Museu de Ci�ncias Morfol�gicas da UFMG em crise por falta de funcion�rios
Funcion�rias terceirizadas que faziam a manuten��o das pe�as do acervo foram dispensadas; universidade nega que corte or�ament�rio tenha rela��o
Com pe�as reais, museu foi o primeiro do pa�s a implementar modelo (foto: Museu de Ci�ncias Morfol�gicas/Divulga��o)
O Museu de Ci�ncias Morfol�gicas da Universidade Federal de Minas Gerais (MCM-UFMG) est� enfrentando um corte de funcion�rios que pode levar ao fechamento do estabelecimento.
Apesar da suspens�o da visita��o presencial desde o in�cio da pandemia, todas as pe�as do acervo s�o reais, e por isso necessitam de uma manuten��o constante, que era feita pelos colaboradores desligados.
A hist�ria do museu come�ou h� 23 anos, num projeto pioneiro em todo o pa�s. As estruturas do corpo humano que est�o no acervo s�o todas verdadeiras e a cria��o do MCM (Museu de Ci�ncias Morfol�gicas) inspirou outras institui��es a iniciar programas e museus parecidos.
Segundo a diretora do MCM, professora Gleydes Gambogi, o objetivo do local � difundir o conhecimento da estrutura do corpo humano e o funcionamento do organismo, como forma conscientizar os cidad�os sobre import�ncia de se cuidarem e incentivar uma vida saud�vel.
"As pessoas t�m a oportunidade de se observar como um corpo saud�vel, enxergar o organismo e se cuidar, para evitar qualquer situa��o cl�nica. Ao enxergar um corpo saud�vel, voc� consegue cuidar da sua sa�de e se conhecer", afirma a diretora.
Recentemente, h� pouco mais de um m�s, cinco funcion�rias foram desligadas da institui��o. Elas realizavam o atendimento de visitantes e manuten��o das pe�as, que precisam de uma aten��o espec�fica com uma mistura de solu��es, como o formol, por serem estruturas de �rg�os humanos reais.
Sem uma equipe para esse cuidado, as pe�as poder�o ser prejudicadas e na falta de acervo o museu n�o poder� ser aberto.
"As funcion�rias foram demitidas h� cerca de um m�s e isso, realmente, inviabiliza a manuten��o das pe�as, porque elas s�o mantidas em cubas com um l�quido, como o formol. Algumas funcion�rias eram respons�veis pelo atendimento das escolas, que � nosso p�blico principal. Duas estavam mais envolvidas com a manuten��o, que requer a troca do l�quido, pelo menos, a cada 20 dias. Isso porque n�o podemos deixar o n�vel da solu��o abaixar, pois corre o risco de ressecar", explica Gleydes.
�rg�os, como esse cora��o, precisam de manuten��o constante (foto: Museu de Ci�ncias Morfol�gicas/Divulga��o)
O atendimento presencial do museu est� suspenso desde in�cio da pandemia, mas as pe�as precisam ser mantidas. As crian�as de escolas p�blicas eram as visitantes mais frequentes do local, que atendia mais de 10 mil pessoas por ano.
"Embora n�s tenhamos uma parceria muito boa com a universidade, a manuten��o era feita por funcion�rias terceirizadas. Com as aulas suspensas, n�o vamos voltar enquanto a universidade n�o determinar a volta. Isso � absolutamente tranquilo, estamos seguindo as determina��es. Mas na circunst�ncia de agora, n�o temos como voltar, porque precisar�amos das pessoas para atendimento e log�stica. Os bolsistas s�o a equipe de explica��o para os visitantes, mas estrutura de atendimento fica com os funcion�rios", disse a diretora.
Demiss�o foi uma surpresa
Diante dessa situa��o, a diretora ainda est� avaliando como as manuten��es ser�o feitas enquanto n�o h� admiss�o de novos funcion�rios ou recontrata��o das antigas colaboradoras.
"Na aus�ncia delas eu vou ter que intercalar essa fun��o de manuten��o. Felizmente eu tenho alguma pr�tica nessa parte, mas ainda estamos analisando".
A demiss�o foi uma surpresa para a equipe, que n�o sabia que isso estava para acontecer.
"N�o est�vamos sabendo da demiss�o. As universidades sofreram cortes de verbas e n�s entendemos perfeitamente essa situa��o. N�o somos inconsequentes a ponto de achar que isso foi de forma irrespons�vel. Mas n�s da diretoria n�o sab�amos que haveria essa demiss�o".
