
Ao longo de mais de dois anos de pandemia, as m�scaras foram equipamentos essenciais no esfor�o de diminuir a dissemina��o do coronav�rus e tamb�m um s�mbolo da presen�a da COVID-119 na vida cotidiana. O an�ncio de que elas deixam de ser obrigat�rias tamb�m em locais fechados de Belo Horizonte a partir de hoje foi recebido pela popula��o com al�vio — sinal de que o momento mais cr�tico foi, de vez, deixado para tr�s. Apesar do avan�o, especialistas fazem ressalvas a respeito da libera��o e pregam cautela.
O an�nciou foi feito pelo O an�ncio foi feito pelo prefeito Fuad Noman (PSD), em pronunciamento na sede da prefeitura, ao lado da secret�ria municipal de Sa�de, Cl�udia Navarro. "Nosso objetivo aqui � tirar a obrigatoriedade do uso da m�scara de Belo Horizonte em ambientes internos a partir de amanh� (hoje)”, disse o prefeito, ao informar que o decreto que flexibiliza os protocolos de seguran�a contra a doen�a pand�mica seria assinado ainda ontem. “Passa a ser facultativo, quem quiser usar a m�scara, use, mas acaba a obrigatoriedade", disse. No entanto, h� excess�es: as m�scaras continuam obrigat�rias nos transportes coletivos e escolares, em servi�os de sa�de da cidade, municipais ou n�o, e em situa��es espec�ficas previstas em protocolo, como no caso de self-service em restaurantes. Eventos culturais e esportivos tamb�m podem deixar de cobrar comprovante de imuniza��o ou teste negativo para COVID-19.
Com os n�meros da pandemia controlados, muitos moradores da capital esperavam ansiosamente o an�ncio de que as m�scaras seriam liberadas de forma mais ampla. Foi o caso da estudante Ester Souza, de 17 anos, que v� na medida um sinal de que a COVID est� controlada. “Para mim vai ser um al�vio, depois de dois anos em que muita coisa aconteceu, porque a doen�a chegou do nada e deixou todo mundo com medo. Agora, estamos mais leves, mais tranquilos e vacinados”, diz.
A an�lise dos especialistas sobre a desobriga��o, no entanto, � mais reticente. Para o m�dico e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Est�v�o Urbano, tirar a m�scara, neste momento, � uma decis�o compreens�vel, embora demande cuidados.
“� muito importante manter m�scara no transporte p�blico e nos hospitais. E, principalmente, (nos rostos dos) grupos de maior risco, (como) idosos e gestantes. O ideal , talvez, seja manter as m�scaras. � muito c�clico: pa�ses que tiraram de forma r�pida tiveram um rebote”, afirma o especialista, que comp�s o comit� montado pela prefeitura para monitorar o avan�o da infec��o na capital.

Em Belo Horizonte, a libera��o das m�scaras em ambientes fechados est� atrelada ao avan�o da vacina��o infantil. Rec�m-empossados, o prefeito Fuad Noman (PSD) e a secret�ria de Sa�de, Cl�udia Navarro, fizeram apelos aos pais para acelerar a imuniza��o. Dados de ontem apontam que apenas 35,9% dos jovens entre 5 e 11 anos receberam a segunda inje��o (75,5% receberam a primeira) — entre os maiores de 12 anos, 100% completaram o esquema vacinal e 65,4% tomaram tamb�m o refor�o ou dose adicional (3 ª e 4ª).
Embora reconhe�a que a cidade ainda n�o atingiu o “n�vel ideal” de cobertura vacinal, Cl�udia garante que houve consider�vel avan�o. “Em 17 de mar�o, 13,3% das crian�as haviam tomado a segunda dose”, lembrou, durante entrevista coletiva, em compara��o aos quase 36% atuais. “Um dos motivos � exatamente essa tentativa de conscientiza��o dos pais, dos respons�veis, sobre a vacina��o da crian�a”, disse, referindo-se � veicula��o de propagandas sobre o tema.
Na vis�o de Una� Tupinamb�s, infectologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a necessidade de expandir a imuniza��o � uma das lacunas que precisam de preenchimento. “Ainda temos a popula��o com a terceira dose aqu�m do ideal e estamos atravessando o outono-inverno. Temos que levar em considera��o o que acontece na Europa, na �sia e nos EUA, onde est� tendo aumento de casos”, pontua.
Embora n�o creia em subida vertiginosa dos n�meros, como visto no in�cio de 2021, Una� pede aten��o redobrada. “Temos que tomar cuidado, porque h� um aumento de casos ao redor do mundo”. Una� diz que esperaria mais um tempo para definir pela retirada das m�scaras. Apesar disso, considera positiva a decis�o de manter o uso do aparato para circula��o em hospitais e embarque no transporte coletivo.
No Rio de Janeiro, as prote��es faciais em locais fechados foram desobrigadas no m�s passado. Como mostrou o Estado de Minas, a decis�o veio a reboque de campanha de imuniza��o nas escolas. Para Cl�udia Helena, 45, gerente de loja em BH, a decis�o da prefeitura veio em momento adequado. “Os �ndices da pandemia j� est�o bem baixos e a expectativa era poder tirar a m�scara. A vacina tamb�m ajudou muito. Foi em uma hora certa”.
Entretanto, protocolos de seguran�a ainda precisam ser seguidos. "Isso n�o quer dizer que a COVID-19 acabou, n�o quer dizer que podemos parar de tomarmos algumas medidas. Os protocolos precisam ser respeitados, a gente deve continuar lavando as m�os com sab�o, passando �lcool, procurando evitar aglomera��es, dando a dist�ncia necess�ria porque ainda temos a pandemia batendo na nossa porta", disse o prefeito.
O uso de m�scara tornou-se obrigat�rio em Belo Horizonte em mar�o de 2020, com o in�cio da pandemia do coronav�rus. Desde 4 de mar�o de deste ano, entretanto, a utiliza��o do equipamento em ambientes abertos � facultativa. Desde o in�cio da pandemia, BH soma 389.413 casos confirmados de COVID-19, dos quais 7.756 resultaram em morte.
ROSTO COBERTO
Embora j� fa�am planos para abrir os sorrisos em estabelecimentos, pr�dios comerciais, filas banc�rias e outros ambientes fechados, os belo-horizontinos sabem que, em determinados locais, precisam se manter em alerta. Cidad�os ouvidos pela reportagem garantem que v�o continuar com os rostos cobertos em casas de sa�de e durante os trajetos de �nibus.
“Enquanto precisar,vamos usar. O �nibus � um lugar fechado e com n�mero grande de gente entrando e saindo. �s vezes, dentro do �nibus, os passageiros est�o ignorando a m�scara. As empresas t�m que colocar os avisos”, pede Cl�udia Helena. Para ela, o uso de m�scaras por todos os frequentadores dos hospitais ser� essencial para impedir, tamb�m, a dissemina��o de outros v�rus, como o da gripe. “A m�scara n�o vai ser uma coisa assustadora de ver outra pessoa usando”, assinala.
Una� Tupinamb�s, por sua vez, defende a extens�o da restri��o a outros espa