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Estado de Minas Pandemia

Aula presencial em casa? Como pais v�m driblando o impasse no ensino

Enquanto duram as restri��es � educa��o na pandemia, li��es particulares viram sa�da de emerg�ncia para fam�lias e para professores de escolas que fecharam


24/04/2021 04:00 - atualizado 24/04/2021 07:48

Lorena Siqueira com Daniel, de 4 anos, que fez aulas particulares até o ano passado: depois de deixar escola em que trabalhava, professora começou a atender em casa por demanda de famílias (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Lorena Siqueira com Daniel, de 4 anos, que fez aulas particulares at� o ano passado: depois de deixar escola em que trabalhava, professora come�ou a atender em casa por demanda de fam�lias (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Uma figura que sempre existiu como sin�nimo de refor�o no ensino ganhou, nos �ltimos meses, status de linha de frente. Enquanto persiste o impasse da volta �s aulas presenciais – que em Belo Horizonte s� devem ser retomadas na segunda-feira, e apenas para alunos de menos de 6 anos – professoras particulares que atendem em domic�lio ultrapassaram a tarefa de acompanhar deveres de casa e ajudar alunos em dificuldade para se tornar, durante a pandemia, a grande aposta de muitos pais no aprendizado dos filhos.

Ana Paula Barbosa, com os irmão Catarina e Bernardo: coaching de desenvolvimento infantil e orientações sobre ansiedade em redes sociais (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Ana Paula Barbosa, com os irm�o Catarina e Bernardo: coaching de desenvolvimento infantil e orienta��es sobre ansiedade em redes sociais (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Do maternal a idades mais avan�adas, a incerteza quanto � reabertura das escolas e o modelo de atividades remotas fizeram aumentar a busca por esses profissionais. Entre os pequenos que n�o est�o mais matriculados, o servi�o ganha espa�o para manter o ritmo pedag�gico. Do lado das professoras, a alternativa � maneira de reaver renda perdida com demiss�es.
 
O filho da advogada Fabiane Nogueira de Castro Silva, de 39 anos, participou das aulas on-line at� a escola, localizada no Bairro Sion, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, optar por fechar as turmas de maternal, em meados do ano passado. Com os pais cancelando matr�culas em massa na faixa de idade n�o obrigat�ria, esse foi o caminho de muitas institui��es, diante da inviabilidade de manter pessoal.
 
Naquele contexto, para n�o deixar Daniel, de 4 anos, sem acompanhamento, Fabiane decidiu convidar a professora para ir � casa deles fazer as atividades. “Aula remota para crian�a nessa idade � complicado. Na �poca, ele tinha 3 anos. Participava, prestava aten��o, mas a toler�ncia � por um per�odo curto de tempo”, relata.
 
O medo da advogada era de que todos os ganhos que Daniel havia tido no quesito seguran�a e desenvolvimento regredissem. “A presen�a da professora era importante, porque ele � filho �nico e se sentia sozinho. Nosso pr�dio n�o tem �rea de lazer e ele n�o tem contato com outras crian�as, ent�o, ela representou mudan�a em uma rotina ma�ante”, diz.

Agora no 1º per�odo, ele voltou para as aulas remotas di�rias, com quase duas horas de dura��o. “A possibilidade de a professora vir me abriu nova oportunidade de dar sequ�ncia ao que estava sendo trabalhando na escola, por ser uma pessoa com quem ele estava acostumado.”
 
A professora de Daniel, Lorena de Morais Siqueira, de 34, foi dispensada da escola onde trabalhava em julho e, no m�s seguinte, come�ou a dar aulas particulares por demanda dos pais. Atualmente, tem cerca de 10 alunos, da educa��o infantil e fundamental. “Os meninos estavam perdendo o que haviam desenvolvido ao longo de seis meses. Comecei o trabalho com atividades diversificadas, l�dicas e motoras, de acordo com a faixa et�ria”, conta.
 
Lorena ressalta que a crian�a consegue absorver muito mais o que lhe � ensinado diante de uma rela��o concreta, mas a falta de intera��o com outra crian�a � uma barreira no processo. “O emocional dificulta o desenvolvimento global. Sempre tenho que levar aulas de acordo com a necessidade e diversificar bastante, porque � muito f�cil a perda de interesse sem as trocas com os colegas.”

ROTINA PUXADA


T�cnica em enfermagem, L�dia Imaculada de Sena Reis, de 38, tamb�m contratou uma professora particular para a filha, Ana Cl�udia, de 9, aluna do 4º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Bueno Brand�o, na Savassi, tamb�m na Regi�o Centro-Sul de BH. M�e tamb�m de Ana Carolina, de 16, do 3º ano do n�vel m�dio da Escola Estadual Pedro II, na Regi�o Hospitalar, ela n�o abandonou as atividades em casa mesmo durante as f�rias da rede estadual.
 
L�dia conta que as duas escolas deram aulas on-line e foram al�m das transmiss�es da Rede Minas e dos Planos de Estudo Tutorados, oferecendo vasta gama de atividades suplementares e livros. “N�o deu para fazer tudo com Ana Cl�udia, ent�o, procurei a professora particular para socorrer”, conta.
 
