
Depois de reportagem do Estado de Minas, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) pressionou, e moradores do quilombo do A�ude foram inclu�dos na vacina��o contra a COVID-19 no munic�pio de Jaboticatubas, na Grande BH. A lista foi atualizada e todos os moradores ser�o contemplados com a vacina, direito daquela popula��o, j� que s�o parte do grupo priorit�rio definido pelo Plano Nacional de Vacina��o contra a COVID-19.
At� esta quinta-feira (1°/4), 94 moradores do quilombo receberam a primeira dose da vacina. Na pr�xima ter�a-feira (6/4), outras 50 pessoas ser�o vacinadas, sanando o problema apontado pela Coordena��o Nacional de Articula��o das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) de n�mero de quilombolas subestimado no plano nacional para vacina��o das comunidades quilombola.
"Foi muito importante a inclus�o. Somos uma comunidade bem grande e estamos fechados desde o in�cio da pandemia, em mar�o do ano passado", afirma o representante cultural do quilombo, Danilo Candombe.

O Quilombo do A�ude tamb�m � conhecido como "casa aberta", t�tulo da m�sica de Fl�vio Henrique e Chico Amaral que eternizou uma das mais importantes manifesta��es culturais de Minas: o candombe do A�ude. Na localidade, vivem 150 pessoas descendentes de quilombolas.
O respeito aos mais velhos � a base da cultura quilombola, portanto, tratava-se de uma prioridade que patriarcas e matriarcas fossem imunizados. "Temos muitos velhos em nossa comunidade, a quem dedicamos m�ximo respeito. Como vivemos todos juntos em um mesmo terreiro, � importante que todos da comunidade tamb�m sejam vacinados", afirma.
Danilo destacou a mobiliza��o da comunidade, a reportagem do EM e o esfor�o do presidente da Almg Agostinho Patrus e do deputado Douglas Melo para que a vacina��o chegasse a todos do quilombo. "Essa vacina��o, que foi a muito custo, foi muito importante", diz.
O t�tulo de casa aberta se traduzia na acolhida da comunidade de turistas do Brasil e do mundo que chegavam ao quilombo para conhecer a tradi��o centen�ria. O ritual sagrado marca a express�o mais antiga do congado meineiro.
Muitas pessoas anualmente, no m�s de maio, quando era celebrado o candombe, recebiam as ben��os da matriarca Dona Merc�s. Devido � necessidade de isolamento social,no entanto, no ano passado, a festa foi realizada em setembro apenas com os moradores da comunidade.
Muitas pessoas anualmente, no m�s de maio, quando era celebrado o candombe, recebiam as ben��os da matriarca Dona Merc�s. Devido � necessidade de isolamento social,no entanto, no ano passado, a festa foi realizada em setembro apenas com os moradores da comunidade.
Danilo Candombe destaca a import�ncia de terem adotado as medidas de isolamento social com tanto rigor. "Foi muito importante a quest�o da quarentena, ajudou a gente a viver em comunidade novamente. Est�vamos meio dispersos. A pandemia nos trouxe para viver em comunidade, em fam�lia e no coletivo", ressaltou.
Nesse per�odo, a comunidade realizou campanhas para garantir a seguran�a alimentar no quilombo. Desde ent�o, os moradores buscaram formas de gerar renda sem se expor � contamina��o do novo coronav�rus. Eles produzem m�veis r�sticos e instrumentos, que podem ser adquiridos em compra online para ajudar a comunidade no perfil de Danilo Candombe no Instagram.
'PLANO DE VACINA��O INSUFICIENTE'
O Quilombo do A�ude � um dos exemplos de falhas, apontadas pela Conaq, do Plano Nacional de Operacionaliza��o para vacina��o das comunidades quilombolas, divulgado na quinta-feira (25/3) pelo Minist�rio da Sa�de.
A entidade considerou o plano insuficiente. Na avalia��o da Conaq, o plano n�o contempla a totalidade da popula��o quilombola e os n�meros est�o subdimensionados. Por enquanto, a estimativa geral do Plano contabiliza 1.133.106 quilombolas distribu�dos em 1.278 munic�pios e 25 estados e DF.
Entretanto, segundo estimativas da Conaq, os quilombolas somam mais de 16 milh�es de indiv�duos. A Conaq aponta que, no planejamento do governo, as doses seriam suficientes para pouco mais de 7% da popula��o quilombola no pa�s.
O IBGE, em levantamentos preliminares para o Censo 2021, levantou a exist�ncia de 5.972 localidades quilombolas, presentes em mais de 30% dos munic�pios brasileiros, o que permite concluir que o quantitativo populacional � notoriamente maior.