Sabar� � uma das cidades que adotaram toque de recolher (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Cidades tur�sticas mineiras cancelam as cerim�nias presenciais da semana santa, assistem � nova fuga de visitantes e refor�am os protocolos contra a COVID-19, enquanto a tonalidade roxa, t�o t�pica da quaresma, simbolizando a Paix�o de Cristo, cobre agora n�o apenas os altares das igrejas como tamb�m cinco regi�es no mapa do estado em que h� avan�o assustador da doen�a.
Mas o sinal � vermelho em muitas cidades de passado colonial, a exemplo de Ouro Preto, na Regi�o Central, pioneira no pa�s no reconhecimento como patrim�nio da humanidade (1980). O munic�pio est� com 100% dos leitos ocupados, sofre impactos na m�o de obra voltada para o turismo e adota medidas extremas, entre elas o toque de recolher, para evitar aglomera��o, colapso na sa�de e maiorcontamina��o pelo novo coronav�rus.
De acordo com a Prefeitura de Ouro Preto, o hospital de campanha, montado no ano passado, est� funcinando com 10 leitos de UTI prontos, dos quais apenas quatro em atividade por limita��o de capacidade operacional.
No interior, as cores mais dram�ticas do Minas Consciente, plano do governo estadual para controle da pandemia, v�o tirar de cena as prociss�es, encena��es ao ar livre e outras celebra��es da semana santa (de 28 deste m�s a 4 de abril), que chegar�o ao p�blico apenas no modo virtual. “Estamos em situa��o cr�tica durante o per�odo que atrai grande n�mero de turistas a Minas. H�, al�m dos serm�es, das encena��es e dos ritos seculares, a perda de renda, especialmente nos setores de hospedagem, restaurantes, lazer e na log�stica dos eventos”, afirma o presidente da Associa��o das Cidades Hist�ricas de Minas Gerais, o prefeito de Itapecerica, Wirley Rodrigues Reis.
Preocupadas com o impacto nas 30 cidades que formam a entidade, e para minimizar os impactos no turismo regional, as cidades hist�ricas de Minas fazem campanha pedindo aos turistas que n�o cancelem, mas remarquem suas visitas, pois muitas igrejas e museus j� est�o com entradas restritas. “Em um cen�rio otimista, temos a expectativa de que a pandemia seja controlada a partir do segundo semestre”, avalia Wirley.
Igreja S�o Francisco de Assis, em Sabar�: cidade da Grande BH aumentou o rigor das medidas, com toque de recolher e restri��o � venda de bebidas alco�licas (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Na onda vermelha, Mariana, primeira vila, cidade, diocese e capital de Minas, tamb�m na Regi�o Central, adota medidas severas como o toque de recolher (das 20h �s 5h, todos os dias). Enquanto isso, cria lei municipal de incentivo � cultura e ao turismo. J� em Congonhas, conhecida como Cidade dos Profetas, o n�o uso de m�scara ou desrespeito ao decreto municipal de restri��o por bares, restaurantes e similares implica multa que pode chegar a R$ 9.240.
Embora com as cerim�nias p�blicas da semana santa canceladas, Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e Tiradentes, no Campo das Vertentes, se mant�m na onda amarela, mas redobram os cuidados para n�o acender a luz vermelha do perigo.
Com um dos centros hist�ricos mais pr�ximos de Belo Horizonte, Sabar� adotou na semana passada medidas mais restritivas. O Comit� Sabarense de Enfrentamento � COVID-19 determinou toque de recolher entre as 20h e as 5h.
Est�o proibidos circula��o de pessoas sem uso de m�scaras em qualquer espa�o p�blico ou de uso coletivo, ainda que privado; eventos p�blicos ou privados; venda de bebida alco�lica para consumo no local, sendo que mercados, supermercados e similares n�o podem comercializar a bebida gelada; e consumo de bebidas alco�licas em espa�os p�blicos.
Moeda virtual
Ouro Preto, onde desde o ano passado houve queda do turismo devido � pandemia, adotou mais restri��es diante do esgotamento de leitos (foto: Rodrigo C�mara/Prefeitura de Ouro Preto/Divulga��o)
As noites desta semana foram bem diferentes do habitual em Ouro Preto, ex-capital do estado e sempre animada pelo grande n�mero de moradores e turistas nas ruas e ladeiras hist�ricas. Por decreto do prefeito Angelo Oswaldo, que vigora pelos pr�ximos 15 dias, com possibilidade de prorroga��o, entrou em vigor o toque de recolher que impede a circula��o de pessoas das 20h �s 5h (de segunda a sexta-feira) e das 17h �s 5h (s�bado e domingo).
Tamb�m est�o suspensos os alvar�s para festas. “A situa��o est� muito pr�xima de entrar na onda roxa, ent�o preferimos agir antes que o pior aconte�a”, afirma o secret�rio municipal de Governo, Felipe Guerra.
A cidade reduziu a ocupa��o do transporte p�blico em 50%, imp�s restri��es no com�rcio e fiscaliza��o das medidas, j� que Ouro Preto recebe 15 mil alunos do ensino superior, que continuam tendo aulas on-line, e abriga 180 rep�blicas de estudantes.
Segundo Guerra, os impactos no turismo s�o maiores na gera��o de empregos, e n�o na receita p�blica, uma vez que 75% da arrecada��o do munic�pio vem da atividade miner�ria. O turismo responde por 8%.
“Mas ficamos preocupados demais, tanto que foi criada pela prefeitura, em parceria com a Associa��o Comercial de Ouro Preto, uma moeda virtual, com lan�amento em breve.” A iniciativa estar� dispon�vel inicialmente aos moradores, depois aos turistas. “Fizemos uma pesquisa e verificamos que a popula��o faz compras em Belo Horizonte, Mariana e Itabirito. Com isso, queremos valorizar o com�rcio local”, afirma.
