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Estado de Minas DIA DOS NAMORADOS

Em tempo de pandemia, casais vencem o medo por amor, mas adotam preven��o

Sob o impacto da crise sanit�ria, relacionamentos t�m o espa�o da paix�o e o dos cuidados para deter os riscos de contamina��o dos parceiros pelo coronav�rus


12/06/2021 04:00 - atualizado 12/06/2021 07:44



Em um dos romances mais admirados da literatura mundial, “O amor nos tempos do c�lera”, de Gabriel Garc�a M�rquez, o sentimento que obcecava o protagonista Florentino Ariza por Fermina Daza floresce numa �poca de muitas dificuldades logo ap�s a epidemia de c�lera que assolou o Caribe no s�culo 19. O casal s� encontrou o final feliz na maturidade, demonstra��o da for�a da paix�o que derrubou desafios impostos at� pela medicina.

Com alguma semelhan�a num Brasil de hoje, encurralado pela COVID-19 , casais que, como no cl�ssico de Garc�a M�rquez, se conheceram num cen�rio de crise sanit�ria demonstram que com amor est�o vencendo as batalhas di�rias sob os efeitos do v�rus.
 
Os obst�culos come�aram no primeiro encontro para os auxiliares administrativos Gabriela Duarte Almeida, de 23 anos, e Arthur Eduardo Teixeira, 24, que se aproximaram pelas redes sociais, no per�odo mais fechado do distanciamento social recomendado no combate � dissemina��o do coronav�rus. Eles estudam economia e se viram pela primeira vez quando o mundo ainda parecia normal, na universidade na qual estudam.
 
 
Lição de superação - Dayanne Andrade e André Gomes buscaram na terapia suporte para enfrentar a nova rotina
Li��o de supera��o - Dayanne Andrade e Andr� Gomes buscaram na terapia suporte para enfrentar a nova rotina (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
 
Antes de o namoro se concretizar, o contato perdurou por meses somente nas telas do computador e do celular, j� que, com a ida de ambos para o interior de Minas, perderam a proximidade. “Fomos nos conhecendo por conversas virtuais nesse tempo. Mas, agora, o namoro tem sido como nos filmes. Passamos muito tempo juntos por conta do trabalho remoto, que em uma situa��o normal n�o seria poss�vel. E � muito ben�fico, nos conhecemos muito e acabou compensando o in�cio em que conversamos apenas pelas redes”, conta Gabriela.
 
O temor da contamina��o tamb�m desafiou as empreendedoras Fernanda Yasmin Jenne Jooplin Souza do Carmo, 26, e Let�cia Louren�o Rosa, 25, mas elas estavam decididas a viver um relacionamento. Por meio de um aplicativo de namoro elas se conheceram quando a pandemia j� assustava o mundo, ainda limitada � China e viram a reaproxima��o e o amor nascer em meio ao caos no Brasil. Seguiram o contato pelas redes sociais at� que resolveram se encontrar em meio ao surto de casos em junho de 2020.
 
 
Chance para o amor %u2013 William Santos e Márcio Felipe não deixaram que %u201Cfantasmas%u201D do vírus barrassem relacionamento
Chance para o amor %u2013 William Santos e M�rcio Felipe n�o deixaram que %u201Cfantasmas%u201D do v�rus barrassem relacionamento (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 
“Sempre tive muito medo, at� porque sou asm�tica e trabalho com entrega de comidas. E quando decidimos nos encontrar pela primeira vez, tomados todos os cuidados”, diz Fernanda do Carmo. Sob o brilho de lua cheia, Fernanda e Let�cia combinaram passar juntas o fim de semana e a partir de ent�o evitar os deslocamentos para se encontrarem. “Sa�mos o m�nimo poss�vel, justamente para que a gente continue se encontrando.”
 
A internet tamb�m aproximou o auxiliar de dep�sito M�rcio Felipe Ferreira Barbosa, 23, do namorado, o motoboy William dos Santos Almeida, 25. A despeito do medo da doen�a respirat�ria, chegaram � conclus�o de que valia a pena dar uma chance ao amor entre per�odos de fechamento e reabertura da cidade durante a pandemia. O primeiro encontro, entretanto, foi um pouco diferente do habitual. “Nos encontramos algumas vezes no carro. Logo ap�s o nosso primeiro encontro, veio a flexibiliza��o e abertura do com�rcio n�o essencial”, contam.
 
