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Estado de Minas DISPARADA DE CUSTOS

Feirantes da Afonso Pena se desdobram para conter pre�o dos tira-gostos

Multiplicando vendas ou reduzindo pratos feirantes se viram para vender na na Feira de Artesanato da Afonso Pena ap�s tantos aumentos dos pre�os de alimentos


20/03/2022 15:01 - atualizado 20/03/2022 17:08

Movimento da feira de artesanato da avenida Afonso Pena no centro de belo horizonte no domingo
Feirantes se desdobram para ofertar tira-gostos e bebidas a pre�os competitivos, mesmo com infla��o galopante (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)
“Quero mais � vender muitos espetos. A infla��o chegou, ganho dela no gog�, na voz, chamando o fregu�s no grito. Vendendo mais, sempre terei lucro com os espetinhos saindo. Uma hora as coisas voltam a ser de novo como eram."

O mantra, quase um lema da Barraca da Tita do Churrasco, na Feira de Artesanato da Afonso Pena, em Belo Horizonte, ilustra bem o esfor�o ante a crise econ�mica de vendedores como Maria do Carmo Fernandes, de 36 anos.

Quem n�o foi obrigado a fazer malabarismos econ�micos contra a escalada inflacion�ria agravada por crises como a h�drica e a de abastecimento el�trico, a pandemia e a guerra entre R�ssia e Ucr�nia. S�o muitos os custos para os comerciantes tentarem diluir e manterem pre�os atrativos. S� o g�s de cozinha sofreu um reajuste da Petrobras de 16,6% neste m�s; aumento de 20,02% dos combust�veis no ano, segundo a Ag�ncia Nacional do Petr�leo; e de um �ndice de 10,54% de infla��o, segundo o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA).

No entanto, a feira neste domingo (20/3) continuou tomada de consumidores se enfileirando pelos corredores de barracas de bolsas, cal�ados, artes e utilidades. Debaixo das coberturas coloridas, v�rias mudan�as permitiram que os impactos da economia n�o diminu�ssem o �mpeto dos consumidores. “Infelizmente, o prato mais barato, a gente teve de aumentar o pre�o. O tropeirinho � o que mais sai e passou de R$ 15 para R$ 16. Mas isso fez com que os demais produtos continuassem com os mesmos pre�os devido ao volume de sa�da dos pratos”, afirma Maria Diniz, a Tat�, da Barraca Ouro de Minas, uma das mais conhecidas da feira.

Quem passa com suas sacolas ou de bra�os dados pelos corredores de barracas n�o precebe as artimanhas que os cozinheiros e donos de bancas de alimentos tiveram de fazer para manter suas guloseimas a pre�os aceit�veis.

“Exigem um botij�o por equipamento para operarmos na feira. Se tem cinco equipamentos, s�o cinco botij�es no pre�o exorbitante que est�. Trabalhamos com torresmo com mandioca, que era muito querido, mas tivemos de tirar do card�pio, porque a estufa precisava de mais um botij�o. Tem gente que vem do Acre, de S�o Paulo e encomendam, e n�o podemos mais ter esses pratos para os turistas”, afirma Maria Diniz, da barraca Ouro de Minas.

Segundo ela, � percept�vel que as pessoas perdem menos tempo observando as listas de card�pio expostas dependuradas nas bancas, um pouco retra�das devido aos aumentos de pre�o. “� uma pena, pois a gente at� se adapta, mas deixa de oferecer o que sabemos que as pessoas gostam. Por exemplo, eu tinha macarr�o cozido trazido para os pratos, agora, s� se fizer na hora, pois a gente tenta n�o perder nada”, conta.

Eliane Nazaré dos Santos, de 53 anos, dá um churrasquino para o marido Warlei Silva Santos, de 48, operador de produção
Na feira da Afonso Pena, apesar dos pre�os altos e press�o de insumos, o que vale � o lazer (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)
Entre os consumidores ass�duos, h� alguma desconfian�a. “Mantiveram os pre�os dos espetos e das por��es, mas reduziram a quantidade de carne, de ingredientes. A gente continua vindo, porque gosta demais, mas d� para ver isso acontecendo. E entendemos”, contemporiza o operador de produ��o Warlei Silva Santos, de 48 anos.

Mesmo com a alta galopante dos pre�os, os visitantes se mant�m firmes com o programa de domingo. “Est� caro, mas da� eu trago a nossa cervejinha em uma bolsa t�rmica e gasto mais com o tira-gosto, com os pratos que eu e a minha mulher gostamos mais, os tira-gostos mineiros, churrasquinhos, o acaraj�”, exemplifica Warlei.

 

A mulher dele, a cabeleirieira Eliane Nazar� dos Santos, de 53, diz adorar o programa domingueiro. “Sempre venho para a feira. Aqui, mesmo sem querer comprar, a gente passeia, distrai, descansa do estresse do dia a dia. Relaxa com as pessoas que amamos. Mas  n�o d� para deixar de ver que o espeto em algumas barracas saiu de R$ 10 para R$ 13 e que as por��es est�o sendo reduzidas. Isso quem conhece, enxerga na hora”, afirma Eliane.

Se h� quem reduza as por��es, a Barraca da Tita do Churrasco estampa placas em 360º atraindo clintes pelo pre�o de R$ 10 para qualquer espeto de churrasco. E assim ela consegue, ainda, gerar fileiras de pessoas atr�s do churrasquinho. “Se tem quem reduza o espeto, o meu sai do mesmo tamanho e quero vender mil”, afirma a vendedora Maria do Carmo Fernandes, de 36 anos.

Entre aqueles que procuram mais o ambiente t�pico e descontra�do para consumir a cerveja gelada, o impacto da infla��o atingiu todos os isopores de latas com gelo. “Vou continuar vindo aqui pelo programa, mas tomar uma cervejinha est� cada vez mais caro. Sempre bebo a mais baratinha, que era de R$ 5, agora j� est� R$ 7. O acaraj� baiano era R$ 12 e foi para R$ 14. Aos poucos, parece que v�o querendo tirar a gente daqui. Mas ainda � um passeio muito gostoso com a fam�lia, os filhos e o genro. Vale pela divers�o”, afirma a diarista Rosiane Ribeiro, de 43 anos.

Tatá Diniz teve de tirar churrascos e outros tira-gostos de seu carápio
Tat� Diniz, da barraca Ouro de Minas, diz que teve de suprimir alguns pratos pelos altos custos, mas segue oferecendo tira-gostos mineiros (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)
Ponto de encontro h� 20 anos para as sete amigas do distrito de S�o Vicente, em Baldim, na Grande BH, a feira ainda � um local indispens�vel a um grupo de amigas que sobrevive � infla��o, dividindo a conta no final. “A economia � necess�ria e todas n�s temos consci�ncia disso. O que n�o pode � isso ser maior que o nosso objetivo de vir � feira e nos encontrarmos”, diz a professora Marilene Silva Martins, de 62 anos.

O grupo j� se apoderou da esquina das avenidas �lvares Cabral com Rua Goi�s de tal forma que o arranjo de mesas com baldes de gelo e cervejas geladas se destaca como se fosse um clube priv�. E nem os pre�os altos que todos ali j� perceberam lhes tiram esse prazer de reencontro. “Amo estar aqui. E desde os quatro meses de idade trago a minha filha, a Luana, que hoje tem 15 anos. Ela virou nossa fot�grafa oficial de selfies. Est� caro? Sim. E muito. Mas o tempo que passa e a gente n�o se encontra n�o volta. Isso n�o tem pre�o”, define a manicure Cleuza Maritns, de 50 anos.


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