
O cen�rio de escassez h�drica que tem atingido recordes nos �ltimos meses n�o � a maior preocupa��o do morador do bairro S�o Crist�v�o, localizado na encosta da Serra do Veloso, em Ouro Preto. Paulo Rodrigo Teixeira mora com a esposa e um filho em uma das 313 �reas de risco de desabamento por causa das chuvas identificadas pela Defesa Civil de Ouro Preto. "Depois da seca vem o pior: as chuvas fortes", diz Paulo.
O tip�grafo conta que desde 1979 presencia o drama das centenas de fam�lias que moram na faixa da Serra de Ouro Preto, que vai da Serra do Veloso – bairro Veloso/S�o Crist�v�o – at� o Taquaral. Para o morador, a trag�dia mais traumatizante foi em 1998 quando perdeu dois vizinhos soterrados em um deslizamento de terra.
“Toda a encosta de Ouro Preto � �rea de risco. A cidade cresceu muito, e n�o houve um planejamento. Al�m disso, o poder p�blico n�o se preocupou com a popula��o mais carente, tornando todo ano um flagelo. Em 2019, quase morri de susto.”
A Secretaria de Defesa Social afirma que a situa��o cr�tica ser� mitigada com a cria��o do Plano de Contingenciamento (Plancon) - elaborado a partir de uma determinada hip�tese de desastre e organiza��o das a��es de prepara��o e resposta.

O Plancon come�a a ser elaborado neste m�s de setembro, per�odo ainda de seca, com a defini��o de procedimentos, a��es e decis�es que ser�o tomadas em caso de eventos extremos. J� na fase de resposta, quando as chuvas chegarem, a metodologia ser� colocada em pr�tica, com base em todo o planejamento feito anteriormente, e adaptando �s situa��es encontradas durante a opera��o, explica o secret�rio de Defesa Social, Juscelino Gon�alves.
Gon�alves afirma que no per�odo das chuvas haver� o acionamento gradual de recursos humanos, financeiros e materiais envolvidos no Plancon. A Coordenadoria de Prote��o e Defesa Civil tem o papel de catalisar esfor�os/recursos de diversos �rg�os, a come�ar pelas Secretarias municipais, bem como os �rg�os de Defesa Social, como Pol�cia Militar, Pol�cia Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Samu, hospitais, volunt�rios e empresas mineradoras da regi�o.
“Busca-se com essa ferramenta organizacional um planejamento t�tico de a��o conjunta, identificando as responsabilidades, linhas de autoridade e planejar como ser� composto todo o sistema de prote��o para as pessoas, animais e o meio ambiente envolvido em um determinado acidente”, afirma o secret�rio.
Estudo aponta muitos riscos
No estudo realizado pela Defesa Civil de Ouro Preto para mapear as 313 �reas de risco na cidade, os locais identificados pelo �rg�o receberam n�veis de risco de alto a muito alto, como � o caso da Rua Padre Carmelo, no Bairro S�o Crist�v�o. S�o 24 im�veis com risco de desabamento por n�o terem conten��es adequadas e que podem atingir sete moradores.
Segundo o estudo, dispon�vel no site da Defesa Civil, desde 2016 o local apresenta muitos ind�cios de movimenta��o e trechos onde j� ocorreram deslizamentos em outros per�odos chuvosos. O entorno da escola que fica acima das casas mostra uma escada com rachaduras e trechos j� colapsados.
De acordo com secret�rio de Defesa Social, al�m das �reas de risco, a cidade apresenta outros quatro grupos de gest�o de risco: grupo de gest�o de riscos por Patologias Estruturais, riscos ao Patrim�nio Hist�rico, risco Geol�gico e risco Tecnol�gico associado �s barragens.
As patologias estruturais s�o danos ocorridos em edifica��es. Essas patologias podem se manifestar de diversos tipos, tais como: trincas, fissuras, infiltra��es e danos por umidade excessiva na estrutura. Ligados aos processos construtivos. Essas patologias s�o encontradas com muita frequencia na Serra de Ouro Preto.
J� os riscos ao patrim�nio, s�o aqueles riscos que amea�am o patrim�nio hist�rico tombado. O Risco geol�gico trata das condi��es situa��es de perigo, perda ou dano, ao homem e suas propriedades, em raz�o da possibilidade de ocorr�ncia de processos geol�gicos, seja por interven��o humana ou n�o.
Por fim, segundo Gon�alves, o risco tecnol�gico associado �s barragens diz respeito aos processos construtivos de barramentos muito comuns na regi�o de Ouro Preto e que demandam acompanhamento cont�nuo por parte dos empreendedores e �rg�os de seguran�a.” A partir desses mapeamentos todos os �rg�os dispon�veis ser�o utilizadas antes, durante e ap�s poss�veis eventos”, promete.