Tomando medidas de preven��o contra a transmiss�o do coronav�rus, M�rcio e William afirmam que aprenderam a lidar um com o outro e a enfrentar as adversidades, com o passar do tempo, de forma mais tranquila em rela��o aos medos e a incerteza do cen�rio atual do Brasil. “O mais legal � que os fantasmas da pandemia n�o nos impediram de come�ar a nossa hist�ria”, afirma M�rcio. Uma das decis�es foi come�ar a frequentar alguns bares, sem se descuidarem dos protocolos sanit�rios.
 
 
Tempo intimista %u2013 Fernanda Carmo e Letícia Rosa optaram pelo isolamento para se manterem unidas com menos riscos
Tempo intimista %u2013 Fernanda Carmo e Let�cia Rosa optaram pelo isolamento para se manterem unidas com menos riscos (foto: Arquivo Pessoal)

Exemplo

Se os novos casais comemoram o sucesso da conviv�ncia, em meio �s restri��es que a COVID-19 transformou em 'novo normal', e em alguns casos consideram at� ter sido acesa uma chama a mais na fogueira do amor, para os casados algumas barreiras surgiram durante o isolamento. Os “eternos namorados”, como se definem os empreendedores Dayanne Andrade, 32, e Andr� Gomes, 36, viram a vida profissional se juntar � conviv�ncia de casal em um s� espa�o, rotina que sacudiu a rela��o deles, casados desde junho de 2017.
 
“Pass�vamos 24 horas por dia no mesmo local, e o lado profissional passou a se sobrepor ao pessoal. Mesmo trabalhando com reeduca��o sexual e di�logos saud�veis, foi primordial procurar o aux�lio de um terapeuta de casais para nos ajudar a separar novamente o pessoal e o profissional”, diz Dayanne.
 
Eles, ent�o, recuperaram o ponto de equil�brio, acreditando mais no apoio um do outro. “Criamos mais di�logos, conversamos mais sobre nossas vidas e isso fez muita diferen�a para o relacionamento, j� que levamos uma vida 24 horas juntos”, destaca Dayanne. Ela e Andr� tiveram a internet como cupido 14 anos atr�s.

Empurr�o

A pandemia imp�s maiores dificuldades para os encontros e come�os de relacionamento, mas tamb�m ajudou e deu um bom est�mulo ao aconchego, j� que, em raz�o da necessidade de isolamento social, da pr�tica de home office e de longo tempo em casa, os casais se aproximaram. Para os amores em constru��o, uma dose enorme de intensidade e profundidade foi agregada a rela��o. “N�o nos conhecemos saindo para um lugar e depois de um tempo a gente come�ou a frequentar uma a casa da outra”, conta Fernanda do Carmo.

“Pulamos direto para a intimidade, de viver uma com a outra, se relacionar, coisas que com o namoro e se conhecendo aos poucos vai devagar. A gente j� foi intenso. E para fazer dar certo, como n�o tem como sair e conhecer aos poucos, � s� dentro de casa. A gente conversa para saber e fazer o que as duas querem, a gente gosta de coisas parecidas, de ver o dia, tomar uma cerveja, cozinhar, ver filme, ver s�rie, jogar”, observa Fernanda.
 
Gabriela e Arthur tamb�m experimentaram essa intensividade. Mas, demorou um pouco at� a aproxima��o chega a esse n�vel. “Ficamos mais pr�ximos, mais companheiros”, conta Arthur Teixeira. Com William e Felipe, como M�rcio � mais chamado pelos amigos e, tamb�m, pelo companheiro, a premissa foi a mesma. N�o � toa, com quase um ano de namoro, eles resolveram “juntar as escovas”. “A qu�mica � forte desde o primeiro encontro. Tudo fluiu muito bem, at� chegar ao ponto de morarmos juntos. Namorar em quarentena exigiu um preparo maior, j� que todos estamos com o psicol�gico abalado. Mas, o maior benef�cio que temos � a companhia um do outro, nos conhecemos melhor e constru�mos algo mais real”, relata o motoboy.

