
LEIA TAMB�M: 'Tristeza e impot�ncia', diz lider da Sociedade Ucraniana do Brasil
“Como estava acompanhando as not�cias, logo entendi que a R�ssia havia invadido a Ucr�nia. Acordei chorando e fui direto ligar para os meus pais”, conta Mysko, natural de Ternopil, no interior do pa�s do leste europeu. A cidade fica a cerca de duas horas de Ivano-Frankivs'k, onde os russos lan�aram um m�ssil nas primeiras horas desta madrugada, atingindo uma base a�rea militar.
“N�o cheguei a pensar que minha fam�lia tivesse sido atingida, mas fiquei muito apreensiva, pois n�o imaginei que a R�ssia fosse atacar logo de cara as cidades do interior. Ent�o entrei em contato com meus pais para ver como estava o planejamento deles, se pretendiam deixar o pa�s e se estavam seguros”, relata a artista.
Os familiares de Yulia a tranquilizaram. Segundo a artista, tanto em Ternopil, quanto na capital ucraniana Kiev, onde ela tem tios e primos, est�o todos bem e, por ora, n�o pensam em deixar a Ucr�nia.
Medo e caos
O clima geral, contudo, � de caos e tens�o. Mysko diz que uma das primas est� presa em Kiev, j� que o combust�vel acabou por l�. Com a invas�o russa, os postos registram longas filas, uma vez que o espa�o a�reo foi fechado e milhares de pessoas tentam fugir pelas estradas.
Os supermercados tamb�m est�o lotados. Em muitos j� falta comida. Os moradores ainda registram bloqueios em cart�es de cr�dito por causa de ataques virtuais ao sistema banc�rio e consequente corrida aos bancos para sacar dinheiro, pois a popula��o teme que os cart�es permane�am inoperantes por muito tempo.
"Em Ternopil, o dia de trabalho foi suspenso, est� todo mundo em casa. Apesar da desordem e do medo, minha fam�lia est� relativamente tranquila e pretende ficar na Ucr�nia. Mesmo porque est�o cientes da estrat�gia da R�ssia, que � usar o desespero para expulsar as pessoas do pa�s. A orienta��o do governo ucraniano, neste momento, � que a popula��o fique unida e fortale�a a Ucr�nia”, afirma Yulia.
"De qualquer forma, fiquei muito feliz com as demonstra��es de solidariedade que recebi. Meus amigos italianos, por exemplo, de imediato, se ofereceram para receber minha fam�lia, caso fosse necess�rio", complementa.
Em caso de eventuais bombardeios, os pais e os irm�os da ucraniana planejam se abrigar em um bunker (c�modo feito para resistir a proj�teis de guerra) situado logo abaixo do pr�dio em que moram. “Essas estruturas s�o muito comuns no pa�s. S�o heran�as da Segunda Guerra Mundial. Grande parte dos pr�dios tem bunkers”, diz a capoeirista.
Questionada sobre o que sentiu diante do apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Vladmir Putin, demonstrado em 16 de fevereiro, quando o mandat�rio brasileiro esteve na R�ssia, Yulia expressa indigna��o.
“Talvez o presidente n�o saiba que a maior comunidade de ucranianos fora do pa�s est� no Brasil, especialmente no Paran�. A liga��o entre a Ucr�nia e o Brasil � t�o estreita que, em Prudent�polis (PR), a l�ngua ucraniana � reconhecida como oficial dessa cidade desde novembro de 2021, ao lado do portugu�s. S� ditadores t�m apoiado Putin. Quando Bolsonaro se coloca do lado desses l�deres, ele faz uma escolha”, critica.
Migra��o
Yulia Mysko conta que chegou ao Brasil em 2012. Naquele ano, ela se mudou da It�lia, onde estudava, para Curitiba (PR), para fazer um interc�mbio cultural ligado � pr�tica de capoeira. Em 2017, ela veio para BH, onde se casou e pretende ficar por longos anos.
“Gosto muito do Brasil e de BH. Por enquanto, n�o pretendo voltar para a Ucr�nia. Trazer minha fam�lia seria �timo, mas tamb�m n�o est� nos planos. Eles n�o querem e eu tamb�m n�o teria condi��es de mant�-los aqui. Mas falo constantemente com eles”, diz Yulia.