
Nesta quarta (2), lideran�as sindicais se reuniram para alinhar o discurso rumo � reuni�o com Lu�sa Barreto. Paralelamente, h� movimenta��o para arquitetar uma grande manifesta��o na pr�xima quarta (9). A ideia � utilizar o protesto como uma esp�cie de resposta ao poder Executivo caso n�o haja avan�os na negocia��o at� l�.
A negocia��o de amanh� est� prevista para ocorrer �s 10h, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte. A esperan�a � que a reuni�o sirva para come�ar a aparar as arestas entre as partes.
"Se ela [Lu�sa Barreto] vier credenciada a negociar, para n�s, � excelente. Mas, se ela vier somente para escutar e falar aquilo que estamos cansados de ouvir - que o governo n�o tem dinheiro, que o governo � 'isso ou aquilo' - vamos entrar mudos e sair calados", diz, ao Estado de Minas, o sargento Marco Ant�nio Bahia. Ele � presidente da Associa��o dos Pra�as Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG).
Procurado pela reportagem, o Pal�cio Tiradentes informou apenas o hor�rio da reuni�o e que o encontro ser� fechado.
Al�m da reposi��o salarial nos termos acordados h� quase tr�s anos, as for�as de seguran�a querem que Zema desista de tentar emplacar a ades�o de Minas Gerais ao Regime de Recupera��o Fiscal (RRF). O plano, pensado pela Uni�o para aliviar estados com problemas financeiros, � a esperan�a da atual administra��o para renegociar d�vida que est� em torno de R$ 140 bilh�es.
Em que pese as dificuldades no fluxo de caixa, servidores temem preju�zos a carreiras do funcionalismo. Aline Risi, Associa��o dos Escriv�es da Pol�cia Civil do Estado de Minas Gerais (Aespol-MG), afirma que o movimento vai continuar se a gest�o Zema n�o emitir sinais de que est� disposta a negociar.
"� a primeira vez que vamos sentar e conversar a respeito disso. Se o governo conceder o que pedimos - e vamos refor�ar nossas reivindica��es - a�, sim, come�amos o di�logo", explica ela, que atua tamb�m na Confedera��o Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol).
Na �ltima sexta (25), um dia depois da oferta de reajuste de 10%, a seguran�a p�blica organizou manifesta��o na Cidade Administrativa. � �poca, lideran�as n�o descartavam a possibilidade de aquartelamento militar; depois, quando o governo convidou as lideran�as para conversar, as tropas foram orientadas a esperar.
Segundo Bahia, a perman�ncia dos militares nos quart�is pode, sim, acontecer na pr�xima semana.
"Se o governo avan�ar no di�logo e conceder a recomposi��o salarial, a gente desmobiliza a tropa. Se n�o houver, [no] dia 9, tenho absoluta certeza que � um perigo de haver aquartelamento e, realmente, o endurecimento de uma crise institucional".
O ato da pr�xima semana ainda tem os detalhes costurados. Estimativas das lideran�as calculam a possibilidade da participa��o de 50 mil pessoas, impulsionadas por caravanas vindas do interior. A Pra�a da Esta��o, no Centro de BH, � um dos locais estudados para ser o ponto de partida da marcha. Os rumos do evento, no entanto, ser�o norteados pela expectativa de p�blico.
Abono tamb�m gera discord�ncia
Zema j� enviou, � Assembleia Legislativa, o Projeto de Lei (PL) para regulamentar o reajuste de 10%. O texto prop�e, ainda, o aumento da ajuda de custo paga aos servidores e, tamb�m, a majora��o do abono fardamento, benef�cio pago para auxiliar as tropas na compra dos uniformes.
O abono, concedido em abril, agora ser� dado em tr�s parcelas - em mar�o, junho e outubro. Cada fatia corresponder� a 40% da remunera��o de um soldado de primeira classe. Considerando o reajuste de 10%, o abono fardamento ter� tr�s pagamentos anuais de cerca de R$ 2 mil.
A ideia do Executivo, contudo, n�o foi bem recebida pelas lideran�as do movimento, porque fere o chamado pacto geracional.
"Na pr�tica, o ativo vai receber R$ 6 mil a mais do que quem foi para a reserva", protesta Marco Ant�nio Bahia. "� bom para os militares na ativa, mas praticamente 100% da tropa recha�a isso. N�o queremos abono para tapar nossa boca. Queremos a recomposi��o salarial - o que foi perdido ao longo dos �ltimos sete anos", emenda.
Promessa de mobiliza��o por acordo de 2019
O pacto firmado em 2019 pelas for�as de seguran�a e por Zema tem a assinatura de parlamentares que ajudaram a mediar as conversas. A primeira parcela, de 13%, prevista para julho de 2020, foi paga. As fatias de 12%, agendadas para setembro do ano passado e setembro deste ano, acabaram vetadas. Isso porque no in�cio de 2020 o texto recebeu, na Assembleia, emenda para extens�o do reajuste a todo o funcionalismo.
Descontentes, os manifestantes afirmam que s� v�o retomar o pleno vapor dos trabalhos da seguran�a quando a Assembleia receber projeto sobre a recomposi��o da seguran�a.
Desde a deflagra��o da paralisa��o, os manifestantes adotaram uma esp�cie de "greve branca". As for�as atuam conforme o estrito dever legal, mas atividades como a utiliza��o de celulares pessoais para a manuten��o de grupos corporativos de WhatsApp, t�m sido desestimuladas. Prova disso � que houve debandada nos f�runs de conversa da Pol�cia Militar e, tamb�m, nos chats com moradores de �reas onde h� patrulha comunit�ria.