Debandada
Congonhas e Mariana, na Regi�o Central, assistem ao esvaziamento dos pontos de grande visita��o. Na primeira, o Santu�rio Bas�lica Senhor Bom Jesus de Matosinhos, tamb�m patrim�nio da humanidade, est� fechado, e s�o poucos os visitantes contemplando os 12 profetas esculpidos por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814). O Museu de Congonhas e o Parque das Cachoeiras se encontram abertos desde o dia 23.
O secret�rio municipal de Cultura, Turismo e Patrim�nio de Mariana, Cristiano Casimiro, explica que todos os eventos p�blicos est�o cancelados. Para ajudar artistas das �reas de m�sica, teatro e dan�a e pessoas que perderam o emprego na �rea de turismo, a lei municipal vai estender a m�o com aporte financeiro. A contrapartida ser� a obrigatoriedade de o interessado fazer um curso de capacita��o profissional.
Tiradentes e Diamantina sentem a fuga de turistas
Famosa em todo pa�s pelos festivais de cinema e de gastronomia e por outros eventos que chegam a reunir mais de 30 mil pessoas nos fins de semana, a charmosa Tiradentes, na regi�o do Campo das Vertentes, tamb�m amarga os preju�zos com a crise sanit�ria do novo coronav�rus.
“Tivemos uma queda de 60% na ocupa��o dos hot�is”, diz o secret�rio municipal de Turismo, Christian Silveira. Como as celebra��es da semana santa tamb�m foram cancelados, foi criado um circuito gastron�mico nos restaurantes, com pratos t�picos da �poca. “O momento � de muita cautela”, afirma secret�rio.
Tamb�m reconhecida como patrim�nio cultural da humanidade, Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, est� numa situa��o menos traum�tica do que outras cidades tur�sticas mineiras, ressalta a secret�ria municipal de Sa�de, Liliany Carvalho: “Estamos na onda amarela, com ocupa��o dos leitos inferior a 50%”. Especialmente para COVID-19, h� 20 leitos de terapia intensiva, dos quais sete ocupados, e 30 leitos cl�nicos, com 14 ocupados.
Desde o in�cio da pandemia, segundo a secret�ria de Sa�de, foi feito o teste PCR para o coronav�rus, permitindo a��es urgentes e de gest�o da crise. O trabalho ocorreu em parceria da Prefeitura de Diamantina com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
A secret�ria de Cultura, M�rcia Bet�nia Oliveira Horta, lamenta as perdas no setor de turismo. “Infelizmente, estamos vivendo este per�odo t�o dif�cil. Mas temos o ‘turismo solit�rio’: uma pessoa passeando, �s vezes um casal”, conta. Muito pouco para uma cidade que fez e lan�ou em live, no ano passado, uma detalhada programa��o de festas, vesperatas e outros eventos.
O calv�rio de cada uma
Confira a situa��o no circuito das cidades hist�ricas
» 1) Ouro Preto, na Regi�o Central
» Restri��es: toque de recolher, suspens�o de alvar� para festas p�blicas
» Onda vermelha, com 100% de leitos ocupados
» Casos confirmados: 2,921
» �bitos: 55
» Novidade: cria��o de moeda virtual para fomentar a economia local
» 2) Mariana, na Regi�o Central
» Restri��es: toque de recolher, cancelamento de todos os eventos p�blicos
» Onda vermelha. A cidade n�o disp�e de leitos de UTI, e os casos mais graves s�o encaminhados a outras cidades
» Casos confirmados: 5.339
» �bitos: 41
» Novidade: cria��o de lei municipal com aporte financeiro para incentivar a cultura e o turismo
» 3) Sabar�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte
» Restri��es: toque de recolher entre as 20h e as 5h, proibida a circula��o de pessoas sem uso de m�scaras em qualquer espa�o p�blico ou de uso coletivo, ainda que privado; e suspensos eventos p�blicos ou privados
» Onda vermelha. Est�o proibidos ainda a venda de bebida alco�lica para consumo no local, sendo que mercados, super- mercados e similares n�o podem comercializar a bebida gelada; e consumo de bebidas alco�licas em espa�os p�blicos
» Casos confirmados: 3.056
» �bitos: 103
» 4) Congonhas, na Regi�o Central
» Restri��es: novo decreto estipula medidas r�gidas, especialmente para evitar aglomera��es. Uso obrigat�rio de m�scaras, distanciamento social (3 metros) e restri��o de p�blico para visita ao Museu de Congonhas e ao Parque das Cachoeiras
» Onda vermelha: ocupa��o dos leitos de UTI atingiu 100%
» Casos confirmados: 4.403
» �bitos: 37
» Novidade: o n�o uso de m�scaras e o desrespeito ao recente decreto municipal por bares, restaurantes e similares podem gerar multa de at� R$ 9.240
» 5) Tiradentes, no Campo das Vertentes
» Restri��es: a situa��o n�o � cr�tica como em outras cidades tur�sticas, mas a cidade amarga queda de 60% na ocupa��o dos hot�is e pousadas
» Onda amarela, com suspens�o das tradicionais cerim�nias da semana santa em locais p�blicos
» Casos confirmados: 236
» �bitos: 3
» Novidade: circuito gastron�mico nos restaurantes, na semana santa, com pratos tradicionais da �poca
» 6) Diamantina, no Vale do Jequitinhonha
» Restri��es: eventos p�blicos como a vesperata e as cerim�nias da semana santa foram cancelados
» A cidade j� esteve na onda vermelha e agora est� na amarela, com taxas mais baixas de contamina��o pelo novo coronav�rus
» Casos confirmados: 1.126
» �bitos: 11
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.