
Enquanto a demora agravava seu quadro de hipertens�o, apesar de se cuidar usando a medica��o prescrita, ele tamb�m deixou de ir ao atendimento de urg�ncia quando se sentia mal, para evitar a unidade de pronto-atendimento.
Faltando apenas dois dias para que enfim conseguisse se consultar, um ataque card�aco levou esse marido, pai de duas filhas.
Al�m das mais de 55 mil vidas perdidas em Minas Gerais para o novo coronav�rus (Sars-CoV-2), a fragiliza��o do sistema de sa�de e muitas vezes o medo de deixar o isolamento mataram silenciosamente milhares de pacientes de outras doen�as control�veis, como ocorreu com Alex.
S� na cidade do supervisor, que tem 53 mil habitantes e � uma das mais ricas da regi�o, o n�mero de mortes di�rias n�o relacionadas � COVID-19 ou a causas externas, como acidentes e crimes, aumentou 29% de janeiro a setembro de 2021 na compara��o com 2019 (�ltimo ano pr�-pandemia).
Os dados s�o da Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG), compilados pela reportagem do Estado de Minas.
Os dados s�o da Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG), compilados pela reportagem do Estado de Minas.

O maior volume de �bitos est� relacionado a doen�as vasculares cerebrais e card�acas, muitas delas de acompanhamento necess�rio e medica��o com prescri��o m�dica.
Foi o caso de Alex, segundo a sua mulher, a supervisora administrativa M�nica L�cia dos Reis Ferreira, de 48.
“A consulta dele estava marcada para 11 de maio, mas dias antes come�ou a passar mal. Do dia 7 para o dia 8, perguntei se poder�amos ir at� a UPA da cidade, mas ele n�o quis. Preferiu descansar e melhorar, achava que a consulta estava perto e seria mais segura do que a emerg�ncia. Mas, no dia 9, ele passou muito mal, foi levado pelos bombeiros para a UPA, mas n�o resistiu. Para n�s foi inesperado, porque ele aparentava estar bem e se cuidava”, disse M�nica.
Foi o caso de Alex, segundo a sua mulher, a supervisora administrativa M�nica L�cia dos Reis Ferreira, de 48.
“A consulta dele estava marcada para 11 de maio, mas dias antes come�ou a passar mal. Do dia 7 para o dia 8, perguntei se poder�amos ir at� a UPA da cidade, mas ele n�o quis. Preferiu descansar e melhorar, achava que a consulta estava perto e seria mais segura do que a emerg�ncia. Mas, no dia 9, ele passou muito mal, foi levado pelos bombeiros para a UPA, mas n�o resistiu. Para n�s foi inesperado, porque ele aparentava estar bem e se cuidava”, disse M�nica.
Tamb�m morador de Itabirito, o administrador F�bio J�nior Ribeiro, de 41, e sua mulher precisam de atendimento especializado, mas t�m evitado comparecer a servi�os m�dicos por medo de aglomera��es e de um poss�vel cont�gio pelo novo coronav�rus.
“Ela tem que remover o �tero e eu preciso extrair a ves�cula, mas estamos com medo de ir para um hospital ou nos consultar nos postos. Com o avan�o agora da vacina��o, a gente j� vai se sentir mais seguro”, afirma o administrador.

“Ela fazia acompanhamento de sa�de, mas depois que o coronav�rus passou a circular, n�o sa�a mais de casa para nada. Um dia, passou mal e j� n�o tinha mais tratamento”, conta. J� a atendente de padaria C�ssia Maria da Silva, de 45, perdeu a tia Iracilda Silva, de 60, card�aca, moradora do munic�pio de Moeda. “Ela tinha medo de se consultar, de chegar nos postos de sa�de todos cheios de pessoas com suspeita de COVID-19. O pior � que tentaram enterr�-la como se tivesse a doen�a, mas conseguimos reverter e ela p�de pelo menos ter um enterro aberto, o que muitos n�o tiveram, j� que a COVID-19 obriga o vel�rio a ser fechado”, afirma.
