
O imperador dom Pedro II falava v�rios idiomas, e, durante sua visita a Minas Gerais, h� 140 anos, quando esteve no Cara�a – col�gio at� 1912 (depois semin�rio, at� 1968, e hoje um santu�rio com hospedaria) –, conversou com professores, assistiu �s aulas, avaliou o ensino e mostrou sua flu�ncia ao ser saudado em nove l�nguas e agradecer em todas.
Hoje, quem vai ao Cara�a, em Catas Altas, aberto � visita��o e hospedagem, embora com restri��es sanit�rias devido � pandemia, pode ver, no museu, as duas camas feitas especialmente para receber o casal imperial, de 11 a 13 de abril de 1881.
Na biblioteca do santu�rio, vinculado � Prov�ncia Brasileira da Congrega��o da Miss�o, encontra-se exposto um livro sobre “pol�tica contempor�nea”, de 1867, com observa��es, nas laterais, feitas de pr�prio punho por dom Pedro II. Quem apresenta a obra e mostra a letra do imperador � a bibliotec�ria Kely Maria da Silva.
Mas � na Igreja Nossa Senhora M�e dos Homens, primeira no estilo neog�tico do pa�s, que os olhos se encantam ainda mais. Em constru��o na �poca da visita, o templo ganhou de presente do imperador os vitrais de cinco metros, com o bras�o imperial, que s� chegaram da Fran�a quatro anos depois. Bem na frente da igreja, dom Pedro teria escorregado em uma pedra, e algu�m marcou o local, que virou alvo de curiosidade.
BANQUETE
Quando passar a pandemia, um bom programa est� na visita a Barbacena com o objetivo de degustar as iguarias servidas no banquete em homenagem ao imperador e � imperatriz. S�cio-propriet�rio do restaurante Tulha do Chef e chefe-executivo do Senac Minas, Ronie Peterson Costa prepara os 11 pratos e a sobremesa do card�pio, e diz que o menu � maravilhoso.
“Na �poca, foi harmonizado com vinhos portugueses e franceses”, revela. Na entrada, foram servidos canja de galinha e um consom�. Depois, maionese, garoupa (peixe), bife de boi ao molho madeira, codornas ao molho de vinho do Porto e trufas. Para finalizar, pudim de gabinete. “Os melhores, para mim, s�o a codorna e a canja”, diz o especialista em gastronomia.

COMEMORA��O
O Instituto Hist�rico e Geogr�fico de Minas Gerais vai celebrar, a partir de 23 de abril, os 140 anos da viagem do imperador. A programa��o, co- ordenada pelos associados Regina Almeida e Adalberto Andrade Mateus, ter� a participa��o de diversos historiadores e estudiosos que ir�o apresentar, nos pr�ximos meses, os passos percorridos pela hist�rica expedi��o que conheceu monumentos, grutas, santu�rios, pontos de explora��o mineral, entre outros aspectos da sociedade mineira.
Percorrendo as cidades que estiveram na rota da viagem de dom Pedro II, os palestrantes v�o relembrar a passagem do imperador e destacar bens culturais que, ap�s 140 anos, continuam testemunhando a hist�ria mineira. A agenda do instituto contempla a apresenta��o de 13 programas que ser�o lan�ados no canal IHGMG. Al�m deles, ser�o preparados posts em redes sociais destacando aspectos culturais das localidades visitadas pela comitiva imperial.

De acordo com a coordenadora das atividades culturais do IHGMG, M�rcia Maria Duarte dos Santos, relembrar os 140 anos da visita imperial � uma oportunidade para se conhecer um pouco mais sobre a figura de dom Pedro II. “Ao analisar a viagem de 1881, podemos saber um pouco sobre os interesses do imperador, um homem ilustrado, al�m de observar suas motiva��es, enquanto governante do imp�rio, em um per�odo pol�tico bastante conturbado”, avalia M�rcia, que destaca a realiza��o de um calend�rio cultural expressivo para 2021.
Minas, nas palavras do imperador
“(...) Chegada Ouro Preto, cuja vista encantou-me. Apareceu-me na imagina��o como Edimburgo. A estrada que margeia o Ribeir�o do Carmo, que atravessa em parte uma esp�cie de t�nel, � lind�ssima. A cale�a custou-lhe a subir por estas ruas de aspecto t�o original, e temia que se pisasse algu�m, pois havia imenso povo e cordial�ssimo acolhimento.”
“Na longa ponte de Sta Rita, que atravessa o rio, estava o diretor de Morro Velho e muita gente. Ia olhando distra�do, diversas mulheres correram para mim, e espantando-se o cavalo, ca� dele.”
(Em Morro Velho) “Vesti-me como mineiro, com minha vela pregada com argila ao chap�u.”
“Bela Vista ao lado da Serra do Curral, avistando-se ao longe pontas da Serra da Piedade. Garoa forte. 180 brocas – cada uma de 3 palmos de fundo e menos de polegada de di�metro cheia de 1 a 3 cartuchos de dinamite d�o a 2 toneladas de explos�o de mina 360 toneladas de min�rio por dia. Escolhem pelo
peso o min�rio.”
“Vim me informando de diversas �rvores. O chapad�o parece pelo solo e arvoredo o de S�o Francisco saindo de Piranhas. Pequi, fruto de caro�o espinhoso, que deve comer-se com cuidado para n�o ferir a boca e a l�ngua.”
“Casa do Lund. Percorria-a toda vendo o quarto onde ele morreu de uma constipa��o depois de bastante tempo de doente com mais de 80 anos. Falei com Nereu, que Lund protegeu desde menino...”