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Estado de Minas COVID-19

Conhe�a os guerreiros da ci�ncia em Minas que trabalham por vacinas

Dedica��o, amor pelo conhecimento cient�fico e muito estudo formam o arsenal de pesquisadores empenhados na luta contra a COVID-19 em Minas Gerais


17/01/2021 06:00 - atualizado 17/01/2021 19:10

Santuza Ribeiro, professora do ICB/UFMG e integrante do CT Vacinas, destaca o preparo das universidades(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Santuza Ribeiro, professora do ICB/UFMG e integrante do CT Vacinas, destaca o preparo das universidades (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Na guerra mundial contra o novo coronav�rus, vem da ci�ncia a principal arma, a vacina, e tamb�m todo um esfor�o para desvendar os mecanismos da COVID-19 e brecar, o quanto antes, os estragos que a doen�a vem fazendo na sa�de, nas rela��es sociais, na economia, enfim, na pr�pria vida.

Em Minas Gerais, cientistas travam essa  bata lha em parceria com o Instituto Butantan, a Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O Estado de Minas entrevistou esses guerreiros da imuniza��o, especialistas de reconhecimento internacional, com publica��es nas melhores revistas cient�ficas globais, que trabalham para garantir a vacina produzida no Brasil.

A ci�ncia � a ferramenta que a humanidade disp�e para entender o universo e responder �s perguntas feitas desde os prim�rdios da humanidade. Conhecimento adquirido em anos de estudos � transformado em solu��es para problemas da sociedade. O maior atualmente, a COVID-19. Sem descanso, cada um vem trabalhando para devolver o sossego � popula��o, que clama por um abra�o, um beijo ou um aperto de m�o seguro.

Em Minas Gerais, a terra do ouro, mesmo sem tantos recursos, pesquisadores mergulham na empreitada e refor�am as esperan�as de encontros em torno da mesa de caf� e p�o de queijo, postos de lado diante da necessidade de isolamento social.

"Essa quest�o da COVID mostrou que as nossas universidades vinham se preparando muito bem"

Santuza Maria Ribeiro Teixeira, professora do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas, integrante do CT Vacinas, da UFMG


Esperan�a que vem do tempo doado pela professora Santuza, do amor de Mauro, com tanta entrega, da coragem de Ricardo, das noite em claro de Fl�vio, que n�o recua, do talento de L�sia. Firmes na ci�ncia – seja bem-vinda, vacina! –, os especialistas na microbiologia d�o show de hero�smo.
 

Paix�o vence barreiras

Mineira e belo-horizontina, Santuza Maria Ribeiro Teixeira � professora do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas, integra o Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas), n�cleo da UFMG com especialistas de v�rias �reas que se juntaram para tentar acelerar o processo de desenvolvimento de imunizantes.

Em mar�o do ano passado, com a chegada da pandemia no Brasil, o centro tecnol�gico come�ou a investir 100% na vacina de COVID-19. Desde ent�o, uma equipe de cerca de 30 pessoas se dedica diariamente ao tema, sem f�rias ou descanso. Movidos pela paix�o e pelo compromisso com a ci�ncia.

Por l�, o estudo mais promissor est� em fase de conclus�o dos ensaios pr�-cl�nicos, feitos em camundongos. A expectativa � que no in�cio de fevereiro saiam os primeiros resultados. Se forem positivos, ser� a vez dos testes em humanos.

Santuza se formou em biologia. Logo em seguida, fez mestrado na �rea de engenharia gen�tica e foi bolsista no doutorado que concluiu na Su��a. E n�o parou. Depois do p�s-doutorado, ela montou seu laborat�rio. O longo processo de amadurecimento cient�fico n�o fica apenas no curr�culo.

"Temos consci�ncia de como assumimos protagonismo no estudo da vacina brasileira"

Fl�vio Guimar�es da Fonseca, presidente da Associa��o Brasileira de Virologia, pesquisador do CT Vacinas


� na UFMG que ela repassa seus conhecimentos e incentiva novos alunos a buscar conhecimento dentro e fora do pa�s. “O Brasil pode ter a dificuldade que for, mas se voc� se isolar, voc� perde o bonde. E o bonde passa muito r�pido, as metodologias avan�am em alta velocidade”, alerta a professora.

