
O advogado Tel�maco Marrace, que tem vasta experi�ncia em casos de tr�fico internacional de drogas, assumiu o caso da jovem Mary Hellen Coelho Silva, de 22 anos, com outras advogadas de Pouso Alegre, no Sul de Minas.
De acordo com ele, as chances de a mineira, que est� presa na Tail�ndia por tr�fico de drogas, pegar pena de morte s�o quase zero. J� sobre uma poss�vel pris�o perp�tua, Marrace afirma que tudo depende do entendimento do juiz que julgar� o caso.
De acordo com ele, as chances de a mineira, que est� presa na Tail�ndia por tr�fico de drogas, pegar pena de morte s�o quase zero. J� sobre uma poss�vel pris�o perp�tua, Marrace afirma que tudo depende do entendimento do juiz que julgar� o caso.
“As chances de ela ter pena de morte � quase zero. De uma pris�o perp�tua depende do entendimento do magistrado que vai fazer o julgamento, mas eu acho tamb�m muito dif�cil. Numa escala a� de 0% a 100%, 80% de n�o ter. E a chance de pegar 5 anos e pagar uma multa, em dinheiro tailand�s, n�o � descartada. Mas existe a possibilidade de ser concedido a ela o perd�o real, porque l� � Monarquia Constitucional. Nesse caso, Mary Hellen poderia retornar ao Brasil”, explicou o advogado.
“� um processo que pode durar um ano e meio a dois anos, mais ou menos”, completou.
Confira trechos da entrevista com o advogado Tel�maco Marrace, que assumiu o caso da jovem pouso-alegrense nesta ter�a-feira (22/02), ao portal Terra do Mandu.
Confira trechos da entrevista com o advogado Tel�maco Marrace, que assumiu o caso da jovem pouso-alegrense nesta ter�a-feira (22/02), ao portal Terra do Mandu.
O que prev� a lei
Mary Hellen est� presa na Tail�ndia desde 14 de fevereiro, quando foi detida com mais dois brasileiros no aeroporto de Bangkok. O grupo estava com 15,5 quilos de coca�na no total. A lei tailandesa prev� uma pena que varia de 10 a 20 anos de pris�o, que pode se transformar at� em pris�o perp�tua, conforme a interpreta��o jur�dica.
“Geralmente, de 2020, 2021 para c�, de 15 presos pelo mesmo crime que a Mary Hellen foi pega na Tail�ndia, oito obtiveram perd�o. Ent�o, � uma possibilidade bastante alta para animar a fam�lia. Mas vamos trabalhar com intensidade, em contato com o advogado que vai atuar no processo criminal na Tail�ndia. Tamb�m j� estou em contato com um amigo que mora na Tail�ndia h� tr�s anos e fala muito bem o idioma, para fazer essa ponte para que n�s possamos ajudar e para que a Mary Hellen volte em seguran�a para a sua fam�lia”, explicou Marrace.
Conforme a lei do pa�s, a hero�na, considerada categoria 1, � pass�vel de pena capital. J� o porte de coca�na, que pertence � categoria 2, tem como pena m�xima prevista a pris�o perp�tua. No entanto, como o advogado citou, a interpreta��o do juiz local sobre o caso ser� decisiva.
“No caso da Tail�ndia, primeira coisa que temos que saber � a natureza da droga. Ent�o, � primeira vista, o que foi encontrada foi uma subst�ncia an�loga a coca�na ou hero�na. Se for constatado ser hero�na, a� sim Mary Hellen poderia responder por pena de morte, mas, se for coca�na, n�o tem pena de morte na Tail�ndia nesse caso. Ela tamb�m n�o responderia por pris�o perp�tua, por quantidade da droga, por ser r� prim�ria no Brasil, por ter uma vida id�nea aqui no nosso pa�s, inclusive trabalhava com carteira assinada. Ent�o, essa mo�a, se for condenada, poderia pegar uns 5 anos de pris�o e retornar ao Brasil, obviamente ap�s a conclus�o do processo na Tail�ndia”, disse o advogado.

Ela poder� ser perdoada?
O advogado ainda citou um poss�vel perd�o para a brasileira, afirmando que as leis da Tail�ndia n�o s�o t�o severas quanto as leis da Indon�sia, pa�s onde pelo menos dois brasileiros foram condenados � morte, em anos anteriores, pelo mesmo crime.
