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Estado de Minas ENSINO SUPERIOR

Vacina��o contra a COVID-19 para professores segue neste s�bado em BH

Vacina��o dos trabalhadores no ensino superior come�ou para a faixa et�ria de 18 a 59 anos. Mais de 30 mil profissionais j� receberam a primeira dose


05/06/2021 04:00 - atualizado 05/06/2021 07:38

Quem estiver no grupo de preferência, vá até os postos e se vacine, não perca essa oportunidade. É fundamental que toda a população esteja vacinada para que esse vírus desapareça%u201D Niara Cruz, de 31 anos, professora do curso de ciências contábeis do Centro Universitário Estácio de Sá(foto: Fotos: JairAmaral/EM/D.A Press)
Quem estiver no grupo de prefer�ncia, v� at� os postos e se vacine, n�o perca essa oportunidade. � fundamental que toda a popula��o esteja vacinada para que esse v�rus desapare�a%u201D Niara Cruz, de 31 anos, professora do curso de ci�ncias cont�beis do Centro Universit�rio Est�cio de S� (foto: Fotos: JairAmaral/EM/D.A Press)
Professores e demais trabalhadores das institui��es de ensino superior de Belo Horizonte experimentaram um misto de sensa��es ao receber a primeira dose da vacina contra a COVID-19. Iniciada ontem (4/6), a imuniza��o de pessoas entre 18 e 59 anos, completos at� 30 de junho, dessa categoria segue neste s�bado (5/6). De acordo com dados da Secretaria Municipal da Sa�de (SMS), compilados at� 2 de junho (o dado mais recente), a capital vacinou com a primeira dose 42% do p�blico-alvo da campanha (2.037.913 pessoas acima de 18 anos). Outros 19,3% receberam a segunda dose.

Os profissionais da educa��o celebraram, mas n�o deixaram de pontuar a necessidade de a vacina��o ser acelerada, apesar de que em Belo Horizonte o ritmo est� mais r�pido do que a m�dia em Minas e no Brasil. At� o momento, 31.339 trabalhadores da educa��o foram imunizados com a primeira dose. De acordo com dados da SMS, nenhum profissional da educa��o recebeu ainda a dose de refor�o.
 
“Ent�o, fico muito feliz de diminuir meu risco e, ao mesmo tempo, triste de saber que muitos colegas meus ainda precisam estar de forma presencial no trabalho e (a imuniza��o) vai demorar. Infelizmente, existe uma gama da popula��o que necessita e pega �nibus, est� presencialmente trabalhando e ainda n�o tomou”, comentou a professora do curso de ci�ncias cont�beis do Centro Universit�rio Est�cio de S� Niara Cruz, de 31 anos.

A docente afirmou que receber a imuniza��o foi emocionante, mas lembrou que ainda falta muito para que boa parte da popula��o do pa�s receba a prote��o. “Quem estiver no grupo de prefer�ncia, v� at� os postos e se vacine, n�o perca essa oportunidade. � fundamental que toda a popula��o esteja vacinada para que esse v�rus desapare�a”, afirmou Niara.

Em Belo Horizonte, foram aplicadas 846.573 primeiras doses e 394.259 segundas doses. Do total de primeiras doses, 461.136 contemplaram idosos acima de 60 anos, 160.087 foram para pessoas com comorbidades, gestantes e pu�rperas; 179.405 para trabalhadores de sa�de; 16.672 para for�as de seguran�a, for�as armadas, funcion�rios do sistema de priva��o de liberdade; 31.339 trabalhadores da educa��o e 7.934 pessoas de outros grupos.

Minas recebeu, at� 2 de junho, de acordo com os dados da Secretaria de Estado da Sa�de, 10.040.564 de doses. Foram aplicadas 4.928.532 primeiras doses e 2.382.765 segundas doses. De acordo com levantamento do painel COVID-19 no Brasil, Minas vacinou 23,15% da popula��o com a primeira dose e 11,19% com a segunda dose.
 
 
 

"A gente quer muito voltar �s nossas atividades. A gente tem um prazer imenso de estar na sala de aula, mas � importante pensar em toda a sociedade para que possamos juntos vencer essa pandemia"

Val�ria Gama Fully Bressan, de 46 anos, docente da Faculdade de Ci�ncias Econ�micas da UFMG (Face)


 

Homenagem � Ciencia 

A frase “Vacina e ci�ncia: UFMG contra a COVID-19” podia ser lida na camiseta da professora Val�ria Gama Fully Bressan, de 46. A vestimenta foi feita especialmente para a ocasi�o. Docente da Faculdade de Ci�ncias Econ�micas da institui��o (Face-UFMG), a moradora do Bairro Cai�ara, Regi�o Noroeste da capital, comemorou a imuniza��o.

