os term�metros devem marcar abaixo de 8°C a partir de desta sexta-feira (30/7) em Belo Horizonte. O fen�meno � causado por uma massa de ar polar que chegou a Minas Gerais nessa quinta (29/7), provocando geadas ao Sul do estado e recordes de frio em diversos munic�pios. O clima g�lido s� deve passar a partir de quarta-feira (4/8), quando a massa polar vai embora.
As not�cias n�o s�o boas not�cias para quem vive ao relento. Segundo previs�es do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Diferentemente de capitais como S�o Paulo, que abriu as esta��es de metr� para acolher os sem-teto, ou do Rio de Janeiro, que montou um esquema especial para os vulner�veis em centros de refer�ncia de assist�ncia social, BH, at� o momento, ainda n�o articulou medidas de acolhimento emergencial para essa popula��o neste inverno.
Consultada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Assist�ncia Social informou que passou a realizar um monitoramento especial da ocupa��o das vagas dos abrigos do munic�pio e, se necess�rio, realizar� amplia��o dentro das estruturas j� existentes. Caso a ocupa��o chegue � totalidade, o Executivo diz que pretende recorrer a hospedagens parceiras.
Por ora, h� um protocolo especial ativado nos servi�os de sa�de. Agentes p�blicos est�o orientados a monitorar poss�veis casos de hipotermia e encaminh�-los imediatamente �s Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e pronto-socorros da capital.
Os abrigos existentes na cidade, contudo, n�o parecem responder �s necessidades da popula��o de rua. As unidades disponibilizam em torno de 600 vagas. Ou seja: 6% do necess�rio para acolher os sem-teto.
Cacha�a
“Por outro lado, j� estou atr�s de um lugar mais quente. De repente, uma ocupa��o. De quarta para quinta, nem a cacha�a, que � o Rivotril do pobre, me fez dormir, de tanto frio. A madrugada foi gelada demais, ningu�m pregou o olho. Pode ter certeza de que todas essas pessoas que voc� v� aqui na pra�a passaram a noite em claro”, complementa.
Gilmar Barbosa, que tamb�m vive na pra�a, confirma o que diz o amigo. “E o pior de tudo � que nem uma fogueirinha aqui a gente pode fazer. Os fiscais v�m aqui e tomam at� a lenha que a gente guarda para fazer um fogo. Nem um caf� quente a gente tem o direito a fazer”, diz o homem que, as 7h de ontem (29/7), preparava uma caipirinha sobre uma mesa improvisada com tijolos.
“Voc�s n�o reparem, viu? Eu n�o escondo que bebo n�o. Bebo bastante. Encarar a nossa realidade de cara limpa � imposs�vel, as pessoas julgam porque n�o est�o na nossa pele. Mas pelo menos n�o � droga. Gra�as a Deus, nem eu, nem meus amigos aqui mexemos com isso. V�cio em droga � o grande mal do morador de rua. Por causa dela � que ele passa a roubar e agredir os outros. A cacha�a ao menos � R$ 2,50 uma garrafinha que d� para cinco, seis pessoas. Eu n�o preciso roubar pra comprar isso”, desabafa.
Sa�de afetada
“Tossia muito, tive febre. Achei que era coronav�rus, mas n�o era. � doen�a que a gente pega por ficar em contato com esse rio (Arrudas), que � muito sujo. Debaixo da nossa casinha tem um tamp�o por onde a �gua desce. O vapor dessa �gua vem direto no nariz da gente, acabamos adoecendo. No inverno, tudo piora, doen�a parece que adora frio”, relata Fabiana.
Roberto, que h� pouco tempo se curou de uma tuberculose, sabe dos riscos que corre ao se instalar no casebre de lona erguido pr�ximo ao curso d’�gua, sobre terra e muito lixo. No local, contudo, ele diz que evita outros perigos.
“Ficar perto do rio faz a gente sentir mais frio, tem muito mais sujeira, mas a cal�ada � mais perigosa. No passeio, a gente corre mais risco de ser queimado, tomar pedrada. Dos males, viver nesse chiqueirinho aqui � o menor”, pondera Costa, que tamb�m descarta a possibilidade de ir para albergues durante o inverno. “J� estive neles, sei como �. Em albergue, a gente n�o prega o olho por causa dos percevejos e, pior, por medo de ser roubado ou atacado por algu�m. O que a gente queria mesmo � um c�modo com banheiro. Uma ajuda para pagar um aluguel. � isso que resolveria o nosso problema aqui”, cobra.
“Ficar perto do rio faz a gente sentir mais frio, tem muito mais sujeira, mas a cal�ada � mais perigosa. No passeio, a gente corre mais risco de ser queimado, tomar pedrada. Dos males, viver nesse chiqueirinho aqui � o menor”, pondera Costa, que tamb�m descarta a possibilidade de ir para albergues durante o inverno. “J� estive neles, sei como �. Em albergue, a gente n�o prega o olho por causa dos percevejos e, pior, por medo de ser roubado ou atacado por algu�m. O que a gente queria mesmo � um c�modo com banheiro. Uma ajuda para pagar um aluguel. � isso que resolveria o nosso problema aqui”, cobra.
'Misturados ao lixo'
Constrangido, ele diz que n�o toma banho h� cerca de duas semanas, pois a bica usada para a higieniza��o � gelada. "Nem direito a banheiro n�s temos. Fazemos nossas necessidades em um beco e tomamos banho gelado. N�s somos, lixo. Somos misturados ao lixo", desabafa.
Interior lan�a a��es de socorro nas ruas
Com a chegada das frentes frias e previs�es meteorol�gicas para os pr�ximos dias de temperaturas ainda mais baixas, prefeituras do Sul de Minas anunciaram que v�o aumentar a busca ativa por pessoas em situa��o de rua para serem levadas para os abrigos municipais. Em Passos, a administra��o municipal iniciou um plano de conting�ncia para minimizar os impactos do frio sobre essa popula��o. Como parte das a��es est�o abordagens sociais mais intensas, encaminhando as pessoas para acolhimento, e ainda uma campanha de arrecada��o de agasalhos. Na Zona da Mata, Juiz de Fora – que tem a quarta maior popula��o do estado, o frio rigoroso estimulou a administra��o municipal a criar, em 29 de junho, o Comit� Permanente de Gest�o de Situa��es de Baixas temperaturas. Como parte das dilig�ncias, a prefeitura lan�ou a “Campanha JF Solid�ria no Frio” com o objetivo de arrecadar cobertores e colch�es novos para a popula��o em situa��o de rua e fam�lias em vulnerabilidade social no munic�pio.