
A despeito do recente avan�o da cepa �micron, com alto poder de cont�gio, os indicadores da infec��o viral voltaram a recuar. A expectativa � de que a partir de mar�o a ci�ncia, que tanto aprendeu sobre o coronav�rus, possa discutir a mudan�a de status de pandemia para endemia.
Ao Estado de Minas, o infectologista Julio Croda, da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), explicou que num cen�rio de endemia, ondas sazonais de contamina��o n�o deixar�o de existir, mas o impacto delas ser� menor, tanto em interna��es hospitalares quanto na forma de casos graves que levam � morte.
Outra consequ�ncia de um novo patamar de caracteriza��o da COVID-19 ser� a progressiva libera��o de protocolos sanit�rios e medidas mais restritivas ao funcionamento das atividades econ�micas, como toque de recolher, lockdown, fechamento de atividades n�o essenciais e, inclusive, o uso de m�scara.
Outra consequ�ncia de um novo patamar de caracteriza��o da COVID-19 ser� a progressiva libera��o de protocolos sanit�rios e medidas mais restritivas ao funcionamento das atividades econ�micas, como toque de recolher, lockdown, fechamento de atividades n�o essenciais e, inclusive, o uso de m�scara.
Ainda assim, preocupam as possibilidades de novo recrudescimento de contamina��es depois do carnaval e a possibilidade de surgimento de outra cepa altamente transmiss�vel do coronav�rus. No entanto, Julio Croda considera uma perspectiva mais positiva.
“Pode diminuir a velocidade de queda da curva de casos, de hospitaliza��es e �bitos, mas se n�o houver uma nova variante que tenha maior transmissibilidade, teremos uma retomada da onda epid�mica”, afirma o pesquisador, que � tamb�m presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).
“Pode diminuir a velocidade de queda da curva de casos, de hospitaliza��es e �bitos, mas se n�o houver uma nova variante que tenha maior transmissibilidade, teremos uma retomada da onda epid�mica”, afirma o pesquisador, que � tamb�m presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).
Croda alerta que o pa�s precisa avan�ar na cobertura vacinal da dose de refor�o, chegando, pelo menos, a 50% de toda a popula��o imunizada com a 3ª dose. A maioria desse p�blico deve ser de idosos, ressalta o pesquisador da Fiocruz. “Os idosos precisam de mais doses de refor�o, para se protegerem ainda mais em hospitaliza��o e �bito porque s�o o grupo ainda mais vulner�vel. Das pessoas n�o vacinadas, � a popula��o em geral com risco extremamente elevado”, destaca.
Na avalia��o de Croda, o Minist�rio da Sa�de deve abra�ar duas estrat�gias nessa nova etapa de enfrentamento � doen�a, ambas ligadas � cobertura vacinal. Al�m de dar continuidade � imuniza��o da popula��o em geral, ser� preciso intensificar a aplica��o das doses de refor�o no p�blico acima de 50 anos. As estimativas s�o de que 79,8% dos brasileiros com mais de cinco anos se vacinaram com a primeira dose de imunizante e 73% foram protegidos com a segunda inje��o.
O placar em Minas Gerais supera a m�dia nacional, com 85,8% da popula��o acima de 5 anos imunizada com a primeira dose e 80,8% receberam a segunda inje��o. O refor�o foi aplicado em 41,6% dos mineiros, de acordo com a Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG). A vacina��o, como observa o infectologista Julio Croda, garante prote��o, principalmente, de reposta celular que previne hospitaliza��o e �bitos.
“� medida que avan�amos na vacina��o, a letalidade associada � doen�a deve diminuir, assim como o risco de hospitaliza��o e �bito e, portanto, menos impacto ter� a doen�a na sociedade”, afirma o pesquisador da Fiocruz. Ele acredita que a partir de mar�o j� ser� poss�vel pensar em tornar o status de pandemia para endemia, quando se manifesta em determinada regi�o e os servi�os de sa�de j� est�o preparados. “� poss�vel, mas ainda precisamos ter uma queda na m�dia m�vel de hospitaliza��o. Estamos na queda da m�dia m�vel de casos, interna��es e a pr�xima m�dia m�vel que deve cair � a hospitaliza��o.”
Fake news
Em 26 de fevereiro de 2020, o Brasil confirmou o primeiro caso de COVID-19, em S�o Paulo, com a contamina��o de um homem de 61 anos que havia viajado para a It�lia. A grande preocupa��o das autoridades p�blicas de sa�de � de uma nova onda da infec��o ap�s o feriado de carnaval. Embora as festividades nas ruas tenham sido canceladas, pelo segundo ano, para evitar a dissemina��o do v�rus, ainda geram alerta.