O m�dico Carlos Starling, infectologista e integrante do comit� de enfrentamento � COVID-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, considera que esse aumento de mortes seja um efeito indireto de uma pandemia como a enfrentada atualmente, com necessidade de isolamento e precau��es sociais.
“S�o consequ�ncias de v�rios fatores da pandemia, como a superlota��o do sistema por uma doen�a. � medida que as pessoas precisaram se afastar, ocorreu tamb�m uma redu��o no acompanhamento de outras condi��es de sa�de, adiamento de cirurgias e de tratamentos. Certamente, foi muito prejudicial para quem j� tinha uma condi��o de sa�de que piorou”, observa Starling.
“S�o consequ�ncias de v�rios fatores da pandemia, como a superlota��o do sistema por uma doen�a. � medida que as pessoas precisaram se afastar, ocorreu tamb�m uma redu��o no acompanhamento de outras condi��es de sa�de, adiamento de cirurgias e de tratamentos. Certamente, foi muito prejudicial para quem j� tinha uma condi��o de sa�de que piorou”, observa Starling.
“A superlota��o do sistema de sa�de com uma doen�a s� n�o permite o tratamento de outras doen�as importantes. Na pandemia, foram afetados n�o s�o s� os infectados que precisaram de cuidados, mas tamb�m os que perderam a oportunidade de tratamento. A situa��o s� n�o foi pior porque muitos munic�pios de refer�ncia, como Belo Horizonte, souberam se adaptar a essas demandas, inclusive com parcerias fundamentais com o setor de sa�de privada”, considera o infectologista.
Letalidade de males n�o respirat�rios aumentou 43%
No Brasil, chama a aten��o o aumento do �ndice de mortes di�rias por doen�as n�o respirat�rias, que teve uma escalada de quase 43%, na compara��o entre 2019, �ltimo ano pr�-pandemia, com os dados deste ano, apenas at� 10 de setembro.
Na Regi�o Sudeste, a alta foi de 44,3% no mesmo comparativo di�rio.
Na Regi�o Sudeste, a alta foi de 44,3% no mesmo comparativo di�rio.
A disparada dos �bitos no cen�rio nacional � observada em dados do Minist�rio da Sa�de enviados para a reportagem, relativos a pacientes que n�o resistiram a doen�as n�o respirat�rias.
Contudo, pode conter distor��es, por incluir condi��es em que m�dicos ainda assinalaram mortes causadas pela COVID-19, como “outras doen�as infecciosas n�o determinadas”.
Contudo, pode conter distor��es, por incluir condi��es em que m�dicos ainda assinalaram mortes causadas pela COVID-19, como “outras doen�as infecciosas n�o determinadas”.
De acordo com os n�meros, no Brasil, morriam em 2019 3.254 pessoas diariamente, em m�dia, por causas n�o respirat�rias (exclu�dos acidentes, crimes e outros fatores externos).
O n�mero se ampliou em 2020, primeiro ano da pandemia, para 3.866 �bitos por dia, crescimento de 19%, mas em 2021 sofreu um salto de 43% no comparativo com 2019, com mortes de 4.640 pacientes a cada 24 horas.
O n�mero se ampliou em 2020, primeiro ano da pandemia, para 3.866 �bitos por dia, crescimento de 19%, mas em 2021 sofreu um salto de 43% no comparativo com 2019, com mortes de 4.640 pacientes a cada 24 horas.
As regi�es que apresentaram o maior aumento percentual de mortes por doen�as n�o respirat�rias por dia em 2021, comparado com 2019, foram a Centro-Oeste (62%), Sul (51%), Norte (50%), Sudeste (44%) e Nordeste (28%).
