M�quinas e equipes ainda trabalhavam ontem na limpeza da cidade, destru�da pelas enchentes e deslizamentos provocados pelas fortes chuvas
(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Santa Maria de Itabira – A fuga dos desabamentos e a corrida para salvamento de v�timas em mutir�o s�o terrores recentes, mas que ficaram em segundo plano entre as preocupa��es mais urgentes do pedreiro Jos� Alberto Martins, de 54 anos, e de sua fam�lia. “Nossa casa foi interditada pela Defesa Civile tudo o que constru�mos na nossa vida est� l�. Nem durmo de preocupa��o de algu�m ir l� e roubar tudo”, afirma. O drama dele � o mesmo de outros 79 desabrigados das chuvas de domingo, que devastaram Santa Maria de Itabira, na Regi�o Central de Minas Gerais.
S�o fam�lias que perderam tudo em desabamentos e inunda��es nos bairros Po��o, Lambari, Cidade Nova, Nova Santa Maria, Conselho, Borges e no Centro, ou que tiveram de abandonar tudo para n�o ser soterradas. Foram adaptados para receber essas pessoas as salas de aula e espa�os da Escola Municipal Trajano Proc�pio, da Escola Estadual Doutor Costa e da Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio.
“A gente est� agoniado aqui. Eu, meu marido e nossa filha de 14 anos temos medo de voltar e de uma chuva derrubar tudo sobre a gente. Agradecemos muito a todos que nos doaram roupas, comida e lugar para ficar, mas o lugar melhor que a gente tem � a casa da gente, n�”, afirma a dona de casa Rosimar Gon�alves, de 36, mulher do pedreiro Jos� Alberto.
Jos� Alberto e Rosimar s� pensam na casa interditada: 'Tudo o que constru�mos na nossa vida est� l�. Nem durmo de preocupa��o de algu�m ir l� e roubar tudo', diz ele (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
De acordo com instru��es dadas em campo por integrantes do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), grupos de moradores est�o recebendo permiss�o para resgatar seus documentos, medicamentos e pertences mais necess�rios. Se o tempo se firmar e a chuva n�o castigar mais uma vez o munic�pio, de 10,8 mil habitantes, pode ser poss�vel a retirada de m�veis e outros objetos das resid�ncias.
“A gente fica o dia todo de olho no c�u, rezando para n�o chover para poder tirar nossas coisas enquanto ainda h� tempo. Minha casa mesmo n�o foi destru�da, mas a do vizinho amea�a despencar com o barranco e tudo em cima”, afirma o pedreiro Jos� Alberto. Mesmo com a casa interditada, ele conta que ajudou muitas pessoas no bairro do Po��o, o mais devastado, onde morreram cinco das seis v�timas da trag�dia. “Fizemos um mutir�o para salvar as pessoas. Consegui tirar uma senhora que estava encoberta de lama. A gente se ajudou, porque nessa hora somos todos irm�os”, disse. Al�m dos desabrigados h� 129 desalojados, que s�o pessoas que foram para as casas de parentes.
Uma cozinha industrial foi montada para o preparo de marmitas para trabalhadores e atingidos que n�o t�m mais condi��es de cozinhar (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Ontem, mais de 100 funcion�rios da prefeitura e volunt�rios se desdobravam para ajudar os necessitados. Uma cozinha industrial foi instalada na Escola Municipal Trajano Proc�pio, onde marmitas s�o montadas e distribu�das aos trabalhadores e atingidos que n�o t�m mais condi��es de preparar alimentos.
Solidariedade
A prefeitura, a Secretaria de Educa��o, o Centro Cultural Professor Alberto Sampaio, a quadra poliesportiva e v�rios outros pr�dios p�blicos est�o abarrotados de doa��es enviadas de todo o estado. Mutir�es s�o organizados para fazer a distribui��o dos mantimentos a diversas comunidades, sobretudo as mais afastadas. A situa��o � pior nas comunidades que perderam seus acessos vi�rios e ficaram isoladas, como os quilombolas do Barro Preto, moradores de Oriente, Indai� e Cambraia, como mostrou ontem a reportagem do Estado de Minas.
“Nos pontos onde as estradas foram destru�das ou soterradas por barreiras, estamos enviando pelo menos o b�sico de alimentos, roupas, �gua e medicamentos com o apoio a�reo do CBMMG. Mas nenhuma comunidade est� completamente desassistida”, informou o vice-prefeito da cidade, Andr� L�cio Torres (PSD).
Doa��es chegam de todo o estado e, segundo a prefeitura, j� h� vestu�rio suficiente, mas ainda faltam �gua, al�m de produtos de limpeza e higiene pessoal
(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
De acordo com o vice-prefeito, doa��es de roupas e cal�ados n�o s�o mais necess�rias. “Necessitamos mais de alimentos, �gua, produtos de limpeza e higiene pessoal. Temos tamb�m grupos em campo para avaliar a seguran�a das estruturas das casas atingidas para saber quais fam�lias poder�o voltar �s suas casas. No momento, esse levantamento est� em progresso, mas podemos afirmar, sem sombra de d�vidas, que mais de 50% da �rea do munic�pio foi afetada pelas inunda��es e deslizamentos de terra”, afirma Torres.
Limpeza
Nas ruas, tratores, p�s carregadeiras, motoniveladoras e retroescavadeiras removem grossas camadas de lama das avenidas mais prejudicadas e as depositam nas ca�ambas de ve�culos de carga. Caminh�es-pipa com mangueiras de �gua pressurizada fazem uma lavagem do grosso acumulado nas cal�adas, passeios, pra�as, canteiros centrais, drenagens e ruas cobertas pela lama.
As vias centrais da cidade ainda se encontram com uma camada de tr�s a quatro cent�metros de terra, que se transforma em lama quando chove, espalhando atoleiros, e em p� fino quando seca, que encobre as vias, deixando imundas as constru��es ap�s ventanias e a passagem de ve�culos. O tr�nsito de volunt�rios � constante, em carros particulares, caminh�es e tratores, bem como o incessante fluxo de doa��es que chegam e s�o distribu�das a v�rios pontos do munic�pio onde est�o os atingidos.
Governo federal faz vistoria
O governo federal, por meio do Servi�o Geol�gico do Brasil (SGB/CPRM), come�ou ontem o trabalho de atendimento emergencial em Santa Maria de Itabira, na Regi�o Central de Minas, afetada pelas fortes chuvas no in�cio da semana. A cidade decretou situa��o de calamidade p�blica. Pesquisadores j� est�o na cidade e v�o avaliar as condi��es dos bairros atingidos, bem como os locais que podem registrar novos deslizamentos. A decis�o de vistoria partiu de reuni�o com integrantes da Defesa Civil municipal e representantes de �rg�os atuantes nas �reas de engenharia e obras da Prefeitura de Santa Maria de Itabira. Um laudo t�cnico com orienta��es ser� emitido e encaminhado aos gestores. O documento servir� como base para solicita��o de recursos federais para obras de reconstru��o.