Para Santuza, a COVID-19 escancarou a necessidade de olhar para a ci�ncia. “Voc� nunca sabe quando vai precisar mobilizar todos os cientistas. Essa quest�o da COVID mostrou que de fato as nossas universidades vinham se preparando muito bem. Mesmo com poucos recursos, a gente vem se preparando. Mesmo com os investimentos baixos, a resposta foi espetacular. Esse papel da universidade � muito al�m de dar diploma para as pessoas”, disse.
Presidente da Associação Brasileira de Virologia, Flávio da Fonseca defende o investimento na pesquisa e desenvolvimento(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Presidente da Associa��o Brasileira de Virologia, Fl�vio da Fonseca defende o investimento na pesquisa e desenvolvimento (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Sem esperar reconhecimento ou aplausos, a cientista diz que a comunidade acad�mica s� busca fazer um trabalho bem-feito. “Ser cientista significa que voc� est� disposto a abdicar de uma parte maior da sua vida pessoal por conta da ci�ncia. Especialmente na nossa �rea � muito imprevis�vel. N�o tem como falar com camundongo pra ficar quietinho porque hoje � s�bado. Precisa ter disponibilidade, significa estar disposto a lidar com a novidade. A pior coisa que o cientista faz � dizer ‘eu quero esse resultado’. Quem vai dizer a resposta � o experimento. � uma atividade muito prazerosa”, explica.

Santuza aponta percal�os no caminho de pesquisadores brasileiros. “Sou muito apaixonada, pode ser at� um pouco exagerado. Mas percebi um desencanto dos alunos nos �ltimos anos. As pessoas buscavam essa profiss�o sem saber se iam conseguir se inserir no mercado de trabalho. Cad� a empresa Biotech no Brasil? N�o existe. Por um lado, comecei a ver com muita tristeza meus alunos desanimados. Fazem uma tese e n�o conseguem emprego”, lamenta a professora.

“O desafio do controle da pandemia teve esse impacto positivo que � mostrar para as pessoas que sem ci�ncia n�o h� humanidade. Temos que ter o tempo todo a preocupa��o de nos preparar e buscar solu��es.”

Defensor do investimento

A aptid�o pela biologia se revelou na �poca de escola na vida de Fl�vio Guimar�es da Fonseca, presidente da Associa��o Brasileira de Virologia, pesquisador do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas), que tamb�m integra a Rede V�rus, n�cleo criado pelo governo federal para o combate � COVID-19.

Quando entrou na UFMG, come�ou a trabalhar com passarinho, mas, ao aparecer oportunidade de est�gio em microbiologia, ele se prontificou. Com a professora Erna Kroon, se encontrou na �rea. Foi Erna quem moldou a forma��o de Fl�vio, que depois fez mestrado e doutorado em virologia, sob orienta��o dela.

"As pessoas que negam est�o usufruindo de uma vida de conforto proporcionado pela ci�ncia"

Ricardo Tostes Gazzinelli, infectologista, professor e coordenador do CT Vacinas da UFMG, l�der do Grupo de Imunopatologia da Fiocruz Minas e coordenador do Instituto Nacional de Ci�ncia e Tecnologia em Vacinas (INCTV)


De 2003 a 2016, trabalhou na Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), teve a oportunidade de atuar na Universidade de S�o Paulo (USP), mas recusou porque n�o quis deixar Minas Gerais. Nascido em S�o Jo�o del-Rei, hoje ele se dedica a pesquisas na UFMG.

No campo de combate ao novo coronav�rus, conta, o grupo CT Vacinas n�o se limita � investida para a produ��o da vacina da universidade mineira. O centro tecnol�gico participa de discuss�es t�cnicas nacionais sobre a pandemia e d� apoio ao diagn�stico da COVID-19.
O infectologista Ricardo Tostes Gazzineli questiona os negacionistas, que usufruem de uma vida de conforto proporcionado pela ciência (foto: Marcos Vieira/EM/D.A. PRESS)
O infectologista Ricardo Tostes Gazzineli questiona os negacionistas, que usufruem de uma vida de conforto proporcionado pela ci�ncia (foto: Marcos Vieira/EM/D.A. PRESS)

“A gente tem consci�ncia do papel central do grupo de laborat�rios que a UFMG montou a partir de comiss�es de enfrentamento � COVID-19. Na parte biol�gica, foram sete laborat�rios que se uniram para dar suporte de diagn�stico. Existe essa condi��o pragm�tica, e al�m disso assumimos protagonismo no estudo da vacina brasileira”, diz Fl�vio.

