Das grandes redes de ensino na capital mineira, uma das �nicas que retomou as aulas para crian�as de 0 a 5 anos e 8 meses foi o Coleguium Rede de Ensino. Segundo a diretora geral, Daniele Passagli, a escola estava se preparando desde o ano passado e pretendia reabrir assim que fosse liberado pela prefeitura: “Quando paramos, pensamos ‘vai ser duas semanas’ e depois vimos que o retorno seria muito mais delicado do que imagin�vamos, come�amos a observar as escolas internacionais e adotar as medidas para as nossas unidades”.
Segundo ela, uma pesquisa foi feita com os pais da educa��o infantil e, dos 500 alunos, 65% afirmaram que retomariam o ensino presencial imediatamente, 33% disseram que ainda n�o voltariam, mas pretendem mandar os filhos em breve e apenas 2% preferem manter os filhos em casa, com ensino remoto e n�o t�m previs�o de quando voltar�o para o regime presencial.
Durante a recep��o dos alunos neste primeiro dia, houve muita alegria entre pais, professores e alunos, por�m todos respeitaram as medidas de seguran�a. Segundo a diretora, foram 263 crian�as presentes na retomada das aulas nas 12 unidades de educa��o infantil da rede.
Grandes escolas particulares de BH, como o Col�gio Santa Maria e o Col�gio Loyola, retomar�o as aulas presenciais nos pr�ximos dias. Em nota, o Santa Maria afirmou que voltar� �s atividades da educa��o infantil na pr�xima segunda-feira, 3 de maio. E ao longo desta semana “as referidas Unidades de Ensino far�o reuni�es agendadas com as fam�lias dos estudantes da Educa��o Infantil para esclarecer mais detalhes sobre a decis�o, inclusive como se dar� o regime de ensino remoto para aqueles que assim optarem”. A rede tamb�m refor�ou que est� tomando as medidas de seguran�a necess�rias para atender a comunidade escolar e assegurar o bem-estar de estudantes e professores.
J� o Col�gio Loyola, iniciar� as atividades na quarta-feira, dia 28, e afirmou que as reuni�es com pais e respons�veis foram feitas nesta segunda (26/4), para esclarecer como ser� a retomada das aulas. Em nota, disseram tamb�m que as depend�ncias da escola est�o preparadas para receber alunos desde fevereiro deste ano, ap�s meses de adapta��es de acordo com os protocolos necess�rios para evitar cont�gio da COVID-19.
Pais n�o se sentem seguros
Mesmo com reformas e adapta��es nas escolas, alguns pais n�o se sentem confort�veis em mandar seus filhos para a rotina presencial novamente. Camila Colares tem 39 anos, � advogada e tem um filho de 5 anos, o Theo. Para conciliar a rotina do teletrabalho e a maternidade, desde antes da pandemia, ela criou um espa�o que oferece oportunidades para ambos: pais e filhos.
Al�m de advogada, Camila � s�cia-fundadora da Tr�ade, um espa�o de coworking familiar. Segundo ela, a ideia surgiu aos 2 anos do filho: “O espa�o j� existia desde antes da pandemia. J� tem 3 anos de funcionamento. Ficou fechado por muito tempo ano passado, mas voltou a funcionar assim que foi poss�vel. � um local comercial e estamos funcionando com 50% da capacidade. Aqui tem brinquedoteca, parte da soneca, estrutura de coworking no interior da casa e as crian�as ficam com estudantes de pedagogia, que s�o as cuidadoras deles. Enquanto isso, os pais trabalham”, explica.
Para frequentar o local, � necess�rio que os pais e filhos fa�am contas de associa��o por, pelo menos, um m�s. Mas Camila garante que, desde outubro do ano passado, as fam�lias que v�o para a Tr�ade s�o as mesmas, respeitando os protocolos combinados e vivendo dentro da mesma ‘bolha social’: “O p�blico que se identifica com a proposta, tem um olhar muito similar para a parentalidade e a inf�ncia. Todas as fam�lias que est�o aqui, n�o v�o mandar os filhos para a escola, at� mesmo porque, um dos nossos protocolos � manter a nossa bolha de conv�vio”.
“N�o sei os cuidados das outras fam�lias e fico insegura em manda-lo para um lugar que eu n�o tenho controle. Acredito que as escolas ser�o respons�veis, n�o sou contra o retorno. T�m fam�lias que dependem disso, entendo �quelas que v�o enviar os filhos. Mas no meu caso, tenho privil�gio de deix�-lo em casa, com um espa�o para brincar ao ar livre e desenvolver habilidades criativas”, finaliza a advogada.
O pensamento da Camila � compartilhado por outra m�e, D�bora Peroni, de 36 anos, tamb�m advogada. Ela n�o viu necessidade de mandar a filha Alice, de 2 anos, para a escola particular em que est� matriculada, j� que tem suporte de uma bab� em casa, al�m de contato social com outras crian�as do pr�dio que moram: “Como ela n�o est� sem contato com outras crian�as, pode brincar na �rea do pr�dio, optamos por n�o deix�-la ir para a escola”.
D�bora conta que faz atividades com a filha para estimular o aprendizado e a escola enviava algumas tarefas, mas n�o mantiveram a frequ�ncia por terem percebido que n�o estava surtindo tanto efeito: “Acredito que foi at� mesmo pelo home office, os pais estavam sem tempo para ensinar os filhos”, diz.
Durante a pandemia, ela e o marido revezavam entre o trabalho e o cuidado com a filha que s� tinha um ano e ainda estava aprendendo a andar. “A qualidade do trabalho come�ou a ser afetada, �s vezes fic�vamos at� de madrugada trabalhando, porque nossa filha demandava muito tempo durante o dia”, diz e completa “precisamos contratar uma bab� e conseguimos estabelecer uma rotina legal. Alice acostumou com ela e tem dado certo”.
Para fazer atividades voltadas � educa��o, D�bora compra livros de colorir, blocos para montar e fazem outras atividades para estimular a filha dentro daquilo que � poss�vel para a fam�lia. Como Alice ainda n�o est� em idade escolar obrigat�ria, os pais decidiram manter a rotina entre pessoas conhecidas, evitando novos contatos e garantindo a sa�de, n�o s� deles, mas tamb�m dos av�s que ainda n�o completaram o esquema vacinal contra a COVID-19, e t�m contato com a neta constantemente.

Ainda sem obrigatoriedade para frequentar escola, Arthur tem 2 anos e todos os dias vai para a casa da av� e brinca ao ar livre no quintal: “Ele fica na casa da minha sogra e brinca muito, tem espa�o para gastar energia, que n�o � pouca. N�s matriculamos o Arthur na escola com 9 meses e agora, sem aulas, eu pesquiso bastante e compramos muitos livros de colorir, blocos de encaixar e tentamos ensinar da forma que � poss�vel em casa”, finaliza Camila.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Eduardo Oliveira