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Estado de Minas TEMPORAIS

Chuva em BH: deslizamentos e inunda��es amea�am ao menos 10,8 mil pessoas

Levantamento da PBH aponta 1.100 moradias sob perigo geol�gico e 98 pontos de alagamento; moradores temem novos desastres e cobram a��es do poder p�blico


11/01/2021 04:00 - atualizado 11/01/2021 07:40

Vila Bernadete, no Barreiro: sete pessoas morreram, nove casas foram destruídas e 50 famílias foram removidas do local durante as chuvas do último verão(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Vila Bernadete, no Barreiro: sete pessoas morreram, nove casas foram destru�das e 50 fam�lias foram removidas do local durante as chuvas do �ltimo ver�o (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


Ao menos 10,8 mil pessoas em Belo Horizonte enfrentar�o este per�odo chuvoso sob risco de perder a vida, o teto ou o patrim�nio. O grupo habita as mais de 2,7 mil resid�ncias situadas em �reas de perigo geol�gico e pontos sujeitos a alagamento na capital, mapeados pela Companhia Urbanizadora e de Habita��o de Belo Horizonte (Urbel) e pela Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), �rg�os ligados � prefeitura.

Em muitas dessas localidades, os moradores temem novas trag�dias, vivem em constante estado de alerta e se queixam de descaso do poder p�blico, j� que ainda convivem com os rastros de destrui��o em janeiro de 2020.

Deslizamentos

Nas �reas de risco geol�gico – ou seja, amea�adas por escorregamentos de terra, eros�o, solapamento de margens e fen�menos afins – a Urbel estima haver ao menos 1.100 resid�ncias classificadas como de alto risco, localizadas em 218 vilas, favelas e conjuntos habitacionais. O n�mero estimado de moradores afetados � de, no m�nimo, 3 mil.

A diretora de �reas de Risco e Assist�ncia T�cnica na Urbel, Isabel Volponi, explica que os dados s�o parciais, j� que o diagn�stico da situa��o de risco geol�gico da capital, realizado com periodicidade m�dia de dois anos pela prefeitura, ainda est� em fase de atualiza��o.

“Diversas ocupa��es recentes, por exemplo, ainda n�o foram contabilizadas nesse levantamento. Ele tamb�m exclui regi�es que, at� a chuva hist�rica do ano passado, eram consideradas seguras, mas tiveram as condi��es do solo alteradas e se tornaram �reas de risco. Ainda n�o conseguimos fechar um novo balan�o por causa dos temporais de janeiro de 2020, que geraram muitas demandas emergenciais, como realoca��o de fam�lias, concess�o de bolsa aluguel, entre outras do g�nero. Nossos esfor�os, por enquanto, ainda est�o concentrados nessas quest�es e na gest�o do risco para este per�odo chuvoso. Acredito que, ao longo de 2021, poderemos nos dedicar ao novo diagn�stico”, pondera a dirigente.

As �reas de risco geol�gico est�o espalhadas pelas chamadas Zonas de Especial Interesse Social, catalogadas pela Urbel, cuja �ltima atualiza��o � de 17 de setembro do ano passado. A lista inclui 192 aglomerados e 26 conjuntos habitacionais. A regi�o com a maior lista de pontos de aten��o � a Oeste (37), seguida pelo Barreiro (30), Leste (23), Pampulha (22), Venda Nova (21), Centro-Sul (21), Nordeste (20), Noroeste (17) e Norte (18).

Uma das novidades da lista � a Vila Bernadete, no Barreiro. Sete pessoas morreram, nove casas foram destru�das e 50 fam�lias foram removidas do local durante as chuvas do �ltimo ver�o, conforme dados da Defesa Civil. O bairro, at� ent�o, n�o era considerado como �rea de deslizamento pelo munic�pio.

Isabel Volponi esclarece que a localidade era classificada como de risco m�dio, situa��o que mudou ap�s a a��o de um grupo de moradores. “Naquela regi�o que deslizou, as pessoas cortaram uma encosta para construir casas com fossas. Esse fator, associado � chuva forte, fez com que o risco ali evolu�sse”, afirma a diretora.

Marcados por d�cadas de trag�dias decorrentes das chuvas, os aglomerados da Serra, na Regi�o Centro-Sul, Taquaril, na Leste, seguem na rela��o das mais perigosas. Apesar de expressivo, o n�mero de constru��es vulner�veis do levantamento atual � menor em rela��o ao estudo de 2016, quando a PBH encontrou 1501 casas em situa��o de alto risco.

