
"Voc� n�o tem no��o da alegria e da satisfa��o em chegar at� aqui", conta a s�cia-propriet�ria Karla Rocha, a terceira gera��o da fam�lia que cuida do espa�o. Ao lado de Karla, tamb�m eternizam a tradi��o de fam�lia os s�cios propriet�rios: M�rcia, irm� do Bol�o, o irm�o de Karla, Carlos Henrique, seu primo Luiz Cl�udio e a prima Luciana. "Pensei que a gente n�o ia chegar nos 60, mas o medo nos deu for�a para fazer com que nosso segredo se evidenciasse". Segredo � aquilo que n�o deve ser revelado, mas esse clich� o bar n�o esconde: � o amor. "Tudo que a gente faz com amor, n�o tem como dar errado. Nossa comida � simples, caseira, voc� come como se estivesse em casa. Come�ou com meus av�s, minha m�e com meus tios e agora a gente. Meu tio (Jos� Maria Rocha, o Bol�o) falou que n�o gostava de ervas, o neg�cio dele era alho, sal e muito amor", revela.


Rei da madrugada conquistou a clientela com card�pio simples
O bar foi um dos primeiros a funcionar na madrugada. Era passagem obrigat�ria para quem estendia a noite ou trabalhava no per�odo noturno, como artistas e motoristas de t�xi. Entre os frequentadores, o bar tem os m�sicos do Clube da Esquina, na d�cada de 1970, e, a partir dos anos de 1990, m�sicos que tiveram proje��o nacional e at� internacional, como as bandas Skank, Sepultura e Pato Fu. Os taxistas da regi�o tamb�m s�o um p�blico garantido nas mesas. Al�m disso, os moradores do Santa Tereza cresceram junto com o Bol�o e viram o desenvolvimento do bairro impulsionado pelo bar, que atra�a gente de todos os cantos.
Henrique Portugal, tecladista do Skank
"O Bol�o sempre foi um lugar de encontro e de fim de noite. � um bar gostoso, era perto da minha casa, e, se eu queria encontrar um amigo, sabia que ele estaria l�. Tenho 56 anos e h� 40 frequento o Bol�o com certeza. L� tem comida pra todo jeito que voc� quiser. Se o dinheiro estiver curto, tem o p�o molhado (p�o 'dormido' com molho bolonhesa) e t� �timo. O dia que tem mais dinheiro e mais est�mago, voc� pede o espaguete. � muito caracter�stico da coisa de bairro mesmo. Durante a noite, o pessoal que v� jogo no Independ�ncia passa l� depois. Lembro at� do Bol�o me perguntar se eu fui ao jogo para saber se estava cheio e se teria movimento no bar. O Bol�o sobreviveu bem �s mudan�as culturais. Semana passada mesmo eu fui l� e vi que a tradi��o continua e sempre encontro alguns amigos. Um lugar de noitadas hist�ricas, que lembro dos bons momentos que passei ali na pra�a, vendo o dia amanhecer. Tem a hist�ria de voc� estar sentado do lado de fora e o sol aparece atr�s da igreja. Come�ava a clarear e a gente falava 't� na hora de ir embora'."
Telo Borges, m�sico, nascido e criado no bairro Santa Tereza
"Um quarteir�o abaixo tinha um campinho que a gente jogava bola e o que eu mais lembro era parar no Bol�o para a concentra��o antes do jogo e, muitas vezes, quando a gente acabava, subia pra falar do que tinha acontecido e tomar nossa �gua. O bar tamb�m est� ligado aos v�rios eventos que j� toquei ali na pra�a. O Bol�o funcionava quase como um camarim, a gente esperava pra tocar e da mesma forma o p�s-show. Era um lugar de encontro de m�sicos, esse pessoal que tocava na noite terminava o show e passava l� pra comer espaguete. Tem essa caracter�stica de fim de noite. Mesmo que o show n�o fosse na pra�a, a gente passava no Bol�o. L� que � o canal. O primeiro passeio que levei meu neto, o primeiro almo�o que a gente p�de fazer juntos, levei ele l� no Bol�o pra conhecer."
Jo�o Paulo de Castro Dias presidente do Sindicato dos Taxistas (Sincavir)
"Para o taxista, o Bar do Bol�o tem um significado gigante porque n�s sempre frequentamos e levamos os clientes. Geralmente � um ponto onde os motoristas se encontram para jantar no fim da jornada. � l� que acontecem os bate-papos, os encontros. Ali que a gente conta as hist�rias do que se passou no dia de trabalho. � um ponto de encontro do taxista. Quase tudo que acontece no dia de trabalho a gente coloca na mesa. � tradi��o. Eu vejo que � um lugar com qualidade no atendimento e eles servem uma comida muito boa. Uma variedade de comidas muito gostosas e pre�o atrativo, que � isso que faz ter a credibilidade em BH. O Bol�o � refer�ncia para todo mundo. Quando se fala de Santa Tereza, se fala do Bol�o."
Nenel, m�sico e jornalista especializado em gastronomia
"Pra mim � um lugar s�mbolo de BH, onde a galera sempre se encontrou a qualquer hora do dia, principalmente no final da noite. O Bar do Bol�o que manteve a chama da boemia acesa. Tem pratos que s�o s�mbolos da cidade: o espaguete e o roched�o. Tenho diversas lembran�as de diversas fases da minha vida. Numa �poca em que eu tocava muito, a gente ia pra l� jantar tipo 4h e 5h da manh�. A gente trazia bandas de fora do estado para tocar em BH e era 'de lei' levar os m�sicos para comer l�. � hist�ria pro mundo da m�sica. Era l� que a galera se encontrava, vinham m�sicos de v�rias regi�es da cidade. Eu ainda me lembro do velho Bol�o l�. � um bar familiar, isso eu acho legal, sempre tem algu�m da fam�lia, a gente se sente acolhido."

LINHA DO TEMPO
- 1961 - Abertura do Bol�o no Bairro Santa Tereza
- 1970 - O bar se torna ponto de encontro dos m�sicos do Clube da Esquina
- 1993 - Abertura do Bol�o 2, na Rua M�rmore na esquina com a Rua Tenente Durval
- 1994 - O bar ganha o primeiro das dezenas de rel�gios pendurados nas paredes. Foi criado o roched�o, prato que se tornou um cl�ssico
- 2011 - Casar�o do Bar do Bol�o, em Santa Tereza, passa a ser patrim�nio cultural
- 2012 - Abertura da unidade no Cora��o Eucar�stico; Jos� Maria Rocha (o Bol�o) se afastou
- 2017 - Abertura de unidade no Bairro Esplanada
- 2021 - Abertura de unidade no Bairro Santa Am�lia