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Estado de Minas COVID-19

Brasil teria metade de mortes por COVID-19 se conduzisse a pandemia como BH

Estudo do Imperial College destaca Belo Horizonte como a capital com menor mortalidade entre pacientes internados em hospitais com o novo coronav�rus


15/10/2021 11:22 - atualizado 15/10/2021 19:51

Pacientes recebidos no CECOVID centro especializado aberto pela prefeitura de BH
BH chegou a abrir tr�s Centros Especializados de Tratamento de COVID-19 (Cecovid) para atendimento adequado (foto: PBH Divulga��o)
Cerca de 329 mil vidas perdidas pela COVID-19 poderiam ter sido salvas no Brasil caso a pandemia do novo coronav�rus (Sars-CoV-2) tivesse sido conduzida nacionalmente da mesma forma como foi em Belo Horizonte.

O al�vio de 55% no n�mero de v�timas para os 602.099 �bitos j� alcan�ados nesta sexta-feira (15/10), foi calculado com base na sobreviv�ncia hospitalar ao v�rus na capital mineira, uma pesquisa do Imperial College, universidade londrina de excel�ncia mundial na produ��o cinet�fica e avaliada pelo m�dico Carlos Starling, infectologista e membro do Comit� Municipal de Enfrentamento � COVID-19 da Prefeitura de Belo Horizonte.

"Aproximadamente um ter�o das mortes atribu�veis ao COVID-19 no Brasil em hospitais poderiam ter sido evitadas se a press�o da sa�de n�o tivesse taxas de mortalidade t�o exacerbadas. Aproximadamente metade das mortes atribu�veis � COVID-19 no Brasil poderiam ter sido evitadas se tivessem taxas semelhantes �s observadas em Belo Horizonte", indica o estudo do Imperial College.

De acordo com o trabalho cient�fico, entre as 14 capitais brasileiras estudadas (veja a tabela), entre 20 de janeiro de 2020 e 26 de julho de 2021, Belo Horizonte � a que teve o menor percentual de mortes, com 7.842 (18%) �bitos entre os 43.763 pacientes internados.

O trabalho � intitulado "Fatores que conduzem a grandes flutua��es espaciais e temporais nas taxas de letalidade do COVID%u201019 em hospitais brasileiros" e � assinado por especialistas ligados a institui��es brasileiras, inglesas, norte-americanas, espanholas, belgas e dinamarquesas.
 
Em Belo Horizonte, os pesquisadores Renato Aguiar, Paula Fonseca, Victor Guedes, Diego Bonfim e Renan Souza do Departamento de Gen�tica, Ecologia e Evolu��o, do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) participaram da pesquisa. 

Tabela mostra que Belo Horizonte tem a menor taxa de mortes hospitalares por COVID-19
Mortalidade hospitalar da COVID-19 nas capitais brasileiras (foto: Imperial College)
O desempenho total das capitais estudadas � 10 pontos percentuais pior que o belo-horizontino, com 135.714 (28%) mortes entre 480.157 pacientes estudados. Outro fator de destaque, ajustado pelas idades, � o dos impactos em semanas com maior e menor intensidade de fatalidades pela COVID-19.

BH registrou um �ndice de �bitos de 7,7% dos internados nas semanas menos intensas e 12,2% nas mais cr�ticas. O Rio de Janeiro teve a pior semana menos intensa, com 20,1% mortes e Macap� registrou a mais cr�tica, com 41,7%.

O bom trabalho mereceu cita��o espec�fica da capital mineira pelo estudo como destaque de uma situa��o de grande controle. "Em Belo Horizonte, nenhum grupo de idade experimentou choques de COVID%u201019 com taxas de mortalidade hospitalar acima de 50% que duraram pelo menos quatro semanas consecutivas, enquanto em Porto Velho todos os pacientes com 50 anos ou mais sofreram tais choques fatais", aponta o trabalho.

Para o infectologista Carlos Starling, que � membro do comit� municipal de enfentamento da pandemia em BH, um dos motivos � a boa estrutura��o do Sistema �nico de Sa�de (SUS). "BH conta com uma das melhores estruturas para o SUS. Precisa de muito investimento, ainda, para melhorar, mas o SUS de BH comparado com o restante � muito consistente, muito s�lido e isso foi fundamental", avalia.

Profissionais de saúde protegidos por macacões e máscaras levam equipamentos para unidade de saúde
Especialistas apontam estrutura forte do SUS em BH para o bom desempenho hospitalar (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
De acordo com o m�dico, esse modelo, caso fosse seguido e fortalecido no Brasil, poderia ter evitado muitas perdas. "A pesquisa do Imperial College mostra que o SUS � fundamental para a prote��o da popula��o, pela assist�ncia di�ria. Pode ter as falhas que tem, mas foi essencial e teve uma condu��o coerente na pandia que se baseou em dados epidemiol�gicos para a gest�o p�blica. N�s poder�amos ter menos da metade das mortes registradas no pa�s se a condu��o do combate � pandemia tivesse sido como em BH", afirma.

