
O desmoronamento do setor sul do Morro da Forca, em Ouro Preto, na quinta-feira (13/1), enterrou parte do patrim�nio e da hist�ria da cidade e deixou na mem�ria do ouro-pretano Pedro Bitencourt de Oliveira, de 64 anos, a certeza de que sua a��o ajudou a evitar mortes.
O morador foi um dos primeiros a perceber os sinais de deslizamento de terra e fez um v�deo (veja abaixo), minutos antes do morro ir abaixo, quando ainda um imenso tr�fego de ve�culos e pessoas passava no local da iminente trag�dia.
“Vamos chamar Defesa Civil de uma vez? Porque quando passei de carro aqui aquele peda�o caiu e estou vendo que tudo est� rachando e aquele peda�o vai cair, com os �nibus trepidando vai cair”, falou Pedro a um outro morador da cidade.
Nascido e criado no Bairro do Pilar, o aposentado conta que passa todos os dias, �s 8h, na Rua Diogo de Vasconcelos para levar a esposa � casa da m�e dela. Ao cruzar com a Rua Pac�fico Homem, trecho onde est� localizado o Morro da Forca, o ouro-pretano conta que ao olhar se havia carros descendo percebeu uma rachadura em formato horizontal.
Esse tipo de sinal � chamada por especialistas de folha��o rochosa, que s�o camadas horizontais como se fossem v�ria folhas empilhadas. O fluxo de �gua entre essas camadas pode causar o movimento de massa.
Esse tipo de sinal � chamada por especialistas de folha��o rochosa, que s�o camadas horizontais como se fossem v�ria folhas empilhadas. O fluxo de �gua entre essas camadas pode causar o movimento de massa.
“Deixei minha esposa na casa da m�e dela e ao retornar, 10 minutos depois, fui ao ponto fazer as fotos e o v�deo. Voc�s podem perceber pelas imagens que h� um movimento muito grande de pessoas porque ali � o trajeto que liga o Centro Hist�rico a diversos bairros, inclusive o Bauxita, onde fica a UFOP e o IFMG”.
O morador conta que ap�s as filmagens foi � Defesa Civil mostrar o que estava acontecendo. Ao voltar ao local, encontrou toda �rea isolada e todos s� aguardaram a cena lament�vel.
“Foi a m�o de Deus que nos livrou de algo pior, assim que terminaram de cercar a �rea, parte do Morro da Forca veio abaixou e destruiu os casar�es hist�ricos sem deixar v�timas”.
Olhar para as montanhas
Hoje com 64 anos, o aposentado conta que os pais foram morar na cidade hist�rica em 1955 e dois anos depois nasceu o primeiro ouro-pretano da fam�lia. Durante sua juventude, Pedro Bitencourt aprendeu com o pai o of�cio de construir casas e lembra que ouvia do genitor que as rochas de Ouro Preto sempre correm para o sul. Bitencourt afirma que cerca de 300 casas do Bairro S�o Jos� foram feitas pelo pai.
“Foi com esse meu olhar ouro-pretano e com os ensinamentos herdados do meu pai que aprendi a olhar para as montanhas”.

Outra trag�dia
Pedro Bitencourt conta que j� presenciou uma outra trag�dia no mesmo lugar em 1979, mas que n�o chegou a atingir casas e nem pessoas. Na �poca, o jovem ouro-pretano, com 22 anos, estava com a aten��o voltada para outras trag�dias na cidade, isolada devido a um per�odo chuvoso semelhante ao atual.
“Lembro que era �poca de carnaval e eu nem dei muita aten��o ao escorregamento dessa terra, mas nessa �poca a cidade estava isolada, v�rias casas caindo devido �s chuvas. Tinham muitas trag�dias mais graves em 1979, peda�os de muros no Morro S�o Sebasti�o tinham sa�do e atingido casas e ent�o esse escorregamento do Morro da Forca foi grave, mas n�o foi o pior naquela �poca”.
Reconhecimento
Dentre as pessoas que tiveram o olhar atento sobre o deslizamento parcial do Morro da Forca, a Defesa Civil de Ouro Preto reconhece a a��o do morador e destaca que outros ouro-pretanos tamb�m tiveram a iniciativa de impedir uma trag�dia maior.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil do munic�pio, Neri Moutinho, um taxista e um motorista de �nibus tamb�m procuraram o �rg�o. Ele destaca que a agente da Defesa Civil Paloma Magalh�es conseguiu evacuar toda a Pra�a da Esta��o, onde o desabamento ocorreu, minutos antes do incidente. “N�s agradecemos a todos, defesa civil somos todos n�s”.