"Foi uma surpresa, mas � uma situa��o que precisamos nos preparar e organizar para trabalharmos. Temos certeza que a universidade vai se mobilizar e tenho esperan�a que vamos poder voltar, quando for poss�vel, com condi��es de atender no museu", disse Gleydes.
Apesar dos cortes de verbas recentes nas universidades federais, a UFMG afirmou que as demiss�es n�o t�m rela��o com esse bloqueio e sim pela falta de atividades presenciais. Portanto, n�o teriam justificativas para manter funcion�rios terceirizados.
A conserva��o das pe�as � feita por l�quidos, como o formol (foto: Museu de Ci�ncias Morfol�gicas/Divulga��o)
Veja a nota da UFMG
"A Universidade Federal de Minas Gerais, em regime de trabalho remoto desde o dia 18 de mar�o de 2020, suspendeu as atividades presenciais n�o essenciais em seus espa�os f�sicos. Desde ent�o, foi institu�do um Comit� de Enfrentamento ao Novo Coronav�rus que desenvolveu um Protocolo de biosseguran�a, adequa��o do espa�o f�sico e monitoramento da covid-19 na UFMG, com as recomenda��es para a retomada gradual das atividades presenciais, respeitando as an�lises sobre o comportamento da pandemia, a legisla��o vigente e as recomenda��es das autoridades sanit�rias de Belo Horizonte.
A visita��o ao Museu de Ci�ncias Morfol�gicas da UFMG est� suspensa desde ent�o, n�o justificando a manuten��o de funcion�rios terceirizados. As atividades de manuten��o do Museu, consideradas essenciais, continuam mantidas. O Museu, um importante espa�o de ci�ncia e de divulga��o cient�fica, que atende significativo p�blico da educa��o b�sica, retomar� suas atividades presenciais t�o logo a Universidade esteja funcionando plenamente de forma presencial".
Com quase 40% a menos de seus recursos em rela��o a 2020, a maior universidade federal do estado teme chegar ao fim do ano com caixa no vermelho. O corte e bloqueio de verbas chegou a R$ 103 milh�es e poder�o ser afetados contratos de terceirizados, pagamento de bolsas e at� mesmo o plano de retorno a atividades presenciais.
"A UFMG � s�ria e preza pelo seu comprometido por responsabilidade financeira. A curto prazo � dram�tico, a m�dio e longo prazos � desastroso, n�o apenas para a universidade, mas para o desenvolvimento do pa�s em todas as �reas do conhecimento. Hoje, 95% das pesquisas do Brasil s�o feitas em universidade p�blicas. Para Minas, com 11 universidades e 19 institutos federais, ser� dram�tico", disse a reitora � reportagem do EM.
Em um momento cr�tico para o sistema de sa�de brasileiro, as pesquisas das universidades em todo pa�s s�o essenciais para melhoria do cen�rio.
"Isso � investimento em ci�ncia. A UFMG foi escolhida como a universidade federal n�mero 1 do Brasil. � um motivo de orgulho de BH e Minas Gerais. Ent�o, a prefeitura vai garantir, sim, a continuidade dos estudos da fase 2 da vacina da UFMG. N�s conveniamos com a UFMG, isso est� sendo feito ainda, tudo documentado", afirmou o prefeito em entrevista � TV Globo Minas.
Nesta quinta-feira (15/7), o governo de Minas anunciou investimento de R$ 58 milh�es em pesquisa e ci�ncia, sendo que R$ 28 milh�es ser�o destinados � Funed e R$ 30 milh�es ao Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG.
Em junho, um pequeno valor foi desbloqueado para o Minist�rio da Educa��o (MEC), que j� somava mais de R$ 3 bilh�es em corte e bloqueio or�ament�rio. Foram R$ 1,5 bilh�es liberados, por�m o montante permanece insuficiente para manter as universidades federais de todo o pa�s em pleno funcionamento.
A UFMG divulgou uma nota sobre o desbloqueio e afirma que a redu��o compromete o funcionamento adequado, entretanto, garante que mesmo com os cortes, a qualidade do ensino permanece crescente e a universidade vai continuar na defesa "de condi��es para seguir trazendo resultados para toda a sociedade brasileira".
*Estagi�ria sob supervis�o do editor �lvaro Duarte