Desabrigados do 1� de Maio culpam obras pelas enchentes; Prefeitura rebate

O Estado de Minas voltou, nesta quarta-feira, ao Bairro Primeiro de Maio, na Regi�o Norte de Belo Horizonte, onde v�rias fam�lias tiveram suas resid�ncias alagadas no �ltimo domingo (8). V�rias casas desmoronaram, e os moradores perderam todos os bens. Em um cen�rio desolador, muitos reclamam alegam que, antes da realiza��o das obras de Macrodrenagem da Bacia do Ribeir�o do On�a, na regi�o Nordeste, realizadas pela Prefeitura de BH, as enchentes n�o aconteciam.

 

Adonias Alves de Souza falou com a reportagem no local onde antes era sua resid�ncia, na Rua Oscar Lobo Pereira. Depois da chuva, � imposs�vel reconhecer o lugar como uma moradia. O que sobrou � um amontoado de entulho, m�veis e utens�lios dom�sticos inutilizados. Entre os escombros, � poss�vel distinguir a tampa da caixa d’�gua e uma porta de metal retorcida.

 

“Meu im�vel era este quadrado aqui que voc� est� vendo. Isso aqui � o que sobrou do meu fog�o, aqui outras pe�as que sobraram do guarda-roupa. Foi uma total destrui��o”, conta Adonias.

 

Ele � um dos que afirma nunca ter passado por uma situa��o semelhante no Bairro Primeiro de Maio. E agradece a Deus por ter sobrevivido ao desmoronamento da casa.

“Coisa que eu nunca presenciei. Moro aqui tem 40 anos. Nunca vi uma coisa dessas. Tem muitas enchentes em v�rios pontos por a�, mas isso aqui eu nunca presenciei. Infelizmente, eu perdi tudo. Mas agrade�o a Deus que a gente saiu com vida. Agrade�o a Deus, porque se essa chuva cai… se esse neg�cio viesse de madrugada acho que a gente n�o se salvava n�o”, diz o morador.

 

A reportagem flagrou pessoas em situa��o semelhante, que perderam todos os seus bens. Alguns estavam dormindo na rua, sob a marquise de um pr�dio. 

 

Na Rua Acad�mico Coutinho, sobraram apenas duas paredes da casa de David Modesto. Em uma delas, a televis�o enlameada afixada no suporte divide espa�o com um fio ligado a um bocal de l�mpada. Na outra, duas bolsas tamb�m sujas de barro e um painel branco, vermelho e rosa com onde se l� a palavra ‘Love’.

David conta com o amor de parentes para n�o ter que dormir na rua, e tamb�m culpa as obras pelas enchentes: “A gente est� dormindo na casa da filha da minha mulher, a Kelly. A chuva pegou a gente de surpresa. Antes dessa obra ali, n�o inundava aqui n�o. Foram fazer aquela obra do metr� ali, agora a �gua veio de uma vez. Isso nunca aconteceu aqui. Tem 40 anos que estou aqui e nunca aconteceu. � a primeira vez. Vamos ver se n�o vai acontecer de novo.”

 

Al�m da boa vontade de parentes e vizinhos, os desabrigados contam tamb�m, com a ajuda da PBH, que prometeu o pagamento de um aux�lio moradia, no valor de R$ 500, como conta Adonias. Mas esse dinheiro s� deve chegar �s m�os dos moradores no pr�ximo m�s.

 

“Estou de favor, na casa da minha filha, em Santa Luzia. N�o tenho outras pessoas. Tenho s� ela. Esperamos que o poder p�blico tome alguma decis�o para a gente. J� teve um pessoal aqui, fez uma ficha com a gente, dando um aux�lio emergencial de aluguel, de R$ 500. Mas esse dinheiro ainda vai cair na conta no m�s de mar�o. Ent�o, ainda estou tendo que pedir minha filha, dividir tudo com ela, dormindo no ch�o, porque ela tamb�m est� fazendo um favor.  A gente fica meio sem jeito, na casa dos outros nunca � igual � casa da gente”, desabafa.

