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Estado de Minas COVID-19

Sobe n�mero de n�o idosos em UTIs, e isso piora colapso. Entenda por que

Total de doentes graves de COVID-19 com menos de 60 anos no estado tem salto de 123% no 1� trimestre de 2021. Tratamento mais longo agrava superlota��o da rede


02/04/2021 04:00 - atualizado 02/04/2021 10:48

Chegada de paciente grave para internação na área de COVID-19 de hospital em BH: média diária de entrada de doentes com menos de 60 anos em UTIs subiu 83% entre janeiro e fevereiro em Minas(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 14/1/21)
Chegada de paciente grave para interna��o na �rea de COVID-19 de hospital em BH: m�dia di�ria de entrada de doentes com menos de 60 anos em UTIs subiu 83% entre janeiro e fevereiro em Minas (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 14/1/21)

Em menos de uma semana, a febre intermitente que incomodava o jovem motorista de aplicativo Lucas Marley da Silva Lacerda, de 23 anos, o levou � beira da morte, precisando de seda��o e intuba��o na unidade de terapia intensiva para COVID-19 de um hospital particular em Belo Horizonte. “Ele foi s� piorando: estava no oxig�nio, foi para o respirador e precisaram intubar”, conta a m�e, Elis Regina Lacerda, de 44.

No caso dele e de milhares de outros pacientes, o vigor da juventude que muitos achavam ser vantagem contra a pandemia do novo coronav�rus (Sars-CoV-2) j� n�o � barreira para novas variantes do v�rus.

N�o parece ser coincid�ncia que nas UTIs mineiras o volume de pacientes com menos de 60 anos em estado mais cr�tico da doen�a tenha saltado 123% em 2021, sendo decisivo para o colapso de leitos hospitalares. No mesmo per�odo, os casos positivos no estado subiram 146% e as mortes, 78%.

Os dados da Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais comparam o �ltimo trimestre de 2020 com o primeiro trimestre deste ano. Os internados em condi��o mais cr�tica em Minas Gerais eram 2.658 e passaram para 5.916.

As duas regi�es de sa�de onde mais cresceu o quantitativo de pacientes com menos de 60 anos internados em UTIs s�o o Tri�ngulo do Norte (onde o munic�pio de refer�ncia � Uberl�ndia), com amplia��o de 456%, e o Noroeste (Paracatu), com 317%.

As menores s�o a Nordeste (Te�filo Otoni), com 17,5%, e Central (Belo Horizonte), com 60% de aumento. Na capital, o percentual de pessoas com menos de 60 anos internadas permanece o de 2020, na casa de 32% em enfermarias e UTIs, segundo a Secretaria Municipal de Sa�de.
 
 

Apesar de englobar uma amostragem menor, dados do Minist�rio da Sa�de relativos a s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG) ajudam a entender um pouco como a doen�a tem se manifestado de forma severa mesmo em pacientes mais jovens. De 22.164 mineiros registrados como internados com a s�ndrome e positivos para a COVID-19, 6.693 (30,2%) foram parar em UTIs. Desses, 2.359 (35,2%) tinham menos de 60 anos.

Entre o grupo abaixo de 60 anos no tratamento mais cr�tico, 851 (36%) n�o tinham outras condi��es de sa�de adversas como diabetes, hipertens�o, obesidade, entre outras. Precisaram de suporte ventilat�rio 2.047 dos pacientes internados nas UTIs. Do conjunto, estavam internados em UTIs 1.137 pessoas entre 50 e 59 anos (48%), 651 entre 40 e 49 (28%), 405 de 30 a 39 (17%), 103 de 20 a 29 (4%), 19 de 10 a 19 (1%) e 44 com menos de 10 anos (2%).

Em boletim do Observat�rio da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado na �ltima sexta-feira (26/03), pesquisadores observaram aumento de casos de COVID-19 em tr�s grupos et�rios: 30 a 39 anos (565,08%); 40 a 49 anos (626%); e 50 a 59 anos (525,93%). Consequentemente, a concentra��o nas idades mais avan�adas foi reduzida, segundo a pesquisa.

