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Estado de Minas PANDEMIA

Idosos cobram agilidade na 'fila' da vacina��o em Minas: 'Tudo atrasado!'

Minas Gerais ainda n�o tem previs�o para imunizar grupo fora dos asilos; Outros estados j� avan�aram na campanha


31/01/2021 04:00 - atualizado 01/02/2021 11:39

Elizabeth Rennó não acompanhou os primeiros passos da bisneta, que nasceu pouco antes da pandemia(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Elizabeth Renn� n�o acompanhou os primeiros passos da bisneta, que nasceu pouco antes da pandemia (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Vicente de Paula Gabrich, de 90 anos, passou o Natal longe dos filhos e h� 11 meses s� os v� da janela de casa. Elizabeth Fernandes Renn�, da mesma idade, n�o acompanhou os primeiros passos da bisneta, que nasceu pouco antes da pandemia de COVID-19. Joversino Em�lio de P�dua, de 97, n�o toma sua sagrada cerveja na praia h� um ano e meio. Retirados do grupo priorit�rio da primeira fase do Plano Nacional de Imuniza��o (PNI), idosos mineiros fora dos asilos aguardam, ansiosos, pela sua vez na longa “fila” da vacina��o contra COVID-19.

A campanha, por ora, contempla apenas os maiores de 60 anos em casas de repouso, ao lado de profissionais de sa�de, ind�genas e pessoas com defici�ncia internadas. O Minist�rio da Sa�de deixou o encaixe das demais faixas da terceira idade a cargo dos estados e munic�pios. Em Minas e Belo Horizonte, ainda n�o h� datas definidas ou previs�o para atender a esses grupos, enquanto outras localidades largaram na frente.

Na capital carioca, a prote��o de idosos acima de 99 anos come�a na segunda-feira. A prefeitura estima que, at� o fim de fevereiro, todo o p�blico com mais de 80 anos estar� vacinado. No Recife (PE), a imuniza��o da popula��o com mais de 85 teve in�cio na �ltima quarta (27/1).

Em ritmo de conta-gotas, o vacin�metro criado pela Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG) contabilizava, at� a tarde de ontem (30/1), 165.853 protegidos, entre os quais 10.510 idosos. Esse n�mero corresponde a 0,3% dos habitantes mineiros acima de 60 anos, que somam 3,45 milh�es, segundo estimativas do IBGE para 2021. Apenas na faixa et�ria dos maiores de 70, h� em torno de 1,5 milh�o de mineiros. Dados da SES-MG mostram que 80% das mortes pela COVID-19 est�o concentradas nesse grupo.



Impaci�ncia 

Aos 90 anos, a escritora Elizabeth Renn� diz que, apesar das not�cias alarmantes relacionadas � pandemia do novo coronav�rus, mant�m o medo sob controle. “A impaci�ncia supera o medo. A vacina��o j� era para estar mais adiantada. O processo foi muito pouco planejado, tanto em Minas como no Brasil. As vacinas foram compradas de �ltima hora, a produ��o nacional atrasou. O povo ficou totalmente prejudicado”, comenta.

Para a mineira, 2020 foi um ano perdido. Membro da Academia Mineira de Letras, ela ressalta que sua produ��o intelectual n�o ficou prejudicada, j� que seguiu lendo, escrevendo e publicando artigos de casa. “Tive tamb�m um livro premiado no Rio de Janeiro, o que foi muito bom. J� do ponto de vista pessoal, conto muitas perdas. N�o pude conviver com meus bisnetos, que s� vejo por fotos e v�deos. Minha fam�lia � grande e n�o p�de se reunir no Natal. E o pior de tudo: muitos amigos morreram de COVID e eu n�o pude sequer me despedir deles”, lamenta.

Por sua vez, o dentista Vicente de Paula Gabrich, de 90, se queixa de preju�zos em todas as esferas da vida. Desde mar�o, ele n�o vai ao consult�rio, onde atende h� 63 anos. “Nem sei se ainda vou ter pacientes depois que tudo isso passar. Se ainda tiver, atendo”, pondera o idoso, que passou a quarentena na companhia da esposa, Luzia Nice Gabrich, de 79.

Vicente conta que o casal saiu de casa uma �nica vez nos �ltimos 11 meses, para ir ao batizado da neta mais nova, que vai completar um ano em fevereiro. O contato com os outros dois netos e os tr�s filhos, desde ent�o, � restrito a videochamadas e liga��es. “N�o sa�mos nem para fazer compras no supermercado. Os filhos trazem e deixam para n�s na varanda. Nesses momentos, aproveitamos para v�-los da janela”, relata o dentista.

Ansioso pelos imunizantes, ele critica os imbr�glios pol�ticos que permeiam a campanha de imuniza��o. “N�s estamos � roubados. Nem vacina podemos esperar desses ‘desgovernos’.”

Joversino de Pádua não toma sua sagrada cerveja na praia há um ano e meio (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Joversino de P�dua n�o toma sua sagrada cerveja na praia h� um ano e meio (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)

"A vacina��o ficou reduzida a uma discuss�o pol�tica entre os que est�o no poder e os que desejam tomar o poder. N�o tem ningu�m preocupado com a sociedade. Se tivessem levado a pandemia mais a s�rio e tirado a 'politicagem' desse neg�cio, j� estar�amos vacinados"

Joversino Em�lio de P�dua, de 97 anos, comerciante



Politiza��o 

O tom do comerciante Joversino Em�lio de P�dua � mais exaltado. Aos 97 anos, diz que se lembra nitidamente dos tempos dif�ceis em que surtos e epidemias matavam sem medida, pois n�o havia vacinas. “Eu era crian�a e morava em Morro Vermelho, pros lados de Caet�. Todo dia o sino da cidade tocava v�rias vezes, sinalizando que uma crian�a havia morrido de sarampo. A gente escutava e logo perguntava: ‘Morreu quem?’. Sinceramente, n�o esperava assistir a isso de novo”, recorda-se.

“Hoje, temos tecnologia, temos ci�ncia avan�ada, mas a pol�tica trava tudo. A vacina��o ficou reduzida a uma discuss�o pol�tica entre os que est�o no poder e os que desejam tomar o poder. N�o tem ningu�m preocupado com a sociedade. Se tivessem levado a pandemia mais a s�rio e tirado a ‘politicagem’ desse neg�cio, j� estar�amos vacinados”, complementa.

Seu Joversino � dono de uma loja de materiais el�tricos em Belo Horizonte, que ele administra at� hoje. O trabalho seguiu durante a pandemia, j� que o estabelecimento se manteve aberto. Falta mesmo ele diz que sente das pausas anuais que costumava fazer para curtir um descanso na praia. “Faz um ano e meio que meu apartamento em Guarapari (ES) est� fechado. Sinto falta de tomar uma cerveja na Praia do Morro”, afirma.


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