
O caso ocorreu na �ltima sexta-feira (13/8) durante uma abordagem ao filho da mulher. O v�deo mostra Maria Celia de Jesus, vestida com uma camisa azul e cal�a, se aproximando de um militar. Logo ap�s parar, ela recebe um tiro do agente, a poucos metros de dist�ncia.
"Minha m�e estava tentando pegar informa��o, saber como estava meu irm�o, o que estava acontecendo. O policial n�o falou nada e j� atirou nela. Minha m�e n�o apresentava risco algum. Uma injusti�a, uma covardia", afirma ao Estado de Minas Gisele Gomes, filha da mulher atingida.
No registro policial, os militares argumentam que precisaram realizar o disparo ap�s serem atacados com chutes e socos pela Maria Celia e pelo companheiro dela. "O v�deo � clariss�mo, mostra a forma como ela se aproxima. Al�m do tiro em si, eles v�o ter que responder por falsidade ideol�gica, j� que lan�aram dados falsos no sistema de seguran�a", afirma o advogado Roberto Junqueira, que defende Maria Celia.
Procurada, a Pol�cia Militar mineira afirma que "durante a pris�o de um dos autores, de 21 anos, a genitora do autor tentou intervir nos fatos, tendo sido atingida por instrumento de menor potencial ofensivo (bala de borracha)". A corpora��o diz que a mulher foi socorrida, mas n�o entra em detalhes, na nota (leia a �ntegra abaixo), sobre os questionamentos da fam�lia de Maria Celia.
Pedido por justi�a
O advogado da fam�lia promete entrar com representa��o no Minist�rio P�blico, na Corregedoria da Pol�cia Militar e na Comiss�o dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. "Se eles deram o tiro como defesa de agress�es, por que n�o deram voz de pris�o � agressora? Ela ter sido internada n�o impede que fique um policial na porta do leito esperando por ela", questiona Junqueira.
O disparo ocorreu por volta das 14h30 e Maria C�lia deu entrada na Santa Casa de Passos �s 15h10, segundo a fam�lia. "Ela passou por cirurgia, precisou se recuperar na UTI. O m�dico disse que o o caso poderia se agravar porque a bala atingiu o intestino. Ela perdeu muito sangue, inclusive, est� precisando de doa��o", diz Gisele, que trabalha como balconista.
"Meu irm�o tem que responder pelo o que fez. Quero saber � da minha m�e. Ela n�o merecia levar tiro, n�o estava fazendo nada. O policial poderia ter matado minha m�e se a bala pegasse um pouco mais pro lado. Quero justi�a, quero que ele perca as fun��es, ele n�o tem psicol�gico para trabalhar como policial", afirma a balconista.

Participa��o em sequestro
O filho de Maria Celia � suspeito de ter participado de sequestro e roubo a uma fam�lia, na zona rural de Passos. A PM informa que ele e mais tr�s homens invadiram um s�tio, na noite de quinta (12/8), e renderam um casal e duas crian�as, de 2 e 7 anos. O grupo chegou a fazer amea�as com uma faca.
Em seguida, colocou a mulher e as crian�as em um carro da fam�lia, enquanto o homem foi levado em outro ve�culo da fam�lia para sacar dinheiro. Os criminosos chegaram a levar a v�tima a uma ag�ncia do Banco do Brasil, mas, por causa do hor�rio, n�o tiveram sucesso.
Eles, ent�o, liberaram a fam�lia, ficaram com o carro e disseram que o casal tinha at� 10h para pagar R$ 5 mil e, assim, recuperar o carro. Na manh� seguinte, j� na sexta-feira (13/8), a pol�cia foi acionada e conseguiu prender tr�s suspeitos, al�m de recuperar o carro e outros pertences roubados.
O filho de Maria Celia teria fugido dos policiais e procurado abrigo na casa da m�e. Os militares alegam que o rapaz, de 21 anos, estava armado. No registro policial, os agentes dizem que o suspeito apontou a arma para eles e, por isso, deram tr�s disparos de bala de borracha - sendo que um deles atingiu Maria Celia.
'Fam�lia � trabalhadora', diz advogado
A fam�lia e o advogado n�o questionam a pris�o do jovem de 21 anos. "Mas � uma fam�lia de trabalhadores. Maria Celia mora com o companheiro h� 15 anos, os dois t�m dois filhos. Ela teve, em outro relacionamento, a Gisele, que � balconista, e um outro filho, mais velho, que trabalha em f�brica de cimento", diz o advogado Roberto Junqueira.
O companheiro de Maria Celia alega que foi a uma unidade da Pol�cia Militar no s�bado (14/8) para registrar uma ocorr�ncia do disparo contra ela. "Os militares n�o quiseram registrar. Disseram que j� tinham feito um boletim, mas nesse boletim n�o colheram qualquer vers�o diferente da deles", afirma Junqueira.
"� racismo, discrimina��o contra pobre. Esse tipo de disparo n�o ocorre no Alphaville", questiona o defensor.
Nota da Pol�cia Militar:
"A Pol�cia Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece que em raz�o de uma ocorr�ncia de roubo com c�rcere privado, no dia 13 de agosto de 2021, em Passos, no Sul de Minas, foi acionada por duas v�timas que alegavam que haviam sido abordadas, no dia anterior, por quatro autores e feitas ref�ns, inclusive duas crian�as.
Durante as dilig�ncias, a PMMG conseguiu recuperar todos os bens e prender os quatro indiv�duos que, juntos, totalizam 63 passagens pela pol�cia, destacando-se os crimes de homic�dio, roubo, tr�ficos de drogas e porte ilegal de arma de fogo. A institui��o permanece na busca de um quinto indiv�duo envolvido na a��o criminosa.
A Pol�cia Militar de Minas Gerais esclarece ainda que durante a pris�o de um dos autores, de 21 anos, a genitora do autor tentou intervir nos fatos, tendo sido atingida por instrumento de menor potencial ofensivo (bala de borracha), sendo socorrida e encaminhada � Santa Casa de Passos, ficando sob observa��o m�dica.
A fam�lia e as crian�as foram assistidas pela Pol�cia Militar, tendo em vista o trauma que passaram, e seus bens restitu�dos.
A Pol�cia Militar de Minas Gerais esclarece que j� instaurou procedimento para apurar atua��o policial militar".