
Sonhos podem ser alcan�ados mesmo depois de um drama que vai mudar para sempre a vida de uma pessoa. Para o adolescente Gabriel Lucas Alves do Nascimento, ou simplesmente Gabriel Feij�o, de 17 anos, o recome�o j� teria o sabor de uma vit�ria �pica, mas o �xito vai muito al�m. Sonhador, o jovem mineiro franzino foi um dos convocados da Sele��o Brasileira de futebol de amputados para a disputa das Eliminat�rias para a Copa do Mundo da categoria, no ano que vem, na Turquia.
O dia 20 de julho de 2019 pode ser considerado um divisor de �guas na vida de Gabriel. Foi nessa data que ele sofreu um acidente com linha chilena, usada ilegalmente para empinar pipa, quando caminhava pela Avenida Jos� In�cio Filho, em Betim, na Grande BH. Um �nibus puxou a linha, que ficou presa no para-choque de um carro e atingiu os joelhos da v�tima. O corte profundo afetou veias e art�rias e o adolescente teve de amputar a perna esquerda.
Este tipo de linha tem poder cortante quatro vezes maior do que o do cerol (com vidro mo�do). A Lei Estadual 14349 pro�be o uso de linhas cortantes em Minas Gerais, com multa que pode chegar a R$ 1,5 mil. Em Betim, tamb�m h� uma lei de 2017 impedindo a utiliza��o desse tipo de item.
Gabriel queria ser jogador profissional, mas teve de abandonar o sonho para se dedicar � recupera��o. Foram necess�rias v�rias sess�es de fisioterapia at� a coloca��o de uma pr�tese. Logo, o adolescente disse aos familiares que queria ser atleta paral�mpico.
“� uma felicidade muito grande. Meu sonho era me tornar um jogador profissional, mas por tudo o que aconteceu, foi preciso mudar esse sonho. Eu fiquei muito emocionado com a not�cia (da convoca��o para a Sele��o), sabendo que tudo est� ocorrendo do jeito que eu queria, mas numa modalidade diferente. � algo inexplic�vel”, afirma Gabriel Feij�o, que se apresenta � Sele��o ema 26 de setembro, em S�o Paulo, para um per�odo de prepara��o e treinos.
No momento da convoca��o, ele estava em casa descansando, depois de ir � aula (cursa o 1º ano do Ensino M�dio). O jovem n�o conteve a emo��o quando viu o t�cnico Rodrigo Oliveira ler seu nome. “O treinador come�ou a ler os nomes e, no momento em que falou dos atacantes, o primeiro nome foi o meu. A�, comecei a pular de alegria. Recebi muitas mensagens de incentivo, liga��es... Sabia que n�o ia ser f�cil. Mas disse que correria atr�s do sonho e chegaria � Sele��o”, afirmou o jogador.
Gabriel Feij�o atua no projeto Associa��o Mineira de Desportos para Amputados (AMDA), no Bairro Lagoinha, Regi�o Noroeste de BH, que tamb�m cedeu � Sele��o Brasileira os meias Breno e Tadeu. Na modalidade, eles se livram momentaneamente das pr�teses e usam muletas. Cada time atua com sete jogadores num campo de futebol society, mais reduzido. O Comit� Internacional Paral�mpico tem a inten��o de testar o esporte nos Jogos de Paris, em 2024, e torn�-lo definitivo a partir de 2028, em Los Angeles.
Disputar uma Paralimp�ada passa a ser mais um sonho para o mineiro. Por enquanto, ele se dedica aos treinos em Belo Horizonte e faz trabalhos em academia para complementar a prepara��o f�sica. “No come�o, tudo � dif�cil. At� a gente se acostumar com a muleta, ter no��o de jogo, � preciso muita dedica��o. Mas com o tempo me adaptei”.
Emo��o de pai
A conquista de Gabriel Feij�o foi acompanhada pelo pai, Amilton do Nascimento, de 48 anos, que presenciou todo o drama do filho nos �ltimos dois anos. “Para um pai, tudo isso � uma vit�ria. Toda a hist�ria foi muito triste. Quando ele perdeu a perna, aos 15 anos, foi uma dor no cora��o muito grande. Mas ele � muito esfor�ado e conseguiu dar mais um passo, o que nos deixa muito felizes. Aprender o futebol de amputados n�o � algo f�cil. Foi preciso muito esfor�o, j� que, sem a dedica��o, ele iria desistir facilmente”, ressaltou.
A conquista de Gabriel Feij�o foi acompanhada pelo pai, Amilton do Nascimento, de 48 anos, que presenciou todo o drama do filho nos �ltimos dois anos. “Para um pai, tudo isso � uma vit�ria. Toda a hist�ria foi muito triste. Quando ele perdeu a perna, aos 15 anos, foi uma dor no cora��o muito grande. Mas ele � muito esfor�ado e conseguiu dar mais um passo, o que nos deixa muito felizes. Aprender o futebol de amputados n�o � algo f�cil. Foi preciso muito esfor�o, j� que, sem a dedica��o, ele iria desistir facilmente”, ressaltou.
Para ele, ver o filho dando o primeiro passo � uma sensa��o indescrit�vel: “O processo foi muito lento. Primeiro, ele n�o sabia se ia querer. Depois, come�ou a treinar e, aos poucos, foi se adaptando aos exerc�cios e tomou gosto. O caminho agora � esse. Queira ou n�o, ele realiza o sonho de jogar futebol, como sempre quis”.