As doen�as que mais apresentaram aumento de mortes em 2021 foram as card�acas isqu�micas, com ritmo de 274 �bitos por dia; as cerebrovasculares, que chegam a 246 a cada 24 horas; e o diabetes, com 184 �bitos di�rios.
As doen�as que mais apresentaram aumento de mortes em 2021 foram as card�acas isqu�micas, com ritmo de 274 �bitos por dia; as cerebrovasculares, que chegam a 246 a cada 24 horas; e o diabetes, com 184 �bitos di�rios.
Em Minas Gerais, doen�as cerebrovasculares s�o a causa maior de mortes. Apenas nas macrorregi�es de sa�de Oeste, Leste e Sudeste h� mais mortes por doen�as isqu�micas do cora��o.
Reflexos da suspens�o de consultas e cirurgias
A SES-MG confirma que muitos pacientes foram afetados pela pandemia, mesmo sem ter contra�do a COVID-19, uma vez que procedimentos eletivos, como cirurgias e consultas, foram suspensos como forma de prevenir poss�vel sobrecarga na rede p�blica de sa�de.
“Tamb�m tiveram seus atendimentos presenciais suspensos, parcial ou totalmente, servi�os ambulatoriais com a assist�ncia voltada para pessoas que necessitam de reabilita��o, hipertensos, diab�ticos e (pacientes) odontol�gicos, entre outros”, acrescentou.
“Tamb�m tiveram seus atendimentos presenciais suspensos, parcial ou totalmente, servi�os ambulatoriais com a assist�ncia voltada para pessoas que necessitam de reabilita��o, hipertensos, diab�ticos e (pacientes) odontol�gicos, entre outros”, acrescentou.
A pasta destaca, contudo, que desde o fim de 2020 e ao longo de 2021, a retomada dos servi�os ambulatoriais e hospitalares eletivos t�m ocorrido “de forma respons�vel e organizada, mediante a a��o estrat�gica Cuida de Minas, um programa que busca garantir a integralidade e continuidade do cuidado aos usu�rios do SUS com condi��es cr�nicas e com outras condi��es de sa�de que precisam ser assistidas mesmo em tempo de pandemia. Cabe ressaltar, tamb�m, que os servi�os de urg�ncia e emerg�ncia nunca pararam”, informou a secretaria.
No momento, a SES-MG informa avaliar a contrata��o de prestadores de servi�os de sa�de e um novo plano de gest�o hospitalar para cirurgias eletivas.
No momento, a SES-MG informa avaliar a contrata��o de prestadores de servi�os de sa�de e um novo plano de gest�o hospitalar para cirurgias eletivas.
O Minist�rio da Sa�de afirma prestar apoio irrestrito aos gestores locais do SUS (estados e munic�pios) para a realiza��o de cirurgias, e acrescenta que liberou R$ 350 milh�es em recursos extras, repassados ap�s a comprova��o dos procedimentos.
“Como resultado dos mais de 300 milh�es de doses de vacina COVID-19 distribu�das para todo o pa�s, o Brasil ultrapassa a marca de mais de 100 milh�es de brasileiros completamente vacinados, passando de 60% do p�blico-alvo imunizado com as duas doses da vacina ou com o imunizante de dose �nica. O resultado do esfor�o do governo federal, em conjunto com os estados e munic�pios, � um cen�rio de pandemia mais arrefecido, com queda no n�mero de casos e �bitos, e um sistema p�blico de sa�de menos pressionado”.
“Como resultado dos mais de 300 milh�es de doses de vacina COVID-19 distribu�das para todo o pa�s, o Brasil ultrapassa a marca de mais de 100 milh�es de brasileiros completamente vacinados, passando de 60% do p�blico-alvo imunizado com as duas doses da vacina ou com o imunizante de dose �nica. O resultado do esfor�o do governo federal, em conjunto com os estados e munic�pios, � um cen�rio de pandemia mais arrefecido, com queda no n�mero de casos e �bitos, e um sistema p�blico de sa�de menos pressionado”.