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Estado de Minas PATRIM�NIO

Restaura��o da capela de Boa Morte chega � fase final

Dedicado a Nossa Senhora da Boa Morte e orgulho de comunidade quilombola,templo do s�culo 18 em Belo Vale deve ser reaberto em junho


26/04/2022 04:00 - atualizado 26/04/2022 06:12

Andaimes ainda ocupam o templo
Andaimes ainda ocupam o templo, que estava em condi��es dram�ticas de conserva��o no in�cio dos trabalhos e chegou a perder parte do forro (foto: Fotos: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Belo Vale – Tradi��es, ancestralidade e hist�ria se unem vivamente no distrito de Boa Morte, em Belo Vale, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizon- te, onde a comunidade quilombola, reconhecida pela Funda��o Palmares em 2007, tem na capela dedicada a Nossa Senhora da Boa Morte um dos seus maiores tesouros. Erguida antes de 1731 nesse que � um dos n�cleos populacionais mais antigos da Serra da Moeda, o singelo templo situado a seis quil�metros do Centro do munic�pio se encontra na reta final de restaura��o para orgulho dos moradores e al�vio dos defensores do patrim�nio cultural.

Com previs�o de ser entregue � comunidade em junho, a Capela Boa Morte est� ocupada pelos andaimes, mas d� para notar os m�nimos detalhes dos elementos art�sticos, a partir das orienta��es do especialista Adriano Ramos, do Grupo Oficina de Restauro, respons�vel pelo trabalho no interior da constru��o ap�s contrato firmado com a Arquidiocese de BH. “Os estragos aqui foram enormes, tanto que o forro da capela-mor perdeu a pintura devido � entrada de �gua da chuva, durante muitos anos. As pinturas originais se perderam, sendo mantida a aplicada na primeira reforma da decora��o interna”, conta o restaurador, que iniciou o trabalho em junho de 2021.

A capela tombada pelo munic�pio de Belo Vale e pertencente � Par�quia S�o Gon�alo, que tem como titular o padre Wellington El�dio Nazar� Faria, j� teve as obras civis (estrutura e arquitetura) conclu�das em 2016. Na �poca, a interven��o teve � frente a Associa��o do Patrim�nio Hist�rico, Art�stico e Ambiental de Belo Vale (Aphaa-BV), seguindo recomenda��es do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) que pediu provid�ncias para o bem n�o ruir. Na atual fase, com recursos do Fundo de Direitos Difusos/Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (Sedese), a equipe de restauradores trabalhou, al�m do altar-mor, os ret�bulos colaterais, o p�lpito, a pia batismal, as pias de �gua benta, arco cruzeiro e 25 imagens de madeira policromada e gesso. “O forro da capela-mor foi totalmente refeito, pois n�o se aproveitou nada”, explica Adriano.

Vista externa da singela capela
Vista externa da singela capela, erguida antes de 1731 em um dos n�cleos populacionais mais antigos da Serra da Moeda

BEM COLETIVO 

Natural de Belo Vale e integrante do Conselho Municipal do Patrim�nio Hist�rico, Cultural, Art�stico e Natural, o jornalista e ambientalista Tarc�sio Martins destaca a import�ncia da Capela Nossa Senhora da Boa Morte para os moradores. E prepara um livro, a ser lan�ado ainda em 2022, intitulado “Vest�gios coloniais e hist�rias de Boa Morte e arredores”, com todo orgulho do bem cultural. “Temos aqui uma comunidade quilombola de mais de 200 anos e uma capela quase tricenten�ria. Esse � um dos n�cleos mais antigos da regi�o da Serra da Moeda”, afirma o pesquisador da hist�ria local.

No restauro da capela, jovens da comunidade atuam como auxiliares de restaura��o. “Trabalhar aqui � preservar nossa hist�ria”, acredita Tainara Isabela Ferreira, de 22 anos. Concentra��o e paci�ncia s�o ferramentas fundamentais para levar adiante a miss�o de contribuir, com determina��o, para salvar o bem coletivo e refer�ncia na comunidade.

Tamb�m pela primeira vez no of�cio, Marcelo Ces�rio Maia, de 25, v� abrir uma porta para futura profiss�o. “Estou gostando muito. O grande desafio est� nos detalhes. Com paci�ncia, vamos aprendendo”, diz o jovem. Sobre as plataformas dos andaimes, a equipe se esmera em usar o tempo para dar vida nova a um territ�rio sagrado e cheio de hist�rias.

Tainara Ferreira é uma das jovens da comunidade
Tainara Ferreira � uma das jovens da comunidade que atuam como auxiliares de restaura��o: 'Trabalhar aqui � preservar nossa hist�ria', diz

ESTRAGOS 

Basta caminhar pelo interior do templo, que tem parte do piso em ladrilho hidr�ulico, num belo contraste com a madeira, para ver os estragos. Sobre uma mesa, Adriano mostra a m�o de um anjo barroco, refeita em madeira, pois parte se perdeu. “Restauramos a imagem da padroeira, Nossa Senhora da Boa Morte, em nosso ateli� em Belo Horizonte, e ela retornar� ao seu altar quando tudo for conclu�do”, avisa.