“Foi maravilhoso poder receber a vacina hoje, at� dentro da UFMG, porque � uma institui��o que preza pela ci�ncia, est� desenvolvendo vacinas, testes para COVID. � uma institui��o que, como v�rias outras, quer buscar o bem para a sociedade como um todo”, destacou.

Val�ria disse que foi uma �tima surpresa receber, na �ltima segunda-feira, a not�cia de que a vacina��o dos professores come�aria nesta semana, e refor�ou a import�ncia de que a imuniza��o seja para todos. “A gente quer muito voltar �s nossas atividades. A gente tem um prazer imenso de estar na sala de aula, mas � importante pensar em toda a sociedade para que possamos juntos vencer essa pandemia”, afirmou.
 
 
 
 

"� um misto de sentimentos. Uma dose de esperan�a, mas significativa tristeza por ser uma realidade muito distante para todos"

Roberta Franco, de 36 anos, professora da Faculdade de Letras da UFMG (Fale)

 
 
Aos 36 anos, a professora Roberta Franco, da Faculdade de Letras da UFMG (Fale), disse que a expectativa para a imuniza��o era grande, mas n�o tinha expectativa de que fosse receber a vacina por agora. “Foi uma boa surpresa. Embora haja uma opini�o p�blica forte do porqu� de os professores se vacinarem agora, mas tamb�m existe uma demanda para que a gente volte, porque o ensino remoto n�o contempla todos os alunos, os professores ficam muito sobrecarregados.” Roberta disse que o ideal seria que os estudantes tamb�m fossem vacinados, para dar mais seguran�a no retorno �s aulas.

A professora comparou a sensa��o de receber a vacina contra a COVID-19 a uma “faca de dois gumes.” “� um misto de sentimentos. Uma dose de esperan�a, mas significativa tristeza por ser uma realidade muito distante para todos, e n�o conseguirmos vislumbrar o fim da pandemia e do caos que estamos vivenciando”, pontuou.


Depoimento

"Vacinei contra a COVID-19 como prote��o e cidadania"

M�rcia Maria Cruz, Jornalista que, h� um ano e tr�s meses, escreve reportagens a respeito da COVID-19, conta como foi receber a 1� dose da vacina por ser professora universit�ria



“Desde a inf�ncia, simpatizo-me com o Z� Gotinha. Nem quando crian�a tive medo de me vacinar, muito pelo contr�rio. Mas jamais imaginaria que, na vida adulta, vacinar seria t�o simb�lico e me faria chorar como aquelas meninas e meninos que n�o entendiam bem as agulhadas. Al�m de jornalista, desde 2008, sou professora universit�ria no curso de jornalismo, o que me credenciou para integrar o grupo vacinado, na sexta-feira (4/6): os docentes de n�vel superior. 

N�o consegui dormir de quinta para sexta-feira, acordando diversas vezes com imagens, sem muito sentido, de que grupo priorit�rio a imuniza��o se destinaria – uma preocupa��o �tica, uma vez que considero fundamental obedecer a ordem estabelecida pelo Programa Nacional de Imuniza��es (PNI).

Acordei �s 5h de uma noite n�o dormida para ir bem cedo vacinar. Ao lado da minha casa, tem um centro de sa�de. Fui at� l� e me informaram que a vacina��o de professores estava sendo realizada em alguns postos espec�ficos. Escolhi, sem refletir muito sobre o meu gesto, que tomaria no posto que fica na Rua Carangola, tamb�m bem pr�ximo da minha casa.

Quando l� cheguei, havia uma fila pequena, com andamento relativamente r�pido. Mostrei meu v�nculo com a faculdade onde dou aula e minha identidade. Depois que fiz o cadastro, fiquei pronta para receber a dose, ent�o, de repente, me veio � mente que estava no pr�dio da antiga Faculdade de Filosofia, Ci�ncias e Letras da UFMG, a Fafich. Neste momento, as l�grimas vieram com a for�a de queda d'�gua. N�o consegui conter a emo��o. Embora estivesse muito feliz por, enfim, poder ser vacinada, n�o imaginava que seria tomada por sentimento t�o desestabilizador.