Entretanto, alguns moradores reclamam que o valor oferecido pela Prefeitura � insuficiente para custear um aluguel digno. Com a casa destru�da, David afirma que n�o � poss�vel achar uma moradia para sua fam�lia nesse valor.

 

“Eles falaram que n�o tem nem como a gente morar aqui. Vamos ter que refazer tudo de novo. A casa toda. Est�o falando em bolsa-aluguel. Bolsa aluguel para a gente n�o d�! Quinhentos reais?! Para uma casa que tem quatro pessoas! Onde que eu vou achar uma casa de R$ 500? N�o tem nem condi��es.”

O que diz a PBH

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte, levando os relatos de moradores de que, antes das obras na regi�o, as enchentes n�o aconteciam.

 

Segundo a assessoria da PBH, “as inunda��es ocorridas no bairro 1º de Maio n�o t�m nenhuma rela��o com as obras da primeira etapa de otimiza��o do sistema de Macrodrenagem da Bacia do Ribeir�o do On�a, na regi�o Nordeste”. Segundo o Executivo municipal, a causa dos alagamentos foi o “rompimento da rede de drenagem de interior de quarteir�o no local”.

 

A Prefeitura afirmou, ainda, que removeu 33 pessoas no Bairro Primeiro de Maio, encaminhando-as para casas de familiares e que “as equipes v�o avaliar cada caso e fazer o encaminhamento para o Programa Bolsa Moradia/ Aux�lio Pecuni�rio, se necess�rio”.

Ainda de acordo com a PBH, at� o momento, foram distribu�dos 503 colch�es, 167 cestas b�sicas, 390 cobertores e distribu�das 550 refei��es para as pessoas atingidas pelas chuvas.

Veja a �ntegra da nota enviada pela PBH ao EM

"A Prefeitura esclarece que as inunda��es ocorridas no bairro 1º de Maio n�o t�m nenhuma rela��o com as obras da primeira etapa de otimiza��o do sistema de Macrodrenagem da Bacia do Ribeir�o do On�a, na regi�o Nordeste. A inunda��o no local ocorreu por causa de rompimento da rede de drenagem de interior de quarteir�o no local. A Prefeitura enviar� uma equipe ao local para tomar as provid�ncias necess�rias.

 

A obra da primeira etapa de otimiza��o do sistema de Macrodrenagem da Bacia do Ribeir�o do On�a, na regi�o Nordeste, que est� em andamento, ir� contribuir na diminui��o do risco de enchentes na avenida Cristiano Machado, pr�ximo aos bairros S�o Gabriel e Primeiro de Maio. Ser� feita a implanta��o de canal paralelo � canaliza��o existente do Ribeir�o do On�a, iniciando nas proximidades do cruzamento da avenida Cristiano Machado com avenida Risoleta Neves at� a divisa com a faixa de dom�nio da CBTU dentro da Esta��o S�o Gabriel, numa extens�o de 286,96 metros.

Est�o sendo investidos R$ 44,7 milh�es, com recursos provenientes do Fundo Municipal de Saneamento e do financiamento junto ao governo federal.  A previs�o de t�rmino dos trabalhos � no segundo semestre de 2021.

Com as chuvas do �ltimo fim de semana, a Prefeitura informa que removeu, at� o momento, 30 pessoas nas proximidades do pr�dio que desabou no Cafezal/ Aglomerado da Serra; e 33 pessoas no bairro Primeiro de Maio. As fam�lias foram encaminhadas para a casa de parentes. As equipes v�o avaliar cada caso e fazer o encaminhamento para o Programa Bolsa Moradia/ Aux�lio Pecuni�rio, se necess�rio.

Ajuda humanit�ria

 

At� o momento, foram distribu�dos 503 colch�es, 167 cestas b�sicas, 390 cobertores e distribu�das 550 refei��es para as pessoas atingidas pelas chuvas."