Igrejinha da Pampulha, em BH, � elevada a santu�rio

No dia dedicado ao santo protetor da natureza e dos animais, Belo Horizonte ganhou um novo santu�rio e traz de volta a tradicional b�n��o de c�es, gatos e outros bichos de estima��o. Na tarde desta segunda-feira (4/10), a Capela Curial S�o Francisco de Assis, mais conhecida como Igreja da Pampulha, se tornou oficialmente Santu�rio Arquidiocesano S�o Francisco de Assis, valorizando ainda mais o conjunto arquitet�nico reconhecido como Patrim�nio Mundial.

A cerim�nia de eleva��o a santu�rio teve in�cio �s 18h, celebrada pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, tamb�m presidente da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). "Neste ano, a celebra��o do Dia de S�o Francisco de Assis se torna ainda mais especial para os mineiros e, particularmente, para os belo-horizontinos, pois celebraremos a eucaristia com o rito de instala��o do Santu�rio Arquidiocesano S�o Francisco de Assis. Um acontecimento importante na hist�ria centen�ria da Arquidiocese de Belo Horizonte", diz dom Walmor.

O arcebispo explicou que os santu�rios congregam fi�is de longe e de perto: "S�o tamb�m refer�ncia na evangeliza��o a partir da cultura e do compromisso com os mais pobres. O Santu�rio Arquidiocesano S�o Francisco de Assis re�ne essas caracter�sticas, acolhendo visitantes de diferentes cidades e pa�ses".

Unindo sustentabilidade e espiritualidade, dom Walmor ressaltou que um dedicado trabalho est� sendo desenvolvido para o patrim�nio religioso e cultural enriquecer a interioridade de peregrinos. "De modo especial, o santu�rio, guiado pelos princ�pios da ecologia integral e da espiritualidade franciscana, contribui para que a sociedade cultive novos h�bitos, mais sustent�veis, orientados para a preserva��o da casa comum. �, pois, uma escola que ensina a cuidarmos do planeta, miss�o indissoci�vel do incondicional respeito � dignidade humana, principalmente dos mais pobres."

Latidos e miados

A tarde desta segunda-feira foi de muitos sons - latidos e miados - no entorno do templo moderno projetado na d�cada de 1940 pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), �s margens da Lagoa da Pampulha. Na pra�a ao lado do cart�o-postal da capital e �cone do Patrim�nio Mundial, o reitor do santu�rio, padre Ednei Almeida Costa, comandou a b�n��o dos animais.

A corretora de im�veis Suellem Alves, de 29 anos, levou as duas cachorrinhas da ra�a shih-tzu - Frida Lucia e Amora - para receberem a b�n��o. ''Sou muito cat�lica, acho importante tirar um momento para dedicar � elas. S�o elas que alegram o meu dia, d�o todo o amor sem pedir nada em troca. A b�n��o nos trouxe paz'', contou.

 

Devota fervorosa de S�o Francisco de Assis, a psic�loga Jane Lins aproveitou a cerim�nia desta segunda para pagar uma promessa feita em benef�cio da sa�de da cadelinha Babi.  

 

Ela conta que, em 2019, o animal, que j� tem dez anos, teve um problema renal. "N�s sempre demos �gua mineral para a Babi, achando que est�vamos fazendo um bem. Mas isso acabou fazendo com que ela desenvolvesse pedras nos rins. Quando ela ficou doente, trouxe logo � igreja e pedi a S�o Francisco de Assis que a curasse. E ele me atendeu! Em 2020, n�o pude vir agradecer porque est�vamos no auge da pandemia. Agora, que as coisas melhoraram, fiz quest�o de homenagear meu santo", relata a fiel. 

 

Significado

De acordo com a Arquidiocese de BH, uma igreja ou outro local sagrado se torna santu�rio quando os fi�is, em grande n�mero, por algum motivo especial de piedade, fazem peregrina��es, com aprova��o da autoridade da igreja local (bispo ou arcebispo). No territ�rio da Arquidiocese de BH, que re�ne 28 munic�pios, h� 12 santu�rios, sendo seis na capital - Nossa Senhora da Boa Viagem, S�o Paulo da Cruz, Nossa Senhora da Concei��o dos Pobres, da Sa�de e da Paz (Padre Eust�quio), S�o Jos� e S�o Judas Tadeu - e em Caet�, Brumadinho, Confins, Contagem, Santa Luzia e Sabar�.

Quem quiser conhecer e visitar a capela ou assistir �s missas, a igreja fica aberta todos os dias das 8h �s 17h, com missas aos domingos �s 7h, 10h e 18h. Se o interesse for apenas visitar, s�o cobrados R$ 6 (metade do valor para idosos e estudantes). No caso da missa, a entrada � livre, com respeito � capacidade do templo e protocolos sanit�rios nesses tempos de pandemia.

No fim de semana, disse o reitor, houve distribui��o de mudas, com orienta��es ao p�blico para preserva��o dos jardins da Pampulha. As plantas s�o do Viveiro Burle Marx, criado no Jardim Bot�nico, na Pampulha, pela Funda��o de Parques Municipais e Zoobot�nica.

Al�m de reconhecido como Patrim�nio Mundial pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco), o Conjunto Moderno da Pampulha � tombado pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) e Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural Municipal de Belo Horizonte.

Hist�ria

Reaberto em 4 de outubro de 2019, ap�s um ano e tr�s meses de obras de restaura��o, o templo foi a �ltima constru��o do complexo arquitet�nico. Na �poca (d�cada de 1940), o visual moderno causou grande impacto e a S�o Francisco de Assis n�o foi compreendida como espa�o religioso. Durante 14 anos (1945-1959), ficou sem b�n��o oficial devido �s formas criadas por Niemeyer.

Mesmo com os 14 pain�is da via-sacra de C�ndido Portinari (1903-1962), autor tamb�m do painel externo em azulejos, homenageando o santo padroeiro, houve reprova��o de parte da comunidade cat�lica, principalmente do ent�o arcebispo de BH dom Ant�nio dos Santos Cabral (1884-1967).

Um dos pontos pol�micos dizia respeito ao santo padroeiro, no interior da igreja, ao lado de um cachorro. Dom Cabral n�o gostou do que viu e n�o fez a sagra��o do templo. Somente em 1958, foi entregue ao culto cat�lico, sendo a primeira missa celebrada no ano seguinte.

Na parte externa, podem ser admirados, al�m dos jardins de Burle Marx, o revestimento em pastilhas de Paulo Werneck (1903-1962). Dentro, destacam-se os baixos-relevos em bronze do batist�rio, do escultor Alfredo Ceschiatti (1918-1989), al�m do trabalho de Portinari.