“N�s estamos falando de um pa�s que o governo � uma Monarquia Constitucional, tem um primeiro-ministro e � governado por uma junta militar. Ent�o, as leis deles s�o severas, mas n�o tanto quanto a lei que enfrentou aquele rapaz brasileiro fuzilado na Indon�sia”, comentou.
No que o advogado acredita?
Tel�maco Marrace diz acreditar que a jovem pouso-alegrense possa ter sido uma v�tima do que chama de “emiss�rios dos traficantes”, ou seja, possivelmente por ter conhecido pela internet e se encantado com o rapaz com quem foi se encontrar em Curitiba, Mary Hellen pode ter sido atra�da com dinheiro e promessas para fazer “o servi�o”. Al�m disso, ele citou que esse tipo de crime � comum no Sul do Brasil e em stados do Sudeste.
“Principalmente aqui no Sul do Brasil, e � muito comum em S�o Paulo e no Rio de Janeiro, onde existem as grandes baladas. � pessoa que � cooptada por esses emiss�rios dos traficantes s�o oferecidos mundos e fundos. E, hoje, como a coisa est� ainda muito mais elaborada, eles criam perfis no Instagram, Facebook, Tinder, e a� � o pr�ncipe encantado para as meninas”, lamenta o advogado.
“Infelizmente, h� um p�blico alvo de 18 a 25 ou 26 anos. Eles falam 'vamos passear comigo na Tail�ndia?'. A�, chega em determinado local j� tem uma mala ali preparada, com roupas maravilhosas, e a pessoa est� naquela vibe que talvez ela nem percebe que esteja entrando num mundo sem voltas, porque, se vai para a Indon�sia, complica tudo”, completou.
Advogado faz alerta aos jovens
O advogado criminalista alerta outros jovens para que n�o sejam v�timas f�ceis para esses criminosos, como pode ter acontecido com Mary Hellen. De acordo com ele, tudo o que envolve a vida da jovem de Pouso Alegre d� a entender que ela pode ter sido v�tima desse aliciamento.
"Isso tamb�m serve de alerta para esses jovens, essas jovens, que podem entrar numa l�bia dessas. Creio eu que a Mary Hellen entrou numa dessas, porque existe tamb�m toda a quest�o da estrutura familiar, da estrutura psicol�gica. Existe toda essa contextualiza��o, aliada � impetuosidade da juventude. �s vezes, fazem muitas coisas sem pensar. Mas, no caso da Mary Hellen, creio que ser� um caso tranquilo, n�o vai ser dif�cil de resolver e em breve vamos conseguir traz�-la para os bra�os da fam�lia”, disse o advogado.
Experi�ncia internacional � esperan�a para fam�lia
O advogado j� trabalhou defendendo outros brasileiros presos em outros pa�ses por tr�fico internacional de drogas. Ele assessorou o advogado respons�vel pelo caso de Rodrigo Gularte, executado em 2015 na Indon�sia, ap�s ter sido condenado � morte por tr�fico de drogas em 2005.
“H� uma conex�o muito forte aqui entre levar a coca�na para a Europa e trazer a droga sint�tica, que � o comprimido de �xtase. Muitas vezes, eles voltam carregados e geralmente s�o pegos nos aeroportos, do Gale�o, principalmente, no Rio de Janeiro, em S�o Paulo, no aeroporto de Guarulhos. Geralmente, meninas na idade da Mary Hellen, de rapaz tamb�m nessa idade, tudo naquele mundo ilus�rio de 'vou conseguir um carro esportivo, vou conseguir uma mans�o', e sabemos que � uma cilada. O mundo das drogas � um mundo sem volta”, afirmou o advogado.
“Todos os casos nos quais eu trabalhei t�m o mesmo estilo, a mesma din�mica, o mesmo modo operante, n�o muda muita coisa. E um alerta para os jovens, n�o entrem nessa que pode sair caro”, completou o advogado.
Tel�maco Marrace nasceu em Londrina, no Paran�, mas foi criado no bairro S�o Geraldo, em Pouso Alegre, com os av�s, onde morou por boa parte de sua vida. Serviu o ex�rcito juntamente com um tio da Mary Hellen. Atualmente, mora em Florian�polis, em Santa Catarina. (Iago Almeida / Especial para o EM)