
“Ah, era l� que ele criava confus�o, sempre”, lembra Francisco de Oliveira e Silva, o Chico Duro, ex-atleta de futebol, conhecido craque da camisa 9 do Esporte Clube Democrata, nos anos 1960, e um dos melhores amigos de Agnaldo Tim�teo.
Mesmo diante da morte do cantor, Chico Duro falou sobre seu amigo com alegria. Para ele, a pandemia do novo coronav�rus diariamente rende as piores not�cias. “Mas essa de hoje foi pesada, uma pancada”, disse, se referindo ao amigo. Preferiu falar de Agnaldo de uma forma descontra�da, pois segundo ele, Agnaldo Tim�teo, mineiro de Caratinga e valadarense de cora��o, deve ser lembrado sempre com alegria.
Antes de ser cantor famoso, Agnaldo Tim�teo, com 17 anos de idade, trabalhava como torneiro mec�nico na HP Motor, uma oficina que existe at� hoje no centro de Governador Valadares, por�m com outro nome, pertinho da Esta��o Ferrovi�ria. Foi nessa ret�fica que Chico Duro conheceu Agnaldo, em 1953.
O trabalho duro durante a semana era compensado com as peladas no campo do Cruzeiro, na Avenida Brasil, lend�rio espa�o do futebol em Governador Valadares. “Agnaldo jogava de lateral esquerdo. Olha, ele at� jogava bem, mas era bem melhor na hora de arrumar uma confus�o em campo”, lembra Chico Duro, rindo dos bons tempos de boleiro.
Era comum, depois do futebol, Agnaldo ir almo�ar na casa de Chico Duro. E como era querido de todos, o almo�o sa�a de gra�a. “Minha m�e n�o cobrava nada dele, n�o”, disse Chico Duro, se referindo a Dona Carm�lia, sua m�e, que tinha uma pens�o na Rua Belo Horizonte, onde tamb�m servia refei��es. Todos pagavam. Agnaldo, n�o. Era de casa.
Aos domingos, o jovem e desconhecido Agnaldo Tim�teo cantava em um programa dominical na R�dio Educadora Rio Doce, o “Domingo � dia de folga”, apresentado por Jo�o Dornelas, radialista muito conhecido em Governador Valadares por gravar an�ncios f�nebres, e divulg�-los pelas ruas, nos alto-falantes instalados em postes e depois em seu fusquinha.
Chico Duro lembra que, anos depois, Agnaldo foi para Belo Horizonte, para trabalhar na mesma profiss�o, mas sempre cantando onde lhe abrissem espa�o. “Ele me levou a Belo Horizonte, foi a primeira vez que fui � capital”, lembra Chico Duro.
Belo Horizonte era pequena demais para Agnaldo. “Um dia ele me disse: Chico, vou embora pro Rio, vou ser cantor”. E foi. E virou sucesso. “Eu fui v�rias vezes ao Rio, ficava na casa dele. �ramos amigos, sempre fomos os melhores amigos um do outro”, disse Chico Duro, lembrando que a lealdade de Agnaldo Tim�teo nessa amizade era marcante, e o amigo famoso sempre esteve presente nos momentos mais importantes de sua fam�lia.
Ao longo de sua carreira, jogando como camisa 9 do Democrata, Chico Duro levou muito pancada dos zagueiros advers�rios, mas essa de hoje, como ele mesmo disse, foi mais pesada. Doeu!