Nos ret�bulos e imagens da capela, os cupins fizeram grandes estragos. “Fizemos a descupiniza��o completa, mas, vale ressaltar, at� o �ltimo dia da obra continuamos com esse servi�o”, revela Adriano. “Eu mato quem me d� trabalho”, brinca o restaurador sobre o cupim, o inseto inimigo do patrim�nio que causa danos em todo canto, especialmente nas igrejas e capelas.

HIST�RIA 

Conforme pesquisa do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, coordenado por Goretti Gabrich, a Capela Nossa Senhora da Boa Morte, em 1857, encontrava-se subordinada a S�o Gon�alo da Ponte, atual Belo Vale. Atualmente, o frontisp�cio traz gravado o ano de 1760, e consta que pertenceu �s freguesias de Congonhas e de Bonfim, sob cuja jurisdi��o ficou at� 1911. 

O Arquivo Eclesi�stico de Mariana, no Livro de Batizados da Matriz Nossa Senhora da Concei��o de Congonhas, registra batizados realizados na capela j� em 1731, em sua maioria de filhos de escravos. No hist�rico do processo de tombamento municipal, h� informa��es que vinculam a cria��o do primitivo Arraial da Boa Morte a uma �rea de fortifica��o militar, conhecido como Forte das Casas Velhas, situado, hoje, em ru�nas, em �rea pertencente a uma mineradora.

Dependendo da pandemia, a festa de Nossa Senhora da Boa Morte, comemorada no domingo mais pr�ximo ao dia 15 de agosto, poder� ser realizada neste ano. Os fi�is aguardam tamb�m as demais celebra��es que fazem a hist�ria do lugar ficar ainda mais viva.

Moradores do distrito de São Bartolomeu deram abraço simbólico em igreja
Moradores do distrito de S�o Bartolomeu deram abra�o simb�lico em igreja pedindo a restaura��o: segundo o Iphan, projeto sofreu mudan�as e espera aprova��o (foto: Giselle Rocha/Divulga��o )

Em Ouro Preto, restauro de igreja esbarra na desatualiza��o de projeto

Ap�s manifesta��o no domingo, quando moradores do distrito de S�o Bartolomeu, em Ouro Preto, na Regi�o Central do estado, deram um abra�o simb�lico na sua igreja matriz pedindo a restaura��o urgente do bem erguido no in�cio do s�culo 18, vem a certeza de que a espera dever� ser longa. Em nota divulgada ontem, a Superintend�ncia Minas do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) informou que as obras “de uma das igrejas mais antigas de Minas Gerais” est�o contempladas nas a��es do Programa de Preserva��o Cultural e Cidades Hist�ricas (PPCCH). “Os projetos arquitet�nico, de drenagem superficial e de restaura��o dos elementos art�sticos foram contratados pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto, sendo que a �ltima revalida��o de aprova��o foi feita pelo Iphan em outubro de 2019, com validade at� outubro de 2021”, diz o texto. 

Enquanto os moradores temem as chuvas, devido � precariedade da cobertura, h� problemas quanto ao andamento dos projetos. Segundo a nota do Iphan, considerando que o Projeto de Restaura��o Arquitet�nica j� se encontrava desatualizado, inclusive em rela��o � planilha or�ament�ria, foi elaborado projeto de atualiza��o atrav�s de bolsa concedida pelo Edital LAB nº 26/2020, da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado de Minas Gerais. Projeto que est� em fase final de aprova��o pelo Iphan. Cabe ressaltar que os projetos el�trico, luminot�cnico e de sonoriza��o encontram-se desatualizados.”

E mais: “No final de setembro de 2021, a Prefeitura Municipal protocolou a quarta vers�o da planilha or�ament�ria referente �s obras civis. O documento foi encaminhado em outubro pela Superintend�ncia do Iphan em Minas Gerais, para an�lise do Departamento de Projetos Especiais, que emitiu nota t�cnica solicitando corre��es e complementa��es, reiterando observa��es de an�lises anteriores, inclusive compatibiliza��o da planilha com os projetos apresentados.”

AN�LISES 

A Superintend�ncia da autarquia federal vinculada � Secretaria Especial de Cultura/Minist�rio do Turismo, ressalta que “cabe ao Iphan analisar e aprovar a documenta��o referente aos processos administrativos de licenciamento e concess�o de recursos, de acordo com as normativas pertinentes, cabendo aos proponentes atender �s solicita��es do �rg�o fiscalizador”.

A degrada��o da cobertura da igreja, que tira o sono dos defensores do patrim�nio local, foi contemplada na nota. “Vale mencionar que, no in�cio de 2022, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo consultou informalmente o escrit�rio t�cnico do Iphan em Ouro Preto sobre a possibilidade de realizar obras emergenciais no telhado. A autarquia alertou sobre a instabilidade das estruturas de madeira sobre as quais o telhado est� apoiado, bem como sobre a necessidade de recupera��o estrutural antes da reforma do telhado. Alertou, ainda, que o forro com pinturas art�sticas se encontra fragilizado e est� fixado nos caibros armados do telhado. Os servi�os envolvidos nesta obra, portanto, s�o mais complexos e necessariamente interligados. Uma obra no telhado que desconsidere tais fatores poderia ocasionar danos irrevers�veis ao forro com pinturas art�sticas, bem como � pr�pria edifica��o.” 


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