizar um trabalho social conjunto".
Veja a nota de esclarecimento na �ntegra:
"A respeito dos fatos ocorridos em 2019, na Par�quia de Santo Ant�nio de Tiradentes, desta Diocese de S�o Jo�o del-Rei, envolvendo o terno de Congado daquela localidade e que vem ganhando ampla divulga��o em ve�culos de comunica��o e nas m�dias sociais, tenho a dizer:
1- A Igreja sempre valorizou a religiosidade popular. O Documento de Aparecida, nos n�meros 258 e 262, diz que: “a religiosidade popular constitui um precioso tesouro da Igreja Cat�lica na Am�rica Latina (…) cabendo a n�s proteg�-la e promov�-la (…) bem como evangeliz�-la e purific�-la”.
2- Em v�rias par�quias de nossa Diocese ocorrem as festas do Reinado com apoio dos padres e tamb�m com meu apoio como bispo diocesano.
3- A Igreja recha�a toda e qualquer forma de discrimina��o e reafirma sua posi��o de promo��o da dignidade da pessoa humana. Reconhece tamb�m que a escravid�o foi uma p�gina vergonhosa de nossa hist�ria e que ainda h� um preconceito racial estrutural em nosso pa�s.
4- Lembro que no Jubileu do Ano 2000, S�o Jo�o Paulo II pediu perd�o pelos pecados cometidos pelos filhos da Igreja ao longo da hist�ria, dentre eles a escravid�o.
5- A respeito do caso espec�fico veiculado pelas m�dias, cumpre-me dizer que n�o � nossa inten��o afastar, nem mesmo privar ningu�m do acesso � Igreja, mas garantir que as manifesta��es de religiosidade popular estejam em sintonia com a f� crist�.
6- A meu pedido, os Padres Geraldo Magela da Silva, Vig�rio Geral da Diocese, e Alisson Andr� Sacramento, P�roco da Par�quia de Santo Ant�nio de Tiradentes, em encontro fraterno com o Sr. Claudinei Matias do Nascimento, conhecido como “Prego”, capit�o do Congado, formalizaram convite ao grupo para tomar parte na Festa de Nossa Senhora do Ros�rio, celebrada anualmente, inclusive tendo acesso ao templo. Nesta mesma conversa foi acertado o compromisso, uma vez superadas as restri��es decorrentes da Pandemia, de realizar um trabalho social conjunto.
7- A Igreja, ciente de sua responsabilidade, nunca se furtar� de zelar pelo ensino da s� doutrina e pela fidelidade do culto � f� cat�lica.
8- Lembro ainda que � responsabilidade do P�roco zelar para que n�o aconte�am no interior dos templos e nos demais espa�os da par�quia, eventos contr�rios e alheios � f� cat�lica e que firam o sentimento religioso de nosso povo.
Sem mais, renovo meu apre�o pelas manifesta��es de religiosidade popular presentes em nossa Diocese. J� tive oportunidade de manifestar, presencialmente, meu apoio a algumas delas, como por exemplo, participando do Jubileu do Divino Esp�rito Santo, no Santu�rio do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em S�o Jo�o del-Rei. E ainda, recentemente, atrav�s de mensagem enviada ao terno de Congado da cidade de Piedade do Rio Grande que promove uma festa tradicional e centen�ria.
Em Cristo!"
Dom Jos� Eudes Campos do Nascimento
Bispo Diocesano