
De acordo com a delegada da Regional Sul, Cinara Rocha, as investiga��es iniciaram em agosto do ano passado, a partir de levantamentos de ocorr�ncias similares. Na ocasi�o, uma suposta empresa entrava em contato com os candidatos que tinham curr�culos cadastrados em sites de emprego.
O p�blico-alvo do grupo eram menores aprendizes, de 14 a 18 anos, com algumas exce��es de candidatos de at� 21 anos. Aos jovens era prometida uma oportunidade de emprego, com sal�rio em torno de um a dois sal�rios m�nimos. Por�m, para o encaminhamento � empresa, era necess�rio um curso de capacita��o, com a promessa de in�cio imediato no emprego, logo ap�s a conclus�o do processo, sendo oferecido pelo pr�prio grupo.
De acordo com a delegada, o curso era � dist�ncia e supostamente conclu�do em cerca de, no m�ximo, cinco dias. Segundo as investiga��es, os candidatos arcavam com um valor para realizar o curso. Este valor variava a depender do poder aquisitivo do interessado.
"No caso da v�tima que procurou a pol�cia ontem, ela teria que pagar R$3 mil pelo curso, mas n�o tinha condi��es financeiras. Ent�o, foi oferecido a ela que desse uma entrada � vista e o restante seria pago em 12 meses, com o recebimento do sal�rio", explicou a delegada.
Segundo ela, alguns candidatos pagaram R$ 1.800, outros R$ 200, sendo um valor m�dio em torno de R$ 600. Ainda de acordo com a delegada, quando a pessoa tinha condi��es aquisitivas mais baixas, este valor de R$ 3 mil pelo curso era oferecido, assim como foi o caso da v�tima que fez a den�ncia.
Os candidatos s� se davam conta do golpe ao tentar acessar a plataforma do suposto curso - o qual nunca existiu. Al�m disso, quando procuravam a empresa, fornecida pelo suposto Recursos Humanos, o endere�o n�o existia, eram salas comerciais vazias. Ao retornar � empresa de cursos, os funcion�rios tamb�m n�o estavam mais no local.
Com as investiga��es, foi apurado que eles mudavam a sede da empresa a cada 15 dias. Al�m disso, todas as funcion�rias que faziam a capta��o de candidatos, pelo telemarketing, utilizavam o pr�prio celular. A empresa em quest�o apenas fornecia um chip, que tamb�m era trocado de 15 em 15 dias.
De acordo com a delegada, os envolvidos n�o faziam contrato de loca��o e, para driblar os locadores, ofereciam um valor acima do que o propriet�rio solicitava, iniciando o aluguel sem o contrato. Com isso, n�o deixavam dados e outras informa��es que pudessem ajudar na localiza��o da organiza��o.
A Pol�cia Civil tamb�m afirmou que na empresa havia uma rotatividade muito grande de funcion�rios, os sal�rios baixos e as pessoas eram selecionadas pelos curr�culos colocados em plataformas digitais, n�o havendo formaliza��o de emprego.
No local, atendiam cerca de 40 pessoas por dia. Cada uma das funcion�rias do telemarketing fazia cerca de 100 liga��es por dia, com o intuito de captar de 10 a 15 pessoas.
No momento do flagrante, uma falsa contrata��o de duas v�timas acontecia. "Quando a pol�cia chegou ao local, estava havendo a suposta contrata��o de duas v�timas que tinham assinado o contrato e recebido o direcionamento para a empresa, ap�s terem efetuado o pagamento", informou a delegada.
A pol�cia estima que eles arrecadavam, a cada 15 dias, entre R$ 180 a 250 mil.
Durante a a��o policial, realizada em um escrit�rio no Centro da capital, 10 pessoas foram conduzidas � delegacia, sendo quatro presas em flagrante por estelionato, organiza��o criminosa e corrup��o de menores. Os outros seis conduzidos, entre eles uma adolescente de 17 anos, ser�o investigados.
Ainda no curso dos trabalhos policiais, foram apreendidos diversos documentos, contratos, celulares e nove m�quinas de cart�o de cr�dito.
Alerta
O delegado Em�lio Oliveira faz um alerta para quem est� procurando emprego. "As pessoas devem ficar atentas e desconfiarem de propostas muito atrativas. Vagas de trabalho muito bem remuneradas e obtidas de forma simples s�o indicativos de golpe, ainda mais se atreladas ao pagamento de curso de qualifica��o. � importante que a popula��o pesquise sobre a empresa que est� ofertando e o seu hist�rico", enfatiza.
"Caso algu�m tenha sido v�tima desse crime, procure as delegacias da Pol�cia Civil para o registro de ocorr�ncia, para que possamos responsabilizar criminalmente essas pessoas e contribuir para a investiga��o desse grupo criminoso", concluiu o delegado.
A delegada Cinara Rocha informou que, al�m do p�blico-alvo, o grupo atra�a pessoas com menores condi��es, muitas vezes at� mesmo aquelas que viviam apenas com benef�cio do governo. Em um dos relatos, uma das v�timas n�o tinha nem o dinheiro da passagem, tendo pego emprestado tanto para a locomo��o quanto para o pagamento do suposto curso.
A Pol�cia Civil n�o descarta a possibilidade de pessoas acima, que no caso seriam os l�deres da organiza��o criminosa. As investiga��es prosseguem com o objetivo de identificar outras pessoas envolvidas no esquema criminoso.
* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie.