Alegando ter sido atingida duramente pelos efeitos da pandemia, a Via Essencial Organiza��o de Eventos avisou, repentinamente, que todos os v�nculos est�o encerrados.
Entre ontem e esta sexta-feira (31), os relatos de comiss�es de formatura desamparadas pelo brusco fechamento da Via Essencial se multiplicam. Uma lista obtida pelo Estado de Minas mostra que mais de 30 comit�s de alunos, de faculdades p�blicas e privadas, de Belo Horizonte e do interior, foram atingidos. A empresa funcionava no Bairro Santa Efig�nia, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte.
Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo, havia um acordo com alunos dos cursos de Engenharia Qu�mica e Engenharia Mec�nica. Cinquenta e um estudantes se juntaram para pagar cerca de R$ 500 mil, mas agora n�o sabem se poder�o comemorar a conclus�o do curso.
Na Escola Superior Dom Helder C�mara, tradicional institui��o privada de Direito de Belo Horizonte, 100 graduados tamb�m est�o a ver navios.
Na mensagem padr�o enviada a todos os contratantes, a Via Essencial afirma que, em tr�s meses, entrar� em contato para tratar da devolu��o dos valores pagos. N�o h�, por�m, informa��es sobre como o ressarcimento vai acontecer.
As turmas de Engenharia da UFMG j� se movimentavam para definir detalhes para a grande festa, prevista para julho de 2022. "Est� todo mundo muito mal. Foi muito estresse, um choque. � uma quebra gigantesca de expectativas. J� t�nhamos, conversando com o cerimonial, fechado a lista de atra��es [da festa]", diz a estudante de Engenharia Qu�mica Let�cia Furtado, de 24 anos.
A jovem desembolsou R$ 8,5 mil pelo contrato com a empresa, firmado em 2017. Com a fam�lia empolgada pela formatura, gastou ainda mais para comprar convites avulsos e lotar o baile de parentes. "Desembolsei aproximadamente R$ 16 mil", lamenta.
As reuni�es para projetar a festa d�o lugar agora a conversas sobre como tentar recuperar o preju�zo. "J� t�nhamos olhado buffet, est�vamos olhando decora��o e at� recebido o projeto de como ficaria [o sal�o] Foi uma tristeza total. Est� todo mundo desolado", desabafa.
As buscas por contatos com os representantes da empresa foram frustradas. Em todos os casos, o roteiro se repete: celulares desligados, e-mails n�o respondidos, redes sociais deletadas e site fora do ar. At� mesmo as planilhas de gastos das festas foram removidas da internet.
"Temos um grupo com os gerentes. N�o conseguimos contato nenhum. As coisas foram sumindo do site. Havia o controle do n�mero de formandos e do pagamento de parcelas. Tudo foi desativado", protesta a advogada Luisa Helena Saraiva, de 23, que se formou em Direito pela Dom Helder neste ano e, agora, se aprontava para comemorar a conquista no meio do ano que vem.
"Tinham festas que estavam totalmente prontas para acontecer, com tudo pago", conta ela.
Na Dom Helder, parte do dinheiro arrecadado com as presta��es pagas ao cerimonial j� havia servido para, por exemplo, pagar o buf� e a primeira parcela do cach� da atra��o musical do baile. Na �ltima presta��o de contas, feita em mar�o, a empresa ainda tinha pouco mais de R$ 536 mil em caixa para bancar os custos do evento.
Bloqueio de bens � alternativa
Em meio ao caos, os estudantes j� come�am a pensar nos pr�ximos passos. Os futuros engenheiros da UFMG acionaram um advogado. Depois do r�veillon, um boletim de ocorr�ncia ser� feito. Na Dom Helder, a conversa � com os professores de advocacia.
Segundo Luisa Helena, uma das ideias � ajuizar a��o pedindo o bloqueio de bens da Via Essencial - que, nos dados da Receita Federal, tem apenas uma pessoa cadastrada como dona.
"� muito prov�vel que eles j� tenham feito uma 'limpa' no dinheiro, mas esse � o requerimento padr�o: pedir o bloqueio dos bens. E, se n�o achar nada na conta da empresa, come�ar a procurar no patrim�nio dos s�cios", observa.
Cerimonial fez reuni�o derradeira para tentar reverter quadro
Na mensagem de distrato enviada aos formandos, a Via Essencial afirma ter reunido seus representantes no in�cio desta semana para discutir as finan�as. A situa��o imposta pela COVID-19, segundo o cerimonial, piorou com o aumento da inadimpl�ncia dos contratantes e do reajuste nos custos de servi�os prestados por buf�s e distribuidoras de bebidas.
"Trata-se de uma decis�o com extremo pesar, [tomada] por motivos de for�a maior e imprevisibilidade, que ensejar� desconfortos para ambas partes, considerado que, caso tal decis�o n�o fosse adotada neste momento, dificilmente conseguir�amos cumprir os termos contratuais", l�-se em trecho da notifica��o remetida aos alunos.
Em nota enviada ao EM, o Cerimonial Via Essencial, por meio de sua assessoria jur�dica, ratificou as informa��es prestadas no comunicado enviado aos alunos.
"O setor de eventos at� a presente data sofre os impactos causados pela pandemia e alta da infla��o em nosso pa�s. Diante da impossibilidade de realizar os eventos com excelencia, bem como n�o causar preju�zos aos alunos, a empresa ratifica as informa��es do comunicado enviado, no sentido de que se coloca a disposi��o atrav�s do contato informado aos clientes e, nos prazos designados no comunicado, prestar� todas as informa��es referentes � restitui��o de valores, conforme inclusive determina a legisla��o vigente sobre o tema", diz a empresa na nota.