“Parece que a cada ano isso vem com mais frequ�ncia. As nuvens que antes duravam 20 minutos, agora duram tr�s, quatro horas. Fica muito ruim abrir os olhos quando o vento bate”, relata o morador Hugo Cordeiro, de 28 anos, ao refor�ar que a nuvem de poeira ocorre durante o inverno na cidade h� mais de uma d�cada.
Mesmo com o inc�modo e a sujeira, a principal preocupa��o � com a sa�de dos moradores. "� uma coisa invis�vel, voc� vai tendo problemas com a respira��o e percebe ao longo da vida. A popula��o est� respirando isso. � um problema maior at� que a pr�pria barragem. Se ela estourar, ela mata ‘� vista’, a poeira vai matando ‘a prazo’", afirma o residente.
Os congonhenses desconfiam que a intensidade jamais vista da nuvem seja resultado do trabalho das mineradoras. "Tem uma novidade que � o empilhamento de rejeitos a seco. O que era barragem, a partir desse ano, passou a empilhar a seco", afirma Sandoval Souza, diretor de meio ambiente e sa�de da Uni�o de associa��es comunit�rias de Congonhas.
"� um p�tio bem grande (onde fica o rejeito de min�rio). Ent�o est� tudo se somando, o pre�o do min�rio tamb�m est� muito alto, eles est�o com a produ��o alta", explica.
Em nota, a Vale informa que n�o foram identificadas anormalidades em suas opera��es em Congonhas e regi�o nesse per�odo. As esta��es automatizadas de monitoramento de qualidade do ar registraram dados dentro dos padr�es legais na semana anterior. Os controles operacionais para redu��o de material particulado est�o funcionando normalmente nessas unidades.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Congonhas informou, por meio de nota que, "no dia 28 de julho de 2021 houve uma nuvem de poeira que atingiu �reas habitadas do munic�pio. No in�cio da manh� percebemos a emiss�o e a dispers�o do material particulado, momento este que, imediatamente, entramos em contato por telefone com as empresas para que as medidas de mitiga��o para o controle de dispers�o de particulados fossem imediatamente intensificadas. Al�m disso, a fiscaliza��o ambiental se deslocou at� o local para a verifica��o do fato no qual foi lavrado os autos de infra��o.
Ressalta-se, que a Secretaria de Meio Ambiente, desde maio de 2021, por meio de of�cios e reuni�es com as empresas, vem desenvolvendo um trabalho em busca de um efetivo Controle Ambiental Municipal. No dia 01 de junho, as mineradoras instaladas nas proximidades da Serra Casa de Pedra receberam recomenda��es para que houvesse a intensifica��o das medidas de controle de emiss�o e dispers�o de material particulado no per�odo de seca. Nos meses de maio e junho foram realizadas diversas reuni�es com as transportadoras para adotarem medidas de conten��o de emiss�o de poeira."
O Estado de Minas questionou tamb�m a mineradora CSN sobre a nuvem de poeira. No entanto, nenhum retorno foi obtido. T�o logo a empresa responda as quest�es, esta reportagem ser� atualizada.
Pedido de puni��o
Na quarta-feira (28/7), o tamanho e a dura��o - entre o fim da manh� e o meio da tarde - de uma nuvem assustou os moradores. O diretor das associa��es, ent�o, fez uma representa��o ao Minist�rio P�blico para pedir puni��o �s secretarias de meio ambiente municipal e estadual. Antes, na semana passada, j� tinha acionado o �rg�o.
“Com base no que aconteceu ano passado, quando eles falaram que iam fazer uma for�a-tarefa para melhorar a situa��o, fizemos uma representa��o preventiva. O objetivo � que o MP apure o que eles t�m feito para evitar o problema”, explica Sandoval Souza.
O l�der � um dos fundadores do Instituto Hist�rico e Geogr�fico de Congonhas e acredita que essa entidade pode ajudar em causas como esta. “Agora vamos partir para a filia��o estadual. O objetivo � a preserva��o da cidade como um todo, da cultura, meio ambiente, turismo, hist�ria e resguardo de documentos”.
Enquanto isso, os moradores sofrem - e ficam preocupados - com a sujeira lan�ada nas resid�ncias. “Voc� limpa e no dia seguinte j� est� tudo cheio de poeira", afirma Hugo Cordeiro.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Thiago Ricci