COVID: soro da Funed falha em teste com hamsters; estudo pode ser encerrado

Aposta do governo de Minas para o combate � pandemia, o soro contra a COVID-19 da Funda��o Ezequiel Dias (Funed) ainda est� longe de se tornar uma op��o concreta de tratamento da infec��o. O estado chegou a prever a entrega do primeiro lote com 5 mil ampolas do composto para testes em humanos para janeiro de 2021. Um ano ap�s a previs�o inicial, o produto experimental n�o demonstrou efic�cia contra a doen�a em experimentos com hamsters infectados e pode n�o sair do laborat�rio. 

Diferentemente da vacina, o soro n�o atua na preven��o de doen�as, e sim no tratamento de pessoas j� doentes, em ambiente hospitalar. A subst�ncia � produzida a partir da inocula��o do v�rus inativado em cavalos, que reagem produzindo anticorpos potentes. Uma vez injetados nos doentes, eles ajudam a amenizar sintomas e a evitar quadros graves. 

As pesquisas da Funed come�aram em novembro de 2020, pouco mais de um m�s depois que o Instituto Butantan iniciou o desenvolvimento de seu soro, atualmente testado em pacientes do Hospital do Rim e do Hospital das Cl�nicas da Universidade de S�o Paulo, ambos na capital paulista. Na ocasi�o, a institui��o mineira anunciou a imuniza��o dos equinos da Fazenda Experimental S�o Judas Tadeu com o v�rus inativado da COVID-19.

Segundo o coordenador do estudo, S�rgio Caldas, em dezembro de 2020, os cientistas coletaram o plasma dos animais e separaram os anticorpos, que mostraram boa capacidade de neutraliza��o do Sars-Cov-2 nos ensaios in vitro, ou seja, em placas com c�lulas infectadas.

Vencida esta etapa, os pesquisadores esperavam produzir os lotes de soro para testes em humanos, mas foram surpreendidos por uma exig�ncia da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).De acordo com Caldas, o �rg�o determinou que a Funed testasse a efic�cia do composto em hamsters experimentalmente infectados, uma vez que o soro � uma terapia nova. As amostras foram, ent�o, encaminhadas � Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) para os ensaios com roedores, mas os resultados decepcionaram. 

"Os ensaios in vivo, em hamsters, n�o apresentaram os resultados esperados, n�o sendo observada prote��o significativa contra a infec��o viral comparado aos animais n�o tratados”, explica o estudioso.

Questionada sobre o futuro da pesquisas, a Funed diz que o grupo, neste momento, se debru�a sobre os dados obtidos e analisa a viabilidade de realiza��o de novos experimentos. A funda��o n�o descarta o encerramento do projeto, mas ressaltou que a consolida��o do conhecimento gerado nos �ltimos meses tamb�m traz benef�cios � comunidade cient�fica e � popula��o em geral.

O Estado de Minas tamb�m questionou o laborat�rio estatal sobre a disponibilidade de recursos para a eventual continuidade dos estudos, que receberam, at� ent�o, um �nico aporte da Funda��o de Amparo � Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) no valor de R$ 213.370,90.

A Funed informou que o projeto n�o tem verbas adicionais garantidas, mas conta com insumos remanescentes das etapas j� desenvolvidas e parcerias articuladas com institui��es como o Centro de Pesquisa e Produ��o de Imunobiol�gicos (CPPI) e o Instituto de Pesquisa Pel� Pequeno Pr�ncipe (IPPP).