Chorei, porque a Fafich foi local de resist�ncia � ditadura militar em 1968, quando o regime pol�tico brasileiro caminhava para o momento de maior censura e cerceamento das liberdades individuais. Chorei, porque h� um ano e tr�s meses, escrevo todos os dias sobre COVID-19 e tenho que informar o n�mero de pessoas que morreram v�timas dessa doen�a, algo que sempre me devastou muito: ver os n�meros aumentarem e os governos e, at� mesmo a sociedade, relativizarem as estat�sticas. 

Chorei pelas duas profiss�es que escolhi, jornalista e professora, que t�m sido t�o vilipendiadas no Brasil. Chorei por estar na Fafich e saber que tantos jornalistas brilhantes foram formados ali. Chorei por entender como um simples gesto de me vacinar se tornou ato de cidadania num pa�s que parte da popula��o descredibiliza a imprensa, a ci�ncia, a educa��o e a vacina. Chorei por entender que o Brasil vai passar por esse momento sombrio, como passou por outros de igual terror no passado.

Desde o in�cio da pandemia, em mar�o de 2020, fui destacada para a equipe do Estado de Minas que cobre a COVID-19. Em especial, o diretor de reda��o pediu que eu tivesse aten��o especial ao desenvolvimento de vacina. 
Ent�o, desde aquela �poca, passei a acompanhar os estudos que se cadastravam numa plataforma cient�fica internacional para iniciarem os ensaios cl�nicos. Aprendi sobre cada uma das etapas de desenvolvimento de uma vacina, passei a entender como era feita a avalia��o dos estudos por pares. E como jornalista diariamente esperava poder dar a t�o sonhada not�cia de que t�nhamos vacina para a COVID-19.

Os estudos avan�aram com mais agilidade do que de costume e, no final de 2020, j� t�nhamos vacinas dispon�veis. Parecia um sonho at� que olhei para a realidade brasileira. Embora a vacina estivesse dispon�vel no mundo, n�o havia sinaliza��o por parte do governo federal para um plano nacional de imuniza��o. O que era para ser a sa�da festejada para a maior pandemia que a humanidade j� enfrentou come�ou a ser algo de ataques de teorias da conspira��o, que questionavam o valor da vacina e colocavam em xeque a efic�cia.

Meu trabalho como jornalista, como de todos os meus colegas de reda��o, ent�o, passou a ser desmentir boatos, desinforma��o e mentiras sobre as vacinas. Acompanhei de perto o desenvolvimento da vacina nas universidades mineiras, em especial a UFMG, dando ampla visibilidade �s pesquisas, �s dificuldades dos pesquisadores e � import�ncia de termos uma vacina com tecnologia nacional.
 
Em �mbito internacional, apresentei quais eram os estudos mais avan�ados. Tamb�m apresentei o CTVacinas; anunciei em primeira m�o quando os testes pr�-cl�nicos foram iniciados em primatas n�o humanos; dei em primeira m�o, numa entrevista exclusiva com a reitora Sandra Goulart, que a Prefeitura de Belo Horizonte financiaria parte da pesquisa da maior universidade mineira.
 
O Plano Nacional de Operacionaliza��o de Vacina��o contra a COVID-19 foi lan�ado e o que deveria ser motivo de alegria se tornou ponto de investiga��o devido aos chamados fura-filas. Algo que jamais estaria no meu horizonte de expectativas ocorria: as pessoas tentavam burlar a ordem de prioridade, tentativas de roubo de vacinas, golpes para aplica��o de vacinas a pre�os elevad�ssimos. 

O ditado 'farinha � pouco, meu pir�o primeiro' revelou uma face triste de nossa cultura, o jeitinho. Formas de conseguir ser inclu�do em grupo de prioridades, atestados falsos e at� mesmo mudar sua vincula��o profissional para poder ser vacinado. Esperei a minha vez e confesso que at� fico triste em saber que a vacina��o segue t�o lenta, e que � preciso que as categorias travem uma verdadeira guerra para conseguir o direito de ser vacinado. Sigo, por�m, com a esperan�a de que vamos superar esse momento t�o dif�cil. N�o posso jamais deixar de agradecer ao Sistema �nico de Sa�de e � ci�ncia por esse momento. Hoje, j� na meia idade, sigo amando o Z� Gotinha mais do que nunca.”


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