O trabalho cient�fico do Imperial College tamb�m verificou a import�ncia das variantes mais agressivas, sobretudo a denominada Gama, descoberta em Manaus, sobre as mortes hospitalares.

"No final de mar�o de 2021, os dados da sequ�ncia Sars%u2010CoV%u20102 pertencentes � variante Gama estavam presentes em 14 de 27 estados brasileiros. A r�pida propaga��o da Gama por todo o pa�s foi seguida por ondas de morte, sugerindo um aumento da gravidade da doen�a ap�s a infec��o com essa variante".

A expans�o da variante gama foi seguida por choques nas taxas de letalidade da COVID-19 em hospitais brasileiros, de acordo com o trabalho. "Apresentamos �ndices de press�o de sa�de pand�mica que medem e monitoram incompatibilidades entre a demanda de sa�de e os recursos dispon�veis. A press�o pand�mica sobre a sa�de est� fortemente correlacionada com as taxas de mortalidade da COVID-19. Nossas descobertas s�o importantes na calibra��o do risco representado por novas variantes".

O impacto da Gama nos hospitais do Brasil sugerem necessidade de investimentos. "Mais recursos de sa�de, otimiza��o e prepara��o para uma pandemia s�o essenciais para minimizar a mortalidade e morbidade em toda a popula��o causada por pat�genos altamente transmiss�veis e mortais, especialmente em pessoas de baixa e m�dia renda", determina o trabalho.
 

Aprender com os erros


Renan Souza, professor de gen�tica da UFMG e um dos coordenadores da pesquisa, ao lado do professor Renato Aguiar, conta que o estudo teve in�cio em mar�o e as an�lises terminaram no final de setembro.  

“O grande foco era entender qual foi o impacto da variante Gama, porque ela mudou a cara da pandemia neste ano, em compara��o com o ano passado, e entender como a estrutura que j� existia no pa�s contribuiu para essa resposta.” 

Segundo ele, a UFMG participou do processo de caracteriza��o da Gama e o objetivo era entender a din�mica dela em Belo Horizonte, por meio de dados do Sistema �nico de Sa�de (SUS) e estimar qual foi a sobrecarga no sistema de sa�de, decorrente dessa variante. 

“Nossa an�lise mostrou que essa taxa que aconteceu em Belo Horizonte � uma taxa poss�vel dentro da realidade do servi�o de sa�de no Brasil e que poderia ter acontecido em outros lugares. Se ela tivesse acontecido nas outras localidades, seriam mais de 300 mil mortes evitadas. Na verdade, vimos que h� uma disparidade muito grande entre essas capitais.”

O pesquisador explica como foi a participa��o do Departamento de Gen�tica, Ecologia e Evolu��o na pesquisa. 

“A pandemia de COVID-19 para ser estudada e compreendida como um todo precisa de profissionais de diversas �reas. N�o conseguimos com apenas um olhar descrever a complexidade da doen�a. Viemos com dados gen�ticos sobre as variantes virais e contamos com colabora��o com outros grupos no Brasil e com esses profissionais do Imperial College, em especial o professor Oliver, um estat�stico de forma��o.”

Souza acredita que a uni�o dessas equipes, com os dados do SUS ajudam a ter uma vis�o mais completa do que aconteceu, al�m das li��es que podem ser aprendidas.  

“N�o vamos conseguir recuperar essas vidas. Mas, que possamos aprender com esses resultados,  ao ver que essas 14 capitais diferiram t�o drasticamente na forma. Falar s� dessa redu��o � um pouco pobre. � um n�mero importante, mas � s� um deles.”
 
“Olhando os gr�ficos, parecem pandemias completamente diferentes que aconteceram em cada lugar. Entender o porqu� de comportamentos t�o diversos � extremamente importante para que, seja numa nova onda, numa outra epidemia ou nova pandemia, tenhamos uma resposta mais satisfat�ria e possivelmente menos mortes”, completa. 

O pesquisador conta quais ser�o os pr�ximos passos do estudo.  

"Nosso pr�ximo ponto de trabalho seria fazer essa descri��o agora, n�o da Gama, mas estudar o que aconteceu com a variante Delta. Foi muito inesperado, est�vamos com uma expectativa de ter uma nova onda, de acontecer algo semelhante aos outros pa�ses. E, na verdade, nossos indicadores est�o cada dia melhores e temos a esperan�a de voltar a ter uma vida mais normal.”
 
*Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente Vera Schmitz
 
 
 


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