
Diante das dores f�sicas intensas no leito de um hospital e reaprendendo a viver com uma nova realidade, Lucas de Paula da Silva, de 21 anos, encontra na fam�lia e na solidariedade de muitas pessoas a for�a necess�ria para seguir adiante.
Internado h� pouco mais de 30 dias em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, o jovem precisou amputar parte das pernas – cerca de cinco cent�metros abaixo dos joelhos – ap�s sofrer um grave acidente ao encostar em uma rede el�trica. Como resultado, ele tamb�m teve v�rias partes do corpo queimadas.
Internado h� pouco mais de 30 dias em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, o jovem precisou amputar parte das pernas – cerca de cinco cent�metros abaixo dos joelhos – ap�s sofrer um grave acidente ao encostar em uma rede el�trica. Como resultado, ele tamb�m teve v�rias partes do corpo queimadas.
Agora, a fam�lia, com poucas condi��es financeiras, luta contra o tempo com o objetivo de arrecadar R$ 80 mil necess�rios para custear a aquisi��o das pr�teses ortop�dicas – necess�rias � mobilidade do rapaz – e um longo tratamento.
Logo, para levantar o valor, foi criado um perfil para o jovem em um site de financiamento coletivo por meio de doa��es.
Logo, para levantar o valor, foi criado um perfil para o jovem em um site de financiamento coletivo por meio de doa��es.
“Sou padrasto dele, mas o amo como meu filho. Estamos sempre juntos, um ajudando o outro. Felizmente, muitos amigos e pessoas da nossa comunidade t�m nos ajudado”, afirma Adriel Martins, de 39 anos, que largou o emprego como coordenador de produ��o em uma empresa de alimentos da cidade para cuidar de Lucas, atualmente hospitalizado na Santa Casa de Miseric�rdia no munic�pio.
“Estou focado nele. � um momento dif�cil. Em alguns dias, mesmo com a aplica��o da morfina, a dor � intensa, n�o passa! E agora, ele tamb�m est� com anemia. O m�dico passou uma dieta � base de prote�na. Ent�o, todos os dias, levo a comida dele”, conta.
Conforme detalha Adriel, a equipe m�dica realizou no �ltimo dia 19 de abril uma raspagem na barriga pela segunda vez. Trata-se de um procedimento para limpeza das feridas e retirada da pele morta e dos res�duos.
“Agora, eles est�o avaliando a possibilidade de fazer um enxerto nessa �rea. Caso contr�rio, a pele fica muito fina e isso pode trazer problemas para ele”, explica.
“Agora, eles est�o avaliando a possibilidade de fazer um enxerto nessa �rea. Caso contr�rio, a pele fica muito fina e isso pode trazer problemas para ele”, explica.
O dia do acidente
O acidente de Lucas aconteceu em 23 de mar�o enquanto o jovem trabalhava na laje de uma obra, no Bairro Nova Benfica, Zona Norte da cidade. Segundo Adriel, o pai biol�gico pediu que o filho ajudasse com o servi�o no local.
“Naquele dia, uma barra de ferro, que ele segurava com uma das m�os, acabou esbarrando na rede de alta tens�o e ele recebeu uma forte descarga el�trica. Os funcion�rios de uma borracharia pr�xima do local ligaram para o Corpo de Bombeiros, que fez o resgate”, conta o padrasto, destacando que o garoto � auxiliar de escrit�rio e n�o tem experi�ncia em obra.

Com o forte impacto da descarga, Lucas teve v�rias queimaduras nos bra�os, na barriga e nas pernas e deu entrada em estado grave no Hospital de Pronto Socorro Dr. Mozart Teixeira (HPS), onde permaneceu por uma semana e depois foi transferido � Santa Casa.
A primeira pessoa a tomar conhecimento do que havia acontecido foi Tatiana Carla da Silva, de 40 anos, m�e do jovem.
“Em um primeiro momento, falaram que ele tinha recebido um choque. Minha esposa, que j� estava a caminho do hospital, me ligou dizendo isso. A�, eu tamb�m fui pra l�. Quando ficamos sabendo da real gravidade, foi um susto”, lembra Adriel, que mora com Tatiana e Lucas h� quase oito anos no Bairro Santa Cruz, tamb�m na Zona Norte da cidade.
“Em um primeiro momento, falaram que ele tinha recebido um choque. Minha esposa, que j� estava a caminho do hospital, me ligou dizendo isso. A�, eu tamb�m fui pra l�. Quando ficamos sabendo da real gravidade, foi um susto”, lembra Adriel, que mora com Tatiana e Lucas h� quase oito anos no Bairro Santa Cruz, tamb�m na Zona Norte da cidade.
“Ela tem chorado todos os dias. Eu tento passar for�a para minha esposa e incentiv�-la a n�o chorar na frente do garoto”, conta o padrasto, afirmando que Tatiana, por ainda estar muito abalada emocionalmente, n�o teria condi��es de dar entrevista.
Pelo menos seis meses de tratamento pela frente
Adriel conta ainda que, por indica��o de um m�dico da Santa Casa, a fam�lia optou pelo especialista em pr�teses Fabricio Daniel, em Belo Horizonte, para buscar orienta��es. Foi ele quem forneceu � m�e, em conversa privada no Instagram, uma estimativa do valor que seria necess�rio para custear todo o tratamento na capital mineira.
O m�dico protesista, que � refer�ncia no segmento e mestre em Engenharia Biom�dica pela Universidade do Vale do Para�ba (Univap), conversou com a reportagem e comentou o caso de Lucas, que iniciar� um longo processo para retomar sua autonomia e mobilidade.
“Considerando as condi��es cl�nica e f�sica e a idade do paciente, estipulei a pr�tese ideal para ele. Cada uma custa R$ 30 mil. No entanto, a fam�lia precisar� vir a Belo Horizonte muitas vezes – o que incluir� gastos extras e frequentes com passagens, hospedagem e alimenta��o”, inicia.
“Nos primeiros contatos, vamos fazer a prepara��o do corpo com o uso de meias compressivas de silicone. Ele tamb�m ser� orientado em rela��o aos exerc�cios que precisar� fazer (em casa). Em um segundo momento, ele dever� voltar a BH para um treinamento integral, pela manh� e � tarde, com fisioterapia intensiva e, posteriormente, a coloca��o das pr�teses por meio de encaixes provis�rios”.
Na segunda etapa, conforme o m�dico, o objetivo � fazer com que Lucas j� d� os primeiros passos. No entanto, o especialista prev� que, at� l�, o paciente tenha uma perda de altura de aproximadamente 10 cent�metros.
“O paciente amputado bilateralmente permanece muito tempo deitado ou sentado, por isso a estatura tende a diminuir um pouco, gerando uma modifica��o postural. � medida que ele vai ganhando estabilidade e equil�brio, a gente vai aumentando a altura (da pr�tese)”, explica Fabricio Daniel.
Por fim, o m�dico detalha que o treinamento fisioter�pico e o acompanhamento com personal trainer est�o inclusos no decorrer do processo. Os objetivos s�o praticar o equil�brio e estimular o ganho de for�a muscular para que o jovem consiga, enfim, caminhar.
“Ent�o, quando ele n�o estiver mais precisando do apoio das barras paralelas para se locomover, come�amos a liber�-lo para casa. A�, na cidade dele, ser� preciso seguir com a fisioterapia para o ganho cont�nuo de for�a muscular. A previs�o � que, a cada 15 dias, o Lucas volte a BH para os ajustes de altura nas pr�teses. Todo esse processo costuma durar cerca de seis meses”, finaliza.