
Dados da Cemig computados at� a primeira quinzena de mar�o de 2022 mostram que 1,72 quil�metro de cabos da empresa, localizados majoritariamente no Hipercentro de BH, foram furtados apenas neste ano. Em uma m�dia aproximada, 0,68 quil�metros da fia��o da companhia s�o roubados mensalmente. Nos �ltimos tr�s anos, esse dado n�o superou a marca de 0,58.
Desde 2019, 21,6 quil�metros de cabos da Cemig foram roubados, causando um preju�zo de cerca de R$ 3,4 milh�es aos cofres p�blicos. O t�cnico da Rede Subterr�nea da Cemig, Felipe Martins, explica que os danos v�o al�m do preju�zo financeiro, j� que afetam o fornecimento de energia el�trica para servi�os essenciais.
“O que mais nos preocupa � a seguran�a da popula��o. O furto de cabos pode deixar hospitais sem luz, tr�nsito sem sinaliza��o e com�rcios sem poder funcionar, por exemplo, prejudicando a todos”, ressaltou Martins.
Tamb�m em 2022 a situa��o citada pelo t�cnico da Cemig foi percebida na pr�tica. Em 9 de mar�o, o pronto-socorro do Hospital das Cl�nicas da UFMG ficou cerca de meia hora paralisado ap�s uma tentativa de furto dos fios el�tricos do pr�dio ocasionar um inc�ndio na rede subterr�nea.
Os sem�foros tamb�m s�o visados pelos ladr�es de cobre e, de acordo com dados da BHTrans, alvos bastante recorrentes neste come�o de ano. Durante todo 2021, quase 30 quil�metros de cabos foram furtados dos sinais de tr�nsito. Apenas nos tr�s primeiros meses de 2022, criminosos j� levaram mais de 25 quil�metros de material.
Se os crimes deste tipo seguirem neste ritmo, a BHTrans terminar� o ano tendo que repor mais de 100 quil�metros de cabos, muito al�m dos cerca de 42 quil�metros de 2020, quando foi registrada a maior marca dos �ltimos quatro anos. E a situa��o tem um agravante: de acordo a autarquia municipal, a infla��o aumentou significativamente o pre�o deste material. Em 2020 o preju�zo computado foi de cerca de R$ 182 mil, enquanto s� neste primeiro trimestre o valor j� superou os R$ 225 mil.
E o problema vai al�m. Al�m da energia, roubos e furtos de cabos tamb�m interferem no fornecimento de �gua. Isso porque o bombeamento nas redes de abastecimento depende de eletricidade. Assim como Cemig e BHTrans, a Copasa tamb�m registrou aumento no n�mero de crimes desta natureza em 2022.
No ano passado, a empresa computava uma m�dia de 9 furtos mensais. O n�mero aumentou para 11,6 no in�cio de 2022. Segundo a Copasa, no per�odo de 12 meses entre mar�o de 2021 e mar�o deste ano, foram 104 ocorr�ncias de furtos de cabos e em cerca de 45% dos casos, cidad�os ficaram sem �gua por algum per�odo de tempo. A maioria dos crimes acontece na Regi�o Metropolitana de BH, al�m das regi�es Central e Sul do Estado.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) � outra empresa afetada pelo furto de cabos. Entre mar�o de 2021 e fevereiro deste ano, 57 casos foram registrados no Metr� de Belo Horizonte. As esta��es mais afetadas s�o Lagoinha, Central, Calafate, Minas Shopping e S�o Gabriel. Neste per�odo, os crimes provocaram 368 atrasos e 43 cancelamentos de viagens.
Vale ressaltar que os furtos a cabos el�tricos n�o s�o limitados �s empresas p�blicas citadas na reportagem e pode tamb�m acontecer em ambientes particulares, sejam eles comerciais ou dom�sticos. Para saber os dados espec�ficos em propriedades privadas, a reportagem procurou a Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica, que afirmou n�o ser poss�vel filtrar este tipo de crime na base de dados da pasta.
Crime arriscado
O furto de cabos el�tricos � uma atividade perigosa, como comprova pelo caso do Othon Palace. Quem comete o crime est� se arriscando a acidentes com ferimentos graves, amputa��o de membros e at� mesmo a morte.
As redes el�tricas subterr�neas em espa�os privados funcionam com uma tens�o de at� 220 volts, mas os cabos da Cemig operam com mais de 13 mil volts. Segundo a empresa, o risco se torna ainda mais alto pelos furtos serem realizados por pessoas sem conhecimento t�cnico e sem equipamentos de prote��o.
Medidas de seguran�a
Cemig e Copasa informam que as empresas desenvolvem medidas para evitar e inibir o furto de cabos. A companhia el�trica adotou novas tecnologias de trancas e cadeados e usa tampas e grades mais pesadas nas galerias de rede subterr�nea no Centro e na Savassi, em BH. Al�m disso, parte dos materiais foi trocada para o alum�nio, que conduz bem a eletricidade, mas n�o tem valor de mercado que atraia ladr�es, como � o caso do cobre.
J� a Copasa investe na amplia��o da vigil�ncia eletr�nica e apoia a pol�cia nas a��es de intelig�ncia que buscam desvendar os receptadores dos materiais roubados.
Em fevereiro deste ano, a Pol�cia Civil realizou a terceira etapa da Opera��o Sinal Vermelho, que investiga o mercado paralelo de cobre roubado em Minas. Na ocasi�o, foram apreendidas seis toneladas de cabos e fios em um ferro velho na Regi�o de Venda Nova, em BH. O material, j� pronto para a revenda, foi avaliado em cerca de R$ 500 mil. As investiga��es seguem para encontrar mais envolvidos com o crime no estado.
Procurada pela reportagem, a Pol�cia Militar informou que faz, al�m do policiamento preventivo, a��es especiais para combater a recepta��o do cobre furtado em Belo Horizonte.
De acordo com o Comando de Policiamento da Capital, a reincid�ncia dos ladr�es de cobre desafia a a��o da PM. A corpora��o afirma que chegou a prender em flagrante um criminoso que j� tinha sido detido furtando cabos e fios mais de 70 vezes.