
H� quest�es e m�todos que foram meramente traduzidos de ingl�s para portugu�s. Para a Pol�cia Militar de Minas Gerais (PM), entretanto, a forma de avalia��o n�o contempla os ganhos na conscientiza��o que o programa traz. A corpora��o informa, ainda, que h� adapta��es lingu�sticas e culturais em Minas Gerais.
Em seu �ltimo relat�rio, de 2018, o Proerd apresentou um custo m�dio anual de R$ 375.647,07, desde 2002, sem corre��es, sendo que n�o h� mais inje��o de recursos federais desde 2005, apenas estaduais e da PM. Desde 2003, s�o capacitados e designados para atuar no Proerd, em m�dia, 560 policiais militares por ano. Em 2019, foram 580. Esse efetivo atendeu, no mesmo per�odo, uma m�dia anual de 2.863 escolas em 390 munic�pios mineiros.
Adaptado de uma a��o norte-americana, chamada Drug Abuse Resistance Education (D.A.R.E.) ou Resist�ncia ao Abuso de Drogas na Educa��o, o Proerd � levado aos col�gios pelas pol�cias militares dos estados brasileiros, sendo que em S�o Paulo � obrigat�rio por lei estadual desde 2019. “No Brasil, n�o foram feitos ajustes � realidade dos estudantes e (o programa) nunca havia sido avaliado”, afirma Zila Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp) e coordenadora do estudo.
O Proerd � baseado nas teorias de aprendizagem socioemocionais e treinamento de resist�ncia. No estudo da Unifesp/Fapesp conduzido em 30 escolas paulistas, foram analisados dois curr�culos, por meio de ensaios cl�nicos randomizados de 4.030 alunos, sendo 1.777 alunos do 5º ano e 2.303 alunos do 7º ano. O grupo de interven��o recebeu 10 aulas do Proerd ministradas por policiais treinados, e o grupo de controle n�o recebeu nenhuma interven��o. A coleta de dados foi realizada por meio de question�rios autoaplic�veis em smartphones em dois momentos (linha de base pr�-interven��o e acompanhamento de nove meses). Os desfechos avaliados foram inicia��o e uso recente de drogas.
N�o foram percebidas diferen�as significativas entre os grupos que receberam e n�o receberam a interven��o na preven��o do uso de �lcool e drogas. Em uma pequena parcela que j� fazia o consumo de at� cinco doses de �lcool em at� duas horas antes de passar pelo programa, houve at� tr�s vezes mais chance de manter essa pr�tica do que no grupo que n�o participou do programa. Os estudantes que receberam a interven��o relataram ainda uma maior inten��o de experimentar tabaco e de aceitar oferta de maconha no futuro.
Com base nos resultados, os especialistas recomendam que o Proerd, que est� presente em todos os estados brasileiros, seja reformulado levando em conta as diferen�as culturais entre os dois pa�ses e o n�vel educacional dos estudantes brasileiros. “Percebemos que muitas crian�as do quinto ano tinham s�rias dificuldades de leitura e escrita. E algumas das atividades do programa envolvem essas habilidades, como escrever uma reda��o, por exemplo”, afirma a pesquisadora. Partes dos conte�dos s�o tradu��es literais do programa norte-americano, sem qualquer adapta��o � cultura brasileira e os pesquisadores avaliam que isso pode influenciar na compreens�o e ter efeitos contr�rios aos esperados.
Uma estimativa do Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina de S�o Paulo calcula que o Brasil gaste, anualmente, at� 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) com consequ�ncias de problemas relacionados ao �lcool – desde o tratamento das condi��es m�dicas at� a perda da produtividade decorrentes do seu uso, superando R$ 130 bilh�es por ano.
Foco � a conscientiza��o, diz a pol�cia
O Proerd como � trabalhado em Minas Gerais tem adapta��es culturais e lingu�sticas apropriadas, segundo avalia��o do diretor de comunica��o social e institucional da Pol�cia Militar de Minas Gerais, coronel Gilmar Luciano Santos. “A PMMG enxerga com bons olhos esse programa que � uma franquia dos EUA, mas tem toda a metodologia comprovada. Fazemos uma adapta��o lingu�stica e cultural e sempre consolidamos as equipes de policiais que participam, para que sejam renovadas em termos de conte�do e m�todo”, afirma.
Segundo o coronel, um dos pilares da forma��o para a corpora��o � a forma��o acad�mica. “Por isso, o Proerd � importante, pois ele se encontra na escola que � o ber�o da educa��o e da cultura. � l� que vamos consolidar a consci�ncia dos estudantes trazendo as informa��es sobre os males que sempre acompanham as drogas e viol�ncia, para que escolham os caminhos corretos para suas vidas”, afirma Santos.
O coronel Gilmar Santos criticou a forma como o Proerd foi avaliado, afirmando que o programa n�o � um fim em si pr�prio, por isso n�o pode ser creditado a ele os sucessos e as falhas das escolhas dos estudantes avaliados e que se envolveram em viol�ncia e com entorpecentes. “O Proerd n�o � um fim em si mesmo. N�o � para prender traficantes, nem acabar com o tr�fico. � educacional, de metodologia e de conscientiza��o. N�o substitui a fam�lia, a sociedade ou o Estado, mas se trata de um suplemento da cadeia pedag�gica. N�o temos como impedir o contato da pessoa com a droga ou o traficante. Mas educamos e conscientizamos o jovem, que � um futuro adulto, para que ele, dentro de seu livre arb�trio, tenha uma constru��o intelectual mostrando um caminho ruim das drogas e as consequ�ncias desse caminho”, afirma.
O policial tamb�m n�o acha que as respostas �s entrevistas refletem somente efeitos do Proerd. “N�o se mede o desempenho pelos adultos ou ao final de uma s�rie. � o mesmo de medir quantas pessoas est�o felizes em suas carreiras culpando o col�gio por quem n�o foi bem, em vez das escolhas individuais, da depress�o, dos casos de dificuldades, perdas, etc”, afirma o diretor da PMMG.