Pelo menos 52,91% da popula��o brasileira recebeu a primeira dose da
vacina
contra
COVID-19
, segundo dados do Minist�rio da Sa�de. Apesar do caminho ainda ser longo at� que todo o p�blico-alvo complete o esquema vacinal, estudos j� est�o sendo realizados para refor�ar a imuniza��o com uma
terceira dose
.
A Universidade Federal de Minas Gerais ( UFMG ) vai iniciar testes cl�nicos em pacientes que tomaram as duas doses da CoronaVac para que recebam um refor�o com a SpiN-Tec, imunizante que est� sendo desenvolvido na universidade.
A Universidade Federal de Minas Gerais ( UFMG ) vai iniciar testes cl�nicos em pacientes que tomaram as duas doses da CoronaVac para que recebam um refor�o com a SpiN-Tec, imunizante que est� sendo desenvolvido na universidade.
Ela ressalta o papel da vacina chinesa no in�cio da imuniza��o no Brasil. “At� o primeiro momento, a grande maioria da popula��o foi imunizada com a CoronaVac. Ela contribuiu, provavelmente, para a diminui��o no n�mero de casos que observamos no atual momento, comparado com o per�odo de maio onde tivemos um pico enorme de casos e mortes de COVID-19”, avalia.
Jordana acredita que o caminho agora � pensar em estrat�gias que v�o favorecer, ou mesmo aumentar, a resposta imune produzida pela CoronaVac. Essa � a ideia proposta por pesquisadores da UFMG � Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) no fim de julho.
A vacina SpiN-Tec, que come�ou a ser desenvolvida entre abril e maio do ano passado pelo CTVacinas da UFMG, pode ser usada como refor�o da CoronaVac. “H� a perspectiva de uma terceira dose em indiv�duos vacinados com a CoronaVac, com a primeira e segunda dose, e com at� um per�odo de seis meses da segunda dose aplicada”, explica a professora da universidade.
“Vai ser avaliada a seguran�a, na fase cl�nica 1, daquele prot�tipo vacinal ou imun�geno. No estudo de fase cl�nica 2 vai avaliar a efic�cia da vacina da UFMG em induzir um refor�o para os indiv�duos que j� foram previamente vacinados”, explica.
Al�m disso, ela destaca que tamb�m h� estudos para um esquema de vacina��o heter�logo, um sistema onde a primeira dose e o refor�o s�o vacinas diferentes.
“A gente j� tem um estudo muito interessante mostrando que uma primeira dose de Astrazeneca e uma segunda dose com Pfizer induz uma alta resposta de anticorpos, mais do que se a gente colocar o que chamamos de sistema hom�logo, que s�o doses de refor�o com a mesma vacina. Ainda precisa ser mais elaborado e a gente vai conseguir ter mais informa��es sobre isso nesse ensaio cl�nico que a UFMG vai come�ar a desenvolver nos indiv�duos vacinados com Coronavac”, afirma Jordana.
“A gente j� tem um estudo muito interessante mostrando que uma primeira dose de Astrazeneca e uma segunda dose com Pfizer induz uma alta resposta de anticorpos, mais do que se a gente colocar o que chamamos de sistema hom�logo, que s�o doses de refor�o com a mesma vacina. Ainda precisa ser mais elaborado e a gente vai conseguir ter mais informa��es sobre isso nesse ensaio cl�nico que a UFMG vai come�ar a desenvolver nos indiv�duos vacinados com Coronavac”, afirma Jordana.
Efici�ncia
� necess�rio que a popula��o entenda que questionar a efici�ncia da vacina � um debate infundado e contribui para a desinforma��o, como avaliam especialistas consultados pelo Estado de Minas .
O virologista Flavio Fonseca, do Departamento de Microbiologia da UFMG, explica que os resultados da vacina chinesa � o esperado e similar aos da Pfizer e Astrazeneca.
“Ela tem taxas de efic�cia menores que as outras vacinas, mas, quando se avalia a taxa de efic�cia global em prevenir casos graves e �bitos, os dados dos estudos que foram feitos at� agora apontam que ela � similar �s outras vacinas. Do ponto de vista cient�fico, ela � t�o v�lida quanto �s outras para combater a pandemia no Brasil”, explica.
“Ela tem taxas de efic�cia menores que as outras vacinas, mas, quando se avalia a taxa de efic�cia global em prevenir casos graves e �bitos, os dados dos estudos que foram feitos at� agora apontam que ela � similar �s outras vacinas. Do ponto de vista cient�fico, ela � t�o v�lida quanto �s outras para combater a pandemia no Brasil”, explica.
Quest�es pol�ticas acima das cient�ficas
O infectologista e membro do Comit� de Enfrentamento � COVID-19 da Prefeitura de Belo Horizonte Carlos Starling aponta que a preocupa��o que est�o colocando na CoronaVac gira em torno de quest�es pol�ticas e n�o cient�ficas.
“Essa preocupa��o n�o tem base nos dados epidemiol�gicos e nos dados cient�ficos que envolvem essa vacina. Isso � muito mais alimentado por quest�es pol�ticas do que por quest�es cient�ficas de fato. Os estudos de vida real com essa vacina mostram que ela tem o mesmo papel das outras vacinas, que � reduzir o risco grave e mortes pela doen�a, mas isso n�o significa que seja uma vacina m�gica que faz com que as pessoas vivam eternamente”, observa.
