Usu�rios de �nibus coletivos metropolitanos reclamam da superlota��o, das condi��es dos �nibus e dos servi�os presatados pelas empresas (foto: Alexandre Guzanshe/Em/D.A. Press)
O acidente com o �nibus da linha 524 (Terminal Justin�polis/Belo Horizonte), que tombou ap�s perder o eixo na Avenida Vilarinho, em Venda Nova, no in�cio da manh� desta quinta-feira (20/1), chamou aten��o para as condi��es do Move Metropolitano, que servem usu�rios da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.
A reportagem do Estado de Minas entrevistou passageiros desses �nibus, e encontrou um acervo de reclama��es, sendo a principal delas a superlota��o dos ve�culos. Problema que foi preocupante no acidente de hoje, j� que, segundo o Corpo de Bombeiros, aproximadamente 93 pessoas estavam no momento do acidente.
Uma das placas internas do ve�culo, que mostra o n�mero do coletivo, informa que a capacidade de passageiros � de 26 pessoas sentadas e 51 em p�, totalizando 77 passageiros. No entanto, durante a pandemia, o Comit� COVID-19 da Secretaria de Estado de Sa�de deliberou que esse n�mero fosse reduzido para 26 pessoas sentadas e 15 em p�, totalizando 41 passageiros. O �nibus, portanto, estava com 52 pessoas a mais do que o permitido.
“Pra come�ar, parece um carnaval. Voc� entra l� dentro e n�o consegue conversar com ningu�m de t�o cheio. Entrar num �nibus desse e numa lata de sardinha � a mesma coisa. A �nica diferen�a � que eu sou humano, e a sardinha � peixe”, reclama Jair Jos� da Silva, de 65 anos.
Jair Jos� da Silva, 65 anos (foto: Alexandre Guzanshe/Em/D.A. Press)
Morador de Venda Nova, ele diz j� ter ouvido relatos de falta de freio nos ve�culos. “� absurdo! Os motoristas t�m que andar controlando, j� cansei de ouvir motorista falar que o �nibus n�o tinha freio. Tem que controlar nas descidas. Se deixar pegar velocidade, (o �nibus) n�o para”, alerta.
Outro problema comum � goteira durante as viagens. “No dia que est� chovendo, tem que andar com guarda-chuva porque voc� molha mais do lado de dentro do que de fora”, diz o aposentado, que diz se sentir desrespeitado.
“� um descaso muito grande com a gente. Trabalhei tanto e hoje n�o temos um �nibus � altura. Nem precisou acontecer esse acidente hoje, desde antes eu j� tinha medo de algum problema quando entro no �nibus.”
Outros problemas
A dom�stica Janair Ferreira Gusm�o, de 49 anos, diz que a situa��o do transporte metropolitano � “prec�ria”. “Se chove, molha tudo l� dentro. No calor, o ar condicionado n�o funciona e a gente passa mal. As cadeiras balan�ando, os ferros �s vezes voc� segura e cai”, pontua. “� muito cheio, lotado, as vezes n�o tem nem lugar pra segurar direito”.
Janair Ferreira Gusm�o, de 49 anos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
Al�m disso, a moradora de Justin�polis, em Ribeir�o das Neves, relata sobre problemas t�cnicos. “J� aconteceu comigo de estragar no meio do caminho. � a maior dificuldade pra pegar outro �nibus porque est� tudo lotado tamb�m. � muito dif�cil. A gente paga passagem cara e sofre demais. N�o � f�cil n�o”, afirma.
A diarista Cristina Brito de Souza, de 43 anos, mora no Bairro S�o Benedito, em Santa Luzia, e trabalha no Bairro Sion, na Regi�o Centro-Sul de BH. Ela depende de tr�s coletivos para ir ao emprego e outros tr�s para chegar em casa. No entanto, ela diz que o intermedi�rio, que � o Move Metropolitano, tem as piores condi��es.
Cristina Brito de Souza, de 43 anos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
“Ele � superlotado o dia inteiro e quando est� chovendo, molha dentro do �nibus”, reafirma. “Al�m disso, tem briga e tumulto dentro da esta��o. Empurra-empurra, bagun�a o tempo todo”, conta.
Reclama��es de passageiros do Move Metropolitano ouvidos pela reportagem do EM:
Superlota��o
Falta de freio
Goteiras em dias de chuva
Ar condicionado n�o funciona
Ve�culo estraga no meio do caminho
Passagem cara
Cadeiras e apoios de m�o frouxos
Bagun�a nas esta��es
Demora no trajeto
Intervalos extensos
Confira outros relatos:
Adenor Lacerda Rodrigues, 44 anos, ajudante de carga e descarga
Adenor Lacerda Rodrigues, 44 anos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
“A situa��o � p�ssima. S� passagem cara e transporte ruim. A gente fica horas esperando. No final da esta��o do Move � outra demora. � p�ssimo o transporte, o �nibus � muito cheio. Depois de 16h vai superlotado. Uso todos os dias para trabalhar e me preocupa com certeza, principalmente agora com esse acidente em Venda Nova.”
Isa Soares Pereira Santos, 41 anos, auxiliar de servi�os gerais
Isa Soares Pereira Santos, 41 anos
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
“Moro em Santa Luzia e vejo o �nibus lotado o tempo todo. Pego 4h30 para ir trabalhar, que � quando est� mais vazio, mas na volta, no pico da tarde, � muito dif�cil de sentar. Tinha de melhorar, aumentar a quantidade de �nibus. Ainda mais com o coronav�rus. Pra qu� esse tanto de gente? Fico com medo. Tem vez que cai chuva e tem goteira dentro do Move. � muito lotado mesmo. Se tiver um acidente, � um risco de todo mundo machucar ou at� perder a vida.”
Valdecir Santos, 60 anos, entregador
Valdecir Santos, 60 anos
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
“Uso o transporte coletivo todos os dias porque moro em Santa Luzia e tenho que vir a BH trabalhar. O �nibus demora bastante. Quando a gente entra no �nibus demora muito tempo pra chegar em casa. Nas esta��es, uma bagun�a s�. As pessoas empurram os idosos, esses dias mesmo uma velhinha chegou a machucar a perna, saiu sangue. O problema � que vai muito cheio e n�o tem lugar pra sentar, a gente tem que ir em p�.”
Posicionamentos
A reportagem entrou em contato com o Departamento de Edifica��es e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), �rg�o respons�vel pela fiscaliza��o das linhas metropolitanas, que n�o respondeu at� a publica��o desta mat�ria.
Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) afirmou que "oferece quantidade de viagens compat�vel" com a demanda e que o n�mero de passageiros segue 30% inferior em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado.
Confira na �ntegra:
"O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano – SINTRAM, informa que monitora diariamente a demanda de passageiros, oferecendo uma quantidade de viagens compat�vel. Ainda, refor�a que o n�mero de viagens vem aumentando � medida em que os passageiros retornam ao sistema metropolitano.
� importante frisar que, apesar do aumento dos �ltimos meses, o n�mero de usu�rios do servi�o na RMBH ainda n�o voltou ao mesmo patamar do que era antes da pandemia, e hoje est� 30% inferior em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado.
Em rela��o �s goteiras, por se tratar de um dano interno do ve�culo, n�o � percept�vel durante a checagem. Assim, s� � poss�vel identificar o problema quando chove. Quando detectado, o ve�culo � recolhido logo ap�s o t�rmino da viagem para passar pelos devidos reparos.
O SINTRAM refor�a que todos os ve�culos que operam o servi�o metropolitano passam por revis�es peri�dicas e, quando algum problema � detectado, o carro � recolhido para passar pelas repara��es cab�veis."