Indunda��es

A Sudecap contabiliza 98 �reas sujeitas a alagamento em  Belo Horizonte. A regi�o mais castigada pelas enchentes � a de Venda Nova, com 20 pontos, incluindo a Avenida Vilarinho. Em seguida, vem a Pampulha, com 14 gargalos – em grande parte concentrados em torno dos c�rregos Mergulh�o e Engenho Nogueira. No Barreiro e Norte, h� 13 pontos. A lista segue com as regi�es Oeste (11), Nordeste (10), Noroeste (7), Leste (7) e Centro-Sul (3).

Os locais est�o mapeados nas chamadas cartas de inunda��es, documentos em que o tra�ado das ruas � sobreposto ao dos c�rregos que cortam a capital, permitindo melhor identifica��o de situa��es cr�ticas.

O total de pessoas afetadas tanto pelas inunda��es, como pelos deslizamentos � de 10,8 mil pessoas, abrigadas em 2.715 domic�lios. A PBH n�o soube precisar a popula��o atingida exclusivamente pelos alagamentos e enxurradas, uma vez que algumas regi�es oferecem risco duplo.

“Ningu�m dorme”

Edson Rosa, de 48 anos, descreve cotidiano de catástrofes e cobra atenção da prefeitura à comunidade local(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Edson Rosa, de 48 anos, descreve cotidiano de cat�strofes e cobra aten��o da prefeitura � comunidade local (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Ao longo de 2020, a Defesa Civil informou ter realizado 5 mil vistorias em �reas de risco, nas quais providenciou a remo��o preventiva de 800 fam�lias em toda a cidade. Desde 2017, in�cio do primeiro mandato do prefeito Alexandre Kalil (PSD), a Urbel contabiliza 443 remo��es definitivas de �reas cr�ticas. O total est� aqu�m da proposta feita em 2016 pelo ent�o candidato � PBH. “Tem que retirar 2 mil fam�lias em zona de risco. Na pr�tica, tem que correr na Defesa Civil e na Prefeitura para que essa cat�strofe que se tornou rotina na vida do pessoal de BH passe a ser exce��o”, disse o pol�tico na ocasi�o.

Morador da Vila Bernadete, no Barreiro, Edson Rosa, de 48 anos,  descreve seu cotidiano de cat�strofes e cobra aten��o da prefeitura � comunidade local. Ele mora na Rua Treze, ao lado de uma das nove resid�ncias que desabaram na Vila durante as chuvas de janeiro de 2020. O zelador conta que, na �poca, a Defesa Civil avaliou que seu im�vel, cercado de encostas �ngremes, n�o corria risco de desabar. Mas ele n�o se sente seguro. “Aqui, ningu�m dorme. Qualquer barulhinho, a gente acorda assustado. Come�ou a chover, a gente fica de sentinela e desce para a casa do meu irm�o”, relata o trabalhador, que vive com a esposa e dois filhos em meio �s ru�nas provocadas pelos temporais do �ltimo ver�o.

Ele se queixa de que a PBH deixou os reparos dos estragos provocados pelas �ltimas enchentes na regi�o pela metade. “Em um ano, eles s� vieram aqui para tirar os entulhos das casas que ca�ram e chegaram a fazer uns furos para sondagem do terreno. Falaram que, depois disso, iam finalizar as obras. Mas, at� hoje, nada. Est� desse jeito a� que voc�s est�o vendo”, reclamou.

Vizinho de Edson, o motorista de aplicativo Walace Marlom, de 28, diz que teve a resid�ncia condenada e, hoje, recebe bolsa aluguel no valor de R$ 500 da prefeitura. O jovem teme que a quantia, em breve, seja insuficiente para cobrir a loca��o, j� que os alugu�is v�m sofrendo reajuste no lugarejo.

A falta de recursos para arcar com a moradia, ali�s, foi o que trouxe a servidora Maria Ant�nia, de 51, de volta � sua antiga casa na Vila Bernadete, que fica bem pr�xima aos im�veis que ru�ram. “Fiquei com medo e me mudei. Quando foi l� para outubro/novembro, voltei, pois vi que a prefeitura estava fazendo obras por aqui, e eu estava pagando aluguel do meu bolso. S� que eles come�aram e pararam. Agora, estou com medo de novo. Quando chove, a gente fica de olho”, diz a funcion�ria p�blica.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


"Prontamente atendidas"

Procurada pelo Estado de Minas, a Urbel informou que todas as fam�lias afetadas pelas chuvas na Vila Bernadete e que tiveram que deixar as resid�ncias foram prontamente atendidas e assistidas pelos programas Bolsa Moradia e Aux�lio Pecuni�rio.

