
Quem pensa que pode cometer um crime em outro pa�s, e retornar ao Brasil para escapar da puni��o, n�o estar� livre do crime cometido. Ele ser� punido da mesma maneira, sendo preso, levado a julgamento e condenado. O criminoso n�o poder� ser extraditado, mas um acordo internacional assinado pelo pa�s, via Minist�rio da Justi�a, permite que as provas sejam transferidas para c� e que o julgamento aconte�a, com a pena sendo cumprida com base nas leis brasileiras.
� o que acontecer� com um homem de 48 anos, preso esta semana em Betim, onde se escondeu depois de ter estuprado e engravidado, nos Estados Unidos, a enteada, na �poca com 12 anos.
O caso foi descoberto em outubro de 2020, quando a m�e levou a filha, que reclamava de dores na barriga, ao m�dico. A menina j� estava no s�timo m�s de gravidez.
No hospital, o diagn�stico. Na �poca, a mulher citou seu companheiro, um pintor, com quem ela se mudara para os EUA, levando tamb�m a filha. Ele teria dito que estava indo para Long Island, para fazer um servi�o, que mudaria suas vidas.
A adolescente, por sua vez, ao ser interrogada pela Pol�cia de Quincy, nos EUA, contou que estaria gr�vida, na verdade, de um namorado de 20 anos, e que sua m�e conhecia.
A pol�cia dos EUA passou a investigar e descobriu que o pintor tinha, na verdade, deixado os EUA, cruzando a fronteira com o M�xico. Tinha ido para a cidade de Chihuahua, onde procurou o consulado brasileiro e conseguiu um passaporte emergencial. Retornou, ent�o, ao Brasil, tendo desembarcado no Aeroporto de Guarulhos, em 21 de outubro de 2020. Desde ent�o, estaria em Betim.
Com a insist�ncia da pol�cia norte-americana, a adolescente acabou confessando a verdade. “Ela disse que desde qiue se mudaram para os EUA, chegaram l� em agosto de 2019, que o namorado da m�e, o pintor, a assediava. Ela chegou a amea��-lo de que iria contar � m�e. No entanto, admitiu que se deixou levar pelas promessas do homem e que teria chegado a ficar apaixonada por ele”, conta a delegada de mulheres de Betim, Ariadne Coelho.
Em fevereiro, a pol�cia dos EUA comunicou-se com a Interpol, e esta entrou em contato com a Pol�cia Federal. A delegada F�tima Rodrigues Zulmira Bassalo, chefe da Representa��o Regional da Interpol Minas Gerais, ficou encarregada do caso e entrou em contato com a delegada Ariadne.
Segundo a delegada federal, foi em fevereiro que a comunica��o do crime chegou � PF brasileira. “Nessa �poca, houve o repasse das informa��es. Depend�amos de provas, que deveriam ser repassadas, o que demorou um pouco. Somente depois disso, � que pudemos fazer contato com a Delegacia de Betim”.
A partir do momento que tomou conhecimento do caso, segundo a delegada Ariadne, as investiga��es tiveram in�cio. Descobriram que o pintor estava em Betim, mas que n�o informava seu endere�o a ningu�m. Somente sua filha, do primeiro casamento, sabia.
“Descobrimos uma queixa e uma medida protetiva contra o pintor, de 2017, por viol�ncia contra sua ex-mulher. A m�e dessa menina, que tem 46 anos, � sua segunda companheira. Eles foram para os EUA em 2019”, conta Ariadne.
Segundo a delegada, o pintor foi preso em seu local de trabalho, em Nova Lima. Antes disso, ele se envolveu numa ocorr�ncia de tr�nsito, mas informou um endere�o falso.
Na cadeia
J� preso, o pintor confessou que era o pai da crian�a, filha da enteada. Concordou em coletar material para exame de DNA. “A menina j� nasceu e tem hoje sete meses. A enteada vive com a m�e, nos EUA. Ela n�o quis tirar o beb�. Recebemos essa informa��o na troca de informa��es e provas”, conta a delegada.
A pena para o crime de estupro de vulner�vel, nos EUA, � a pris�o perp�tua. J� no Brasil essa pena � de oito a 15 anos de pris�o.