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Estado de Minas MEIO AMBIENTE

Chuva aumenta polui��o na Lagoa da Pampulha neste in�cio de ano

Espelho d'�gua do cart�o-postal de BH iniciou 2022 coberto por denso tapete verde, situa��o agravada pelo lixo arrastado pelos temporais


05/01/2022 06:00 - atualizado 05/01/2022 08:06

Lagoa da Pampulha, próximo à Igrejinha, com grande camada de lixo e água verde
M�dia di�ria de lixo flutuante recolhido salta de 5 toneladas na �poca de estiagem para 10 toneladas no per�odo chuvoso (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Entra ano, sai ano e o cen�rio n�o muda: com as chuvas que atingem Minas Gerais, as �guas que banham o Patrim�nio Mundial da Pampulha, em Belo Horizonte, ganham a cor verde muito forte, formando um tapete denso, piorado ainda mais pelo lixo carreado pelos c�rregos Sarandi e Ressaca e lan�amento de esgoto. Moradores da regi�o ou visitantes interessados em conhecer o Conjunto Moderno projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) n�o se cansam de reclamar, pois, a reboque, vem o mau cheiro.

O diretor da Associa��o Comunit�ria Viver Bandeirantes, Jos� Am�rico Mendicino, diz que, todo ano, especialmente na �poca de chuva, o material org�nico sobe e deixa o espelho d’�gua com um aspecto totalmente diferente: “At� hoje lan�am esgoto na Lagoa da Pampulha e h� prolifera��o de algas e bact�rias, causando o mau cheiro”, afirma.

Preocupado com o quadro, agravado para os moradores pela quantidade de pernilongos, Mendicino ressalta que o problema sempre foi  tratado de forma paliativa, “pois nunca combateram a causa. Gastam fortunas todo ano”.

Foto mostra cano de esgoto sobre a Lagoa da Pampulha
Espelho d'�gua da Pampulha est� coberto por denso tapete verde de sujeira e mau cheiro neste come�o de ano (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Fot�grafo do Estado de Minas flagrou e resgatou p�ssaro preso na densa camada de sujeira que encobre a Lagoa na Pampulha.


Atento h� anos �s interven��es na Pampulha, Mendicino acredita que, se resolvessem os problemas do esgoto e, principalmente, da prote��o das nascentes, haveria melhora significativa.

"Passo pela orla diariamente, e a situa��o sempre preocupa. Uma das causas do mau cheiro da Lagoa da Pampulha est� associada � morte: morte de plantas, morte de peixes e de invertebrados"

Paulo Ricardo Silva Coelho, doutorando em parasitologia na UFMG



“Por que n�o fazem isso? Sempre fiz essa pergunta. Por que querem gastar tanto, em todos esses anos, em situa��es que v�o exigir mais investimento hoje, amanh�, depois e depois? Se quisessem resolver n�o teriam que combater a causa?”

A conclus�o de Mendicino, que � contador e corretor de im�veis, � de lamento: “Triste ver a Pampulha da forma que est�. Era para ser um local maravilhoso.”

Cor destoante sobre o espelho

Nos primeiros dias �teis deste ano, a segunda-feira chuvosa teve pouco movimento na regi�o – alguns correndo na orla, outros pedalando perto do Santu�rio Arquidiocesano S�o Francisco de Assis, mais conhecido como Igrejinha da Pampulha. Nessa ter�a-feira (4/1), com c�u nublado, praticantes de esportes retornavam timidamente � rotina.

 


sequência de fotos mostra pássaro preso na água poluída da Lagoa da Pampulha em 4/1/22
Fot�grafo do Estado de Minas resgatou p�ssaro preso na sujeira das �guas da Pampulha (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


O espanto maior era com a forte tonalidade que chama a aten��o e destoa da import�ncia do conjunto arquitet�nico reconhecido pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco).

Morador do Bairro Santa Terezinha, na Regi�o da Pampulha, o bi�logo Paulo Ricardo Silva Coelho, doutorando em parasitologia no Instituto de Ci�ncias Biol�gicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG), conhece bem a grave situa��o da lagoa, onde faz coletas para suas pesquisas.

“Passo pela orla diariamente, e a situa��o sempre preocupa. Uma das causas do mau cheiro da Lagoa da Pampulha est� associada � morte: morte de plantas, morte de peixes e de invertebrados”, explica.

Foto mostra Paulo Ricardo Silva Coelho, doutorando em parasitologia na UFMG, retirando amostra da Lagoa da Pampulha
O bi�logo Paulo Ricardo Silva Coelho pesquisa as �guas da Pampulha e lamenta situa��o preocupante do espelho d'�gua (foto: Juliana Kleinsorge/Divulga��o)


Segundo o pesquisador, a cor verde do reservat�rio resulta do processo de eutrofiza��o, que est� associado ao excesso de nutrientes na �gua (nitrato, pot�ssio, f�sforo e outros elementos qu�micos) origin�rios do lan�amento de esgoto. Ent�o, trata-se tamb�m de um quadro de polui��o.

“No per�odo de chuva, ocorre a lixivia��o ou ‘lavagem’ das ruas, avenidas e demais locais p�blicos com o carregamento de mat�ria org�nica para dentro do espelho d’�gua”, explica o bi�logo.

Para entender melhor a eutrofiza��o, Paulo Ricardo conta que, no ver�o, com o aumento da temperatura, h� prolifera��o de fitopl�ncton na superf�cie da lagoa, formando o tapete denso que se v� atualmente.

“Esse tapete bloqueia a passagem da luz, causando a morte das algas e plantas que est�o embaixo. Consequentemente, com a falta de oxig�nio, os organismos competem entre eles. Toda essa cadeia pode causar a morte das plantas, peixes e invertebrados no ecossistema”, diz o pesquisador.

Chuva dobra volume de lixo na Pampulha

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), via Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), informou que faz, diariamente, a limpeza do espelho d'�gua da Lagoa da Pampulha. Os t�cnicos explicam que o volume de lixo flutuante recolhido todos os dias corresponde, em m�dia, a 5 toneladas durante o per�odo de estiagem e a 10 toneladas no per�odo chuvoso.

“Trata-se de servi�o de natureza continuada. Importante mencionar que, a colora��o esverdeada da �gua da Lagoa da Pampulha, ainda � reflexo da eutrofiza��o do lago, com consequente flora��o de algas”.

A Sudecap esclarece que o processo de eutrofiza��o vem sendo revertido com a execu��o do contrato de presta��o dos servi�os de recupera��o da qualidade da �gua. “O intenso per�odo chuvoso propiciou uma piora prevista na qualidade das �guas afluentes � lagoa, pois ‘lava’ a bacia hidrogr�fica e lan�a toda a polui��o difusa dentro da represa.”


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