“Essa preocupa��o n�o tem base nos dados epidemiol�gicos e nos dados cient�ficos que envolvem essa vacina. Isso � muito mais alimentado por quest�es pol�ticas do que por quest�es cient�ficas de fato. Os estudos de vida real com essa vacina mostram que ela tem o mesmo papel das outras vacinas, que � reduzir o risco grave e mortes pela doen�a, mas isso n�o significa que seja uma vacina m�gica que faz com que as pessoas vivam eternamente”, observa.
Flavio Fonseca exemplifica: “O estudo feito na cidade de Serrana, em S�o Paulo, onde a cidade praticamente toda foi vacinada contra COVID-19 usando a CoronaVac, mostra que os dados de casos graves, hospitaliza��es e mortes simplesmente despencaram para n�veis extremamente importantes e similares aos dados de efic�cia gerados para outras vacinas”.
Por que pessoas que tomaram a vacina podem morrer?
Dados iniciais, da fase de pesquisa no Brasil, mostravam que, caso a pessoa seja infectada pelo coronav�rus, a CoronaVac oferece 100% de efic�cia para evitar adoecimento grave, 78% para prevenir casos leves e 50,38% menos risco de adoecer. No entanto, essas estat�sticas mostram em pessoas que participaram do estudo, n�o havia uma efic�cia de 100% garantida em toda a popula��o que receber a vacina.
“N�o existe nenhuma vacina dispon�vel neste planeta que seja 100% segura. Seja para essa doen�a ou qualquer outra”, afirma Carlos Starling.
Jordana completa: “� muito importante a popula��o entender que n�o podemos atribuir �s vacinas uma fun��o que nunca teve e nunca ter�. As vacinas n�o induzem imunidade esterilizante, ou seja, a gente n�o esteriliza o indiv�duo que nenhum v�rus consegue entrar nele. O v�rus entra, pode gerar um ciclo de multiplica��o mas diminui os riscos de doen�a. Ent�o o principal objetivo das vacinas n�o � gerar imuniza��o esterilizante e sim reduzir doen�as e �bitos”.
No caso da CoronaVac, os especialistas apontam duas prov�veis hip�teses. Segundo Flavio Fonseca, os dados mais baixos de efic�cia do imunizante s�o atribu�dos, al�m da pr�pria caracter�stica da vacina, ao tipo de estudo.
“O estudo de fase 3 dessa vacina foi realizado em popula��es hiperexpostas. No Brasil, fizeram parte dessa fase os profissionais da sa�de, que eram na �poca, ano passado quando o estudo foi realizado, uma popula��o mais exposta pelo Sars-Cov-2 do que para a popula��o de uma forma geral”, explica.
“O estudo de fase 3, por exemplo, da Pfizer e da Astrazeneca, foi feito na popula��o geral, onde a exposi��o ao Sars-Cov-2 que causa a COVID-19 � menor. Isso impacta os dados de efic�cia global, que avalia a quantidade de pessoas que podem se infectar com a COVID-19 a respeito de estarem vacinadas. Como o estudo foi feito em pessoas mais expostas, impactou nos dados de efic�cia, gerando uma efic�cia global menor. Mas quando se avalia, n�o apenas a capacidade da vacina de infec��es, mas de doen�a grave e �bitos, esse resultado � similar aos das outras vacinas.”
No entanto, existe tamb�m a possibilidade dessas mortes serem atribu�das �s variantes. “O que pode ter acontecido, que eu mais acredito, � que esses indiv�duos que vieram a �bito, mesmo ap�s a segunda dose da vacina, provavelmente se infectaram com uma variante do Sars-Cov-2”, avalia Jordana.
“A variante de Wuhan foi utilizada como modelo para criar a vacina da CoronaVac, no in�cio da pandemia. Depois desse tempo, a gente tem um ano e meio, e o v�rus circula a uma velocidade enorme, o que permitiu uma variabilidade enorme, especialmente na regi�o do genoma que codifica a produ��o da prote�na Spike, que � o principal alvo de anticorpos neutralizantes. Se eu mudo essa parte do v�rus, isso impede que esses anticorpos neutralizantes atuem nas novas variantes que est�o surgindo. O que pode ter acontecido � isso, os indiv�duos se infectaram com uma variante a qual os anticorpos neutralizantes gerados pela CoronaVac n�o foram capazes de proteg�-los”, diz a professora.
Mas este caso n�o est� exclusivamente associado � vacina chinesa. “A gente j� sabe, por exemplo, que a vacina da Pfizer e da Moderna, por exemplo, n�o protegem da variante Delta. A gente sabe que a vacina da Astrazeneca n�o protege contra a variante Beta, que � a da �frica do Sul. A vacina da Janssen tem uma baixa prote��o para a variante da �frica do Sul. E, provavelmente, a variante Delta, que � a indiana, tamb�m vai gerar um escape viral em rela��o � resposta imune induzida pelos anticorpos vacinais. Temos que fazer mais vacinas, temos que acelerar e investir mais na produ��o de vacina para a gente poder conseguir proteger contra as novas variantes”, destaca Jordana.
Medidas n�o farmacol�gicas
Para evitar que o v�rus continue se adaptando, gerando as variantes, os especialistas ressaltam que � necess�rio continuar mantendo todas as medidas preventivas contra COVID-19, mesmo vacinados.
“Mesmo que eu me vacine, eu sou um potencial transmissor. Transmitindo, o v�rus continua circulando, continua mudando, gerando novas variantes. � importante manter as medidas de higiene, distanciamento social, uso de m�scara e educa��o da popula��o para a gente poder enfrentar essa pandemia, que ainda n�o acabou”, ressalta a professora da UFMG.