O pesquisador sabe da import�ncia do grupo a n�vel global, mas afirma que n�o se apega ao prest�gio. Afinal, tudo � resultado de estudo e dedica��o. “Muitos de n�s fazemos sem esperar reconhecimento. Isso � fruto inclusive do pouco investimento em ci�ncia no Brasil. A gente n�o tem a figura cientista ‘popstar’ como em outros pa�ses, por exemplo”, explica Fl�vio.

“A gente tem dificuldade terr�vel de separar a paix�o da profiss�o. E quando a gente mistura isso, a gente trabalha o tempo todo. � um problema. Como diria o mineiro, � uma cacha�a. A gente respira ci�ncia”, revela.
Um dos 600 pesquisadores brasileiros mais influentes no mundo,o professor Mauro Martins Teixeira, da UFMG, ressalta a alta qualidade das pesquisas vacinais (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 31/7/20)
Um dos 600 pesquisadores brasileiros mais influentes no mundo,o professor Mauro Martins Teixeira, da UFMG, ressalta a alta qualidade das pesquisas vacinais (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 31/7/20)

A rotina exaustiva em busca de solu��es para o problema que assola a sociedade mundialmente esbarra na limita��o de recursos financeiros. “�s vezes, domingo � noite estamos discutindo um artigo que saiu. � uma curiosidade e um desafio constantes em busca de resposta. O que mata o pesquisador � n�o ter resposta. E � muito dif�cil ser cientista no Brasil. Em raz�o da emerg�ncia sanit�ria que a gente vive, houve investimento em termos de recursos financeiros que poucos de n�s tiveram oportunidade de ver. Nunca tinha visto tanto investimento em t�o pouco tempo. Ainda assim, se voc� comparar com outros pa�ses, tem no��o do tamanho do abismo. Ci�ncia n�o tem segredo: voc� tem que pagar. N�o � gasto, � investimento”, acredita Fl�vio.

Negacionismo na sociedade

Outro problema � o negacionismo de parte da popula��o que n�o acredita no poder dos estudos cient�ficos. Aos negacionistas, ele deixa um recado: olhe ao redor. “Tudo que voc� v� ao redor � fruto de desenvolvimento cient�fico. O concreto, o telefone, tudo. O problema � que as pessoas pararam de dar valor �s coisas como se elas existissem sem a inven��o. A inven��o � fruto da ci�ncia”, exemplifica o pesquisador que se incomoda com esses movimentos.

"A ideia � que atrav�s dessa parceria tenhamos acesso a resultados importantes"

Mauro Martins Teixeira, investigador principal e coordenador-chefe dos estudos das vacinas da dengue e CoronaVac na UFMG


“Isso me irrita, machuca. N�o conhe�o um cientista brasileiro e rico. Somos apaixonados. Atinge o seu �mago, � dif�cil de engolir. E sabemos que para uma vacina funcionar tem que ter um impacto massivo. Ent�o, tor�o para que a nega��o n�o se sustente a longo prazo.”

Estudante para sempre

As ra�zes na universidade fazem Ricardo Tostes Gazzinelli ter um curr�culo extenso e que imp�e respeito: infectologista, professor e atual coordenador do CT Vacinas da UFMG, l�der do Grupo de Imunopatologia da Fiocruz Minas e coordenador do Instituto Nacional de Ci�ncia e Tecnologia em Vacinas (INCTV). Tamb�m membro da Academia Brasileira de Ci�ncias, Gazzinelli estuda o desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronav�rus (Sars-CoV-2) com base numa t�cnica que utiliza o v�rus da influenza para gerar resposta imunol�gica contra o novo coronav�rus.

Gazzinelli nasceu em Nova York, mas vive em Belo Horizonte desde os 4 anos. Seus pais, mineiros, tamb�m eram professores da UFMG. Ele conta que se formou em veterin�ria e fez doutorado e p�s-doutorado em imunologia.