Ela tem dois empregos e o marido tamb�m n�o tem tempo para se dedicar ao papel de professor da ca�ula. Por isso, acabavam delegando � filha mais velha, j� ocupada com suas atividades, a tarefa de acompanhar a irm�. “Por mais que a professora dissesse que podia tirar d�vida, nem sempre a resposta era no mesmo dia. E n�o � a mesma coisa uma explica��o quando h� algu�m ao lado”, diz.
 
Foi na aula particular, inclusive, que o d�ficit de aten��o da garota foi detectado. “Nem todos os pais t�m condi��o de pagar professor particular nem condi��es de ensinar. O retorno �s salas de aula, quando ocorrer, ser� complicado, pois muitas crian�as n�o conseguiram aprender como deveriam.”


De professora a coach infantil


Catarina tem apenas 2 anos, mas, para a arquiteta Juliana Furiati Lopes Siqueira, estava fora de quest�o sair da rota das descobertas enquanto as aulas n�o fossem retomadas. Em paralelo ao ensino remoto, que seguem desde o ano passado, a pequena e o irm�o, Bernardo, de 5, t�m acompanhamento individual e em casa enquanto esperam a reabertura do col�gio onde estudam, em Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de BH.

“Por mais que as aulas on-line tenham sido interessantes, para a idade deles n�o podemos falar que substituem (as presenciais). Estava incomodada com isso e achei que poderia complementar o modelo”, diz a m�e. “A aula particular vai al�m do aspecto pedag�gico acad�mico, possibilitando outros desenvolvimentos da crian�a, como o acompanhamento em rela��o � fralda e outros assuntos espec�ficos”, relata.
 
O apoio aos irm�os vem do projeto Amor de Vida, criado pela professora Ana Paula Ara�jo Barbosa, de 31. Ela dava aula para o maternal 2 em uma escola do Bairro Sion, Regi�o Centro-Sul de BH, e foi demitida em julho, quando as turmas foram fechadas. H� dez meses, atua como coach de desenvolvimento infantil e, na qualidade de especialista em neuroci�ncia da educa��o, foi para as redes sociais contar hist�rias e orientar pais sobre ansiedade e diversos outros assuntos.
 
Foi uma forma, segundo ela, de tentar amenizar os danos da falta da escola. Al�m de querer contribuir com seus conhecimentos durante a pandemia, pesou o lado financeiro. Rec�m-casada e desempregada, era preciso encontrar alternativas para pagar as contas. Ela explica que a procura por atendimento disparou em setembro, quando os pais perceberam que as escolas n�o reabririam em 2020.
 
Mas, por mais que estejam em aula e diante da professora, os pequenos n�o sa�am de casa para ter contato com a escola. Por isso, Ana Paula resolveu fixar a rotina de seus alunos de 2 a 6 anos, propondo em car�ter opcional uma s�rie de marcos f�sicos e temporais, como blusa de uniforme, maleta, m�scara e cadernos personalizados com sua logomarca. O planejamento feito para cada crian�a leva em conta os pontos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que estariam em vigor se nesse per�odo o aprendizado estivesse se passando na escola.
 
No in�cio dos trabalhos, ela conta que viu nas crian�as uma perda do passo a passo para a flexibilidade cognitiva e reconhecimento das pr�prias capacidades, sem o trabalho cotidiano de habilidades espec�ficas, o manuseio de brinquedos coletivos e a possibilidade do contato interpessoal. Por isso, a professora est� asiosa para que as escolas possam voltar a receber alunos. “Por mais que a aula particular tenha o professor como mediador, na escola a dimens�o � muito maior: tem projetos, eventos, socializa��o, viv�ncia e experi�ncia com indiv�duos da mesma idade.”

Tr�s perguntas para...


Toshanska Semensato, coordenadora-geral do infantil e do fundamental 1 do Coleguium Rede de Ensino

Um tempo longo sem frequentar fisicamente a escola pode trazer que tipo de preju�zo �s crian�as? 
Para que ocorra o desenvolvimento completo da crian�a, a intera��o social � necess�ria. N�o estar na escola fisicamente faz com que ela n�o tenha contato com colegas mesma idade, que possam favorecer seu desenvolvimento por meio de brincadeiras, um questionamento ou at� de est�mulos que ela tem a partir de percep��es diferentes do outro. A intera��o � um fator essencial nesse processo de desenvolvimento infantil.

H� uma faixa de idade que pode ser mais afetada que as outras?
As crian�as, principalmente, a partir de 4 anos de idade, j� est�o inseridas no processo, principalmente, de aquisi��o de outras habilidades para al�m da intera��o social. Ent�o, a BNCC nos orienta para o desenvolvimento dos quatro campos de experi�ncia, para que as crian�as se aprimorem e, a partir do 1º ano do ensino fundamental, j� tenham v�rias habilidades formadas. � essencial, portanto, que elas estejam matriculadas, mesmo que de forma on-line, para participarem dessas viv�ncias, campos de experi�ncia e aquisi��es para que se desenvolvam e tenham sucesso no processo de aprendizagem.

Pais est�o recorrendo a aulas particulares para que os filhos tenham uma refer�ncia de ensino. Como esse contato real com um professor ajuda a minimizar os preju�zos? 
Para os pais que n�o est�o conseguindo fazer esse acompanhamento dos filhos nas aulas ao vivo, esse contato com uma outra pessoa favorece que a  crian�a tenha um momento para as perguntas e explica��es das demandas e das d�vidas; consequentemente, isso auxilia na obten��o de habilidades.


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