O �rg�o tamb�m afirmou que realizou a limpeza do local, com remo��o dos entulhos e escombros. Al�m disso, teria implantado na regi�o drenagem pluvial paliativa e provis�ria para evitar o escoamento da �gua ao longo da encosta atingida pelas chuvas e, assim, mitigar a degrada��o dos terrenos. Outra provid�ncia informada foi a instala��o de um anteparo na base do aclive para reter os sedimentos, evitando que os eles escoem e comprometam a via.

A PBH argumentou, por fim, que a interven��o de estabiliza��o da encosta ao longo da Vila Bernadete demanda por obras de grande porte e de alta complexidade. ”Os projetos e estudos j� realizados indicam a instaura��o de uma �rea verde com replantio para evitar a reocupa��o da �rea, que se mostrou bastante inst�vel. Essa defini��o deve sair num prazo entre 60 e 90 dias, para que, ao final do per�odo chuvoso, seja poss�vel iniciar as a��es necess�rias”, diz a nota enviada � reportagem.

Questionado sobre as a��es planejadas para garantir a seguran�a dos moradores de �reas de instabilidade neste per�odo chuvoso, o munic�pio citou a realiza��o de 80 obras de pequeno e m�dio porte de mitiga��o de risco geol�gico em toda a cidade de abril de 2020 at� o momento. Outra provid�ncia mencionada foi a intensifica��o da emiss�o de alertas e do trabalho de conscientiza��o dos moradores de pontos de risco geol�gico e de inunda��o.

Semana come�a com pancadas de chuva

As chuvas continuam! A Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu um novo alerta para a possibilidade de chuva (30 a 50 mm) com raios e rajadas de vento em torno de 50 km/h. O alerta � v�lido at� 8h de hoje. A previs�o � c�u nublado com pancadas de chuva e trovoadas isoladas para esta segunda-feira. As temperaturas devem permanecer est�veis com a m�xima de 28ºC e a m�nima 19°C.  A tend�ncia � que a possibilidade de chuvas diminua at� ter�a-feira, mas que volte a intensificar na quarta-feira.

A cidade de Belo Horizonte registrou em oito dias do m�s janeiro de 2021 um acumulado de precipita��o de 194,2 mm, a m�dia climatol�gica para janeiro � de 329,1 mm, portanto, j� choveu 59% do esperado para o m�s. Vale ressaltar que a esta��o de refer�ncia, tanto para a climatologia mensal quanto para o percentual acumulado, � a esta��o climatol�gica principal situada no Bairro Santo Agostinho, na Regi�o Centro-Sul.

A previs�o para outras regi�es de minas n�o � muito diferente. Hoje, o c�u deve ficar nublado a encoberto com pancadas de chuva e trovoadas isoladas no Tri�ngulo Mineiro/Alto Parana�ba, Oeste e Sul/Sudoeste. No Noroeste, Central Mineira e Metropolitana, o dia deve ser nublado com pancadas de chuva e trovoadas isoladas. Demais regi�es, parcialmente nublado a nublado com pancadas de chuva e trovoadas isoladas. As temperaturas devem ter um pequeno decl�nio: a m�xima deve ser 35ºC e a m�nima 14°C.

Para amanh�, a previs�o � de c�u parcialmente nublado a nublado com pancadas de chuva e trovoadas isoladas no Noroeste, Central Mineira, Oeste e Sul/Sudoeste. Demais regi�es c�u parcialmente nublado. "Haver� uma redu��o da possibilidade de chuva em todo o estado, incluindo a regi�o metropolitana. Mas isso dura pouco", apontou a meteorologista do Inmet Anete Fernandes. Isso porque j� na quarta-feira persiste a instabilidade, com chuvas frequentes, e pancadas no fim de tarde.

Ela explica que este ano deve ocorrer o "veranico" – um fen�meno meteorol�gico comum nas regi�es meridionais do Brasil. Consiste em um per�odo de estiagem, acompanhado por calor intenso, forte insola��o e baixa umidade relativa em plena esta��o chuvosa ou em pleno inverno. "Sendo assim, pode chover acima da m�dia. Mas n�o deve ocorrer como no ano passado em Belo Horizonte", acrescentou.


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