“Sempre gostei muito de estudar imunologia, como o organismo se defende de agentes infecciosos ou o sistema imune acaba causando doen�as, como quest�es da autoimunidade.” Foi a partir da� que se interessou muito pelo desenvolvimento de vacinas e come�ou a trabalhar nessa �rea. “O desenvolvimento de vacinas � o foco principal do laborat�rio. J� tem uns 20 anos que trabalho com isso”.
Lisia Maria Esper, pesquisadora da UFMG e participante da coordenação do ensaio da CoronaVac, critica o governo pela falta de apoio à ciência (foto: Marcos Vieira/EM/D.A. PRESS)
Lisia Maria Esper, pesquisadora da UFMG e participante da coordena��o do ensaio da CoronaVac, critica o governo pela falta de apoio � ci�ncia (foto: Marcos Vieira/EM/D.A. PRESS)

Ele � dono de vasta experi�ncia, que o coloca hoje entre as mais importantes lideran�as na �rea de imunologia de doen�as e no desenvolvimento de vacinas no Brasil. O pesquisador contribui ainda nos planos nacionais e internacionais do contexto imunol�gico. Para ele, a ci�ncia � uma atividade que estuda diversos aspectos, faz pesquisas b�sicas e, a partir desse conhecimento, tenta desenvolver novas tecnologias.

Inova��o tecnol�gica para a sociedade

Assim, o cientista tem o desafio intelectual de desenvolver coisas novas e manter os estudos para sempre. “Mas tamb�m tem um papel importante na forma��o de pessoal e para gerar inova��o tecnol�gica para a sociedade.”

Apesar disso, Gazzinelli acredita que os cientistas s�o desvalorizados no Brasil e se decepciona com os negacionistas. Para ele, s�o pessoas que n�o percebem que est�o indo contra tudo que tenha tecnologia avan�ada. “Hoje vivemos uma vida com muito conforto e com muitas possibilidades, n�o s� na �rea de sa�de, mas na de tecnologia. Tudo isso veio da ci�ncia. As pessoas que negam, mesmo que neguem est�o usufruindo disso tudo. N�o � poss�vel que elas n�o percebam isso”, finaliza, inconformado.

Lideran�a e influ�ncia

O  professor Mauro Martins Teixeira � o investigador principal e coordenador-chefe dos estudos das vacinas da dengue e CoronaVac na UFMG. Ele � um dos 600 pesquisadores brasileiros mais influentes do mundo, segundo o ranking mundial de cientistas feito pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

"Temos um governo que n�o apoia a ci�ncia, ag�ncias de fomento que prometem verba e n�o � liberada"

Lisia Maria Esper, pesquisadora da UFMG, participa da coordena��o do ensaio cl�nico na fase 3 da vacina da COVID-19 produzida pela Sinovac em parceria com o Butantan


Teixeira � formado em medicina pela UFMG e fez doutorado em imunofarmacologia pela Universidade de Londres. � professor titular do Departamento de Bioqu�mica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais, membro da Academia Brasileira de Ci�ncias, da Ordem Nacional do M�rito Cient�fico e Tecnol�gico e da Academia Mundial de Ci�ncias. Al�m disso, faz parte do corpo editorial de revistas cient�ficas e do British Journal of Pharmacology.

Atualmente, Mauro coordena a pesquisa cl�nica dos testes de efic�cia da CoronaVac, pela UFMG. “A gente coordena os testes e a efic�cia para saber se a vacina tem efic�cia em seres humanos quando acompanhada com os preceitos de boas pr�ticas cl�nicas. S�o quase 50 pessoas envolvidas no estudo, entre alunos, p�s-doutores e m�dicos.”

A Coronavac

A parceria com o Instituto Butantan come�ou com o desenvolvimento da vacina contra a dengue, do qual Teixeira tamb�m � o coordenador-chefe. “Estamos no quarto ano de estudo. Para desenvolver uma vacina � preciso uma empresa, no caso o Butantan. A UFMG entra interessada na parte dos ensaios cl�nicos, uma parceria cient�fica mesmo”, explica.

Ele conta que, no in�cio da pandemia, o instituto entrou em contato com ele para saber se a UFMG teria interesse em participar do estudo, que come�ou em maio. “Num primeiro momento, as empresas que testaram vacinas foram as americanas Pfizer e Moderna. Assim que surgiu a chinesa, o Butantan fez um acordo com a Sinovac e entramos para participar dos testes”.
Ele explica a din�mica dos testes cl�nicos conduzidos na UFMG: “Vacinamos metade dos indiv�duos e acompanhamos se eles v�o ter a infec��o, colhemos amostras. Vemos esses volunt�rios, no m�nimo, oito vezes do in�cio ao final do estudo. S�o em torno de 1.100 volunt�rios”.