Dia do romance

Hoje, os casais devem comemorar o Dia dos Namorados de um jeito at�pico, uma vez que o amor em tempos de COVID-19 ter� que ser celebrado longe de aglomera��es e cuidando de preservar o outro. Ao menos nesse sentido, a comemora��o ganhou um ar mais rom�ntico. Por�m, a criatividade vai ter que falar alto e reinventar nunca fez tanto sentido.

Na alegria e no estresse dos plant�es m�dicos

Horas exautivas de trabalho, estresse e grande exposi��o aos riscos de contamina��o pelo coronav�rus n�o abalaram os relacionamento de profissionais da �rea da sa�de ouvidos pelo Estado de Minas. “Nos completamos e nos equilibramos para dar certo no meio do caos”, diz o cardiologista Diogo Umann, de 37 anos, casado com a dermatologista Marina Sathler, de 36. Juntos desde 2004, eles contam que se apoiam na vis�o mais pragm�tica sobre as coisas de Marian, combinada � impulsividade de Diogo, que optou por conter esse modo de encarar a vida adotando a cautela que uma pandemia exige.
 
Ponto de equilíbrio %u2013 Diogo Umann e Marina Sathler se completam mesclando características opostas
Ponto de equil�brio %u2013 Diogo Umann e Marina Sathler se completam mesclando caracter�sticas opostas (foto: Grazi Oliveira Fotografia/Divulga��o)
 
“Em meio a tudo isso, nossos la�os de amor est�o ainda mais fortes. Estamos mais unidos, conversando mais e ouvindo mais”, conta Diogo, ao considerar que o relacionamento com Marina se fortaleceu, a despeito das dificuldades que a crise sanit�ria imp�e. Vivendo a dura rotina dos hospitais, o ortopedista pedi�trico Bruno Azalim Bastos Barbosa Mendes, 32, companheiro da dermatologista Ana Vit�ria Ribeiro Perecini, 30, desde 2010, mesmo com medo, n�o deixou o prazer de estar na companhia dela.
 
A hist�ria deles se parece com aqueles roteiros de filmes em que os casais custam a ficar, de fato, juntos. Bruno e Ana Vit�ria come�aram a namorar em agosto de 2010, nas s� decidiram morar juntos no  in�cio da pandemia, ap�s desistirem da cerim�nia de casamento.  “Foi um momento de muito estresse. J� est�vamos noivos, e acabamos nos aproximando mais e come�amos a morar juntos”, conta Ana. Envolvidos em frequentes plant�es, eles adotam o distanciamento social rigoroso, mas n�o deixam de curtir unidos os momentos de descanso.
 
A pandemia mudou a propor��o dos sentidos e das atividades do dia a dia, inclusive do amor, segundo o psicol�gico comportamental Leonardo Morelli. “Amor n�o � apenas na alegria e em momentos felizes. Pelo contr�rio. Amar � poder compartilhar com outro nossas dores, medos, ang�stias e sofrimentos. � saber que tem sempre algu�m por perto e que por mais dif�cil que pare�a, n�o estamos sozinhos. Saber que temos algu�m para caminhar conosco torna esse caminho menos pesado”, ensina. (JM)

*Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Marta Vieira

Tempo a s�s 


Separar tempo para o lazer, promover a descontra��o e relaxar � muito importante para os casais, uma dica de ouro, como destaca a psic�loga e sex�loga S�nia Eust�quia. “Um dia de casal, com vinho, assistir � televis�o, ter uma conversa relaxante s�o �timas formas de passar o Dia dos Namorados, sem preocupa��es e se desligando um pouco dos problemas e aproveitando cada momento”, sugere. Caso ainda seja dif�cil ter mais intimidade e se sentir confort�vel, S�nia aconselha apimentar a rela��o. “Usar acess�rios er�ticos � uma boa ideia, mas aten��o a todo cuidado na hora de escolher o acess�rio. Cada pessoa se sente mais � vontade com um ou outro. Seria bom se escolhessem juntos. O perigo de errar se torna menor”, recomenda.
 


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