“� importante observar que a maior incid�ncia nas idades mais jovens e manuten��o da mortalidade concentrada em idosos contribui para o cen�rio cr�tico da ocupa��o dos leitos hospitalares. Por se tratar de popula��o com menos comorbidades – e, portanto, com evolu��o mais lenta dos casos graves e fatais, frequentemente h� um maior tempo de perman�ncia na interna��o em terapia intensiva. De fato, a m�dia da idade de pacientes internados vem diminuindo progressivamente”, avalia o estudo.

MAIS PRESS�O

O volume crescente de jovens nos leitos hospitalares tem causado grande press�o no sistema de sa�de, segundo a secretaria estadual. “O maior acometimento proporcional das faixas et�rias mais novas nas unidades de interna��o fez com que a rotatividade dos leitos diminu�sse (maior tempo m�dio de perman�ncia nos leitos), e esse fator teve de ser considerado. Essa mudan�a � um fen�meno recente, que vamos acompanhar de perto”, informou a pasta.

Contudo, a secretaria n�o culpa apenas a quest�o et�ria pelo colapso de oferta de leitos em munic�pios mineiros. “Os n�veis de isolamento ca�ram muito no in�cio de 2021, junto ao aumento de relatos de aglomera��es. Da� a necessidade de uma medida mais incisiva, como a onda roxa, que j� tem resultados nos dados de isolamento social. � dif�cil dizer o tamanho dos efeitos de causa social, e por faixa et�ria. Temos que considerar que parte do agravamento da pandemia se deu devido a difus�o da variante brasileira do coronav�rus, que se mostra mais agressiva, e tem gerado uma press�o generalizada no setor hospitalar, em todo o Brasil.”

Interna��es de n�o idosos t�m escalada 

A frequ�ncia de interna��es mostra como tem sido vigorosa a acelera��o do ingresso de pacientes mais jovens nas UTIs. Em 2020, ingressaram nas UTIs mineiras em m�dia 19,5 pessoas com menos de 60 anos por dia.

Esse ritmo foi acelerado para 35,8 (83% a mais) entre janeiro e fevereiro, e aumentou ainda mais em mar�o, m�s do colapso, batendo em 43,5 pacientes a cada 24 horas, um incremento de 21,5% sobre os dois meses anteriores. A acelera��o � maior do que a do grupo de idosos, que teve aumento de 110% nos dois primeiros meses do ano, mas em mar�o sofreu redu��o de 23,2%.

O diretor de Promo��o � Sa�de e Vigil�ncia Epidemiol�gica da Secretaria de Sa�de de BH, Paulo Roberto Lopes Corr�a, informa que os dados de mar�o ainda n�o est�o consolidados, mas afirma ser poss�vel verificar um grande aumento na presen�a de pacientes de 20 a 59 anos nos leitos COVID-19 da capital.

“Isso pode ser um reflexo do grande n�mero de idosos que j� tem pelo menos uma dose de vacina. Em 2020, praticamente os casos graves eram s� de idosos. Atualmente, entre internados (em enfermarias e UTIs), cerca de um ter�o de pessoas tem abaixo de 60 anos”.

Para o m�dico, o comportamento dos jovens com relut�ncia em aderir ao afastamento social, ao uso de m�scaras e tamb�m pelo fato de ser o maior contingente de for�a de trabalho, portanto em circula��o, contribuem para a maior dissemina��o do v�rus.

“Parece que essas pessoas de menos idade achavam que n�o iam pegar ou n�o teriam gravidade, por serem fortes. Mas as variantes as t�m levado a uma piora. Por isso � preciso que se mantenha o autocuidado, sair s� para fazer o necess�rio, evitar festas e encontros com pessoas que n�o s�o do mesmo c�rculo familiar”, afirma.


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