A parceria solidifica o trabalho da equipe. “Temos um grupo que faz pesquisa vacinal de alta qualidade, com boas normas cl�nicas. Voc� demora a treinar uma equipe, � complicado. A coisa mais importante � o aprendizado. A ideia � que atrav�s dessa parceria tenhamos acesso a resultados importantes.”

Sobre o pilar da voca��o

Lisia Maria Esper � pesquisadora da UFMG e coordena os estudos de desenvolvimento da vacina da dengue em parceria com o Instituto Butantan desde 2016. Essa vacina j� est� em fase de testes em humanos. Em 2020, surgiu o convite para participar da coordena��o do ensaio cl�nico na fase 3 da vacina da COVID-19 produzida pela Sinovac, tamb�m em parceria com o Butantan. Ela divide o posto com o professor Mauro Teixeira e outras tr�s pesquisadoras.

A pesquisadora explica que o �ltimo volunt�rio para a vacina da dengue recebeu a dose do imunizante em fevereiro de 2019 e, agora, todo o grupo ser� acompanhado at� 2024, para saber se os participantes ter�o alguma rea��o ao imunizante. “No caso da COVID-19, o processo foi acelerado porque estamos no meio de uma pandemia e o mundo inteiro est� correndo atr�s de uma vacina”, salienta. Nesta fase, o trabalho consiste em acompanhar os volunt�rios.

“Fazemos coleta de sangue e o exame PCR para ver a resposta da vacina, verificar realmente a sua efic�cia. Ningu�m sabe ainda se vai funcionar com uma dose, duas doses ou por quanto tempo o efeito dessa vacina perrmanecer� no organismo. Por isso, temos que ter um acompanhamento dos volunt�rios ao longo dos anos”, esclarece.

"Mineira de cora��o"

Lisia nasceu em Altin�polis, cidade de 16 mil habitantes no interior de S�o Paulo, perto de Ribeir�o Preto, mas se considera mineira. “Sou muito mais mineira do que paulista, uai. Sou mineira de cora��o.” Ela mora em BH desde 2008, quando retornou dos Estados Unidos para fazer seu mestrado. Formada em biomedicina, Lisia se especializou em biologia celular, molecular e imunologia. Foi pesquisadora assistente no laborat�rio de imunologia da Duke University, de 2004 a 2006.

O grupo do qual fazia parte foi convidado para desenvolver um trabalho no laborat�rio de imunologia molecular do Cincinnati Children's Hospital, de 2006 a 2008. Foi quando decidiu voltar ao Brasil para ficar perto da m�e, que estava doente. “Tamb�m queria um centro de excel�ncia para fazer meu mestrado e doutorado e escolhi a UFMG. Optei por voltar e estou aqui at� hoje, n�o quero sair nunca mais.”

A cientista fez as duas especializa��es na Faculdade de Medicina da UFMG, pelo Departamento de Cl�nica M�dica, com �nfase em infectologia e medicina tropical. Em seguida, fez o p�s-doutorado no Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB) com o professor Mauro Teixeira. “Minha vida inteira eu trabalhei com doen�a de Chagas (mestrado e doutorado), mas o professor Mauro me chamou para trabalhar com pesquisa cl�nica, em 2017. Foi quando descobri minha paix�o, realmente onde me encontrei e � o que amo fazer.”

Para L�sia, ser cientista no Brasil � uma voca��o. “Descobrir um pouco mais sobre doen�as, medicamentos, para conseguir melhorar, nem que seja um pouquinho, a condi��o de vida das pessoas. � uma honra muito grande ser cientista. Temos muitos bons cientistas no nosso pa�s. Infelizmente, temos um governo que n�o os valoriza. Mas somos excel�ncia em pesquisa, os pesquisadores brasileiros est�o, sem d�vida, entre os melhores do mundo”.

A pesquisadora aponta a falta de apoio governamental como uma das principais dificuldades para o avan�o das pesquisas e do trabalho desenvolvido por eles. “Temos um governo que n�o apoia a ci�ncia, ag�ncias de fomento que, muitas vezes, prometem a verba e ela n�o � liberada. Tem dinheiro para tudo neste pa�s, coisas que �s vezes nem precisam ter. Mas para sa�de, educa��o, pesquisa, infelizmente, n�o tem dinheiro. E, mesmo assim, com tudo isso, a gente ainda faz. E consegue dar banho em muita pot�ncia mundial, sem dinheiro, sem nada.”

*Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho


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