Julio Croda considera que, em um cen�rio favor�vel, a velocidade da transmiss�o vai ser reduzida e vai levar mais tempo para atingir indicadores pr�-�micron. “Com as coberturas vacinais similares �s da Europa, com 50% a 60% da popula��o com dose de refor�o e com indicadores de casos e hospitaliza��es, que j� est�o em queda, mas principalmente de �bitos, que deve iniciar a queda antes do carnaval, a partir do meio de mar�o, se esses indicadores forem similares ao per�odo pr�-�micron com elevada cobertura de doses de refor�o, podemos pensar em diminuir medidas restritivas”, avalia.
A libera��o pode come�ar a ser feita pelo fim do uso de m�scaras ao ar livre, com risco menor em locais de baixa transmiss�o do v�rus, e, depois, pela retirada de m�scaras em locais fechados. O passo seguinte ser� avaliar o isolamento ainda recomendado, e o isolamento em casos confirmados da doen�a.
Contudo, ele pondera que, para isso, as iniciativas do governo federal devem privilegiar comunica��o mais assertiva com a popula��o. “� importante que o Minist�rio da Sa�de fa�a esse contraponto, principalmente no que diz respeito � dose de refor�o. A gente tem cobertura muito baixa de doses de refor�o no Brasil. Precisamos avan�ar – existe vacina dispon�vel, � importante uma comunica��o assertiva, uma busca ativa, e do combate � dissemina��o de informa��es falsas atrav�s de aplicativos de mensagem e de redes sociais”, conclui.
* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Marta Vieira
BALAN�O
Infectados
» Brasil 28.578.647
» Minas Gerais 3.181.947
Mortes
» Brasil 647.390
» Minas Gerais 59.539
Prote��o essencial contra novas cepas
O avan�o da variante �micron do coronav�rus impressionou entre janeiro e meados deste m�s, com escalada de casos de contamina��o. Segundo os dados da Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG), nos 853 munic�pios mineiros o governo registrou 489.596 diagn�sticos da COVID-19, ao todo, em janeiro, o que representa pouco mais de 65% de todos os casos registrados da doen�a em 2021. Quanto �s mortes, foram confirmadas 655 vidas perdidas.
Neste m�s, at� quarta-feira, foram registrados 446.177 casos de contamina��o e 1.993 �bitos em decorr�ncia da infec��o viral. Com o triplo de mortes por COVID-19 registradas em janeiro, fevereiro preocupou as autoridades de sa�de.
O infectologista Dirceu Greco, professor da Faculdade de Medicina da UFMG e presidente da Sociedade Brasileira de Bio�tica, recomenda cautela. “Se temos 80% de vacinados, temos 20% n�o vacinados que n�o completaram a segunda dose. Isso s�o cerca de 4 milh�es de pessoas que est�o em risco e isso � um problema. Essas pessoas, evidentemente, v�o facilitar para que todos os outros entrem em contato com o v�rus”, observa.
Sem vacina��o universalizada, Greco diz que novas variantes encontram campo aberto para se desenvolver. “At� hoje n�o se sabe a durabilidade da resposta vacinal, por isso � melhor que todos continuemos com muita prud�ncia. Enquanto tiver pessoas n�o vacinadas, podem aparecer novas variantes mais ou menos graves do que a atual”, completa.
A expectativa � de que assim como alguns pa�ses da Europa, que h� algum tempo sofriam com uma alta nos casos da doen�a, o n�mero de contaminados no Brasil comece a cair cada vez mais. Para efeito de compara��o, em 21 de janeiro, os Estados Unidos alcan�aram a marca de 822.963 contaminados em um per�odo de 24 horas. Na �ltima ter�a-feira, aquele pa�s teve 99.820 novas ocorr�ncias da doen�a.
Mem�ria
Dias dram�ticos

Momentos graves de falta de leitos hospitalares para atender pacientes com a COVID-19 chocaram o Brasil durante o enfrentamento da pandemia, em meio � crise pol�tica e ao conflito aberto pelo presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro (PL), que manteve posturas negacionistas e contr�rias �s medidas restritivas como preven��o contra a doen�a adotadas pelos governadores. Em janeiro do ano passado, a falta de oxig�nio medicinal em Manaus, que levou � disputa de cilindros pelos familiares de pacientes tratados at� mesmo em casa (foto), representou um dos dramas mais marcantes no combate � doen�a. A falta de oxig�nio provocou mortes no Amazonas e a remo��o de dezenas de contaminados para outros estados. Quando a crise foi noticiada, em meados de janeiro, a escassez de g�s j� era do conhecimento dos governos federal e estadual e da empresa respons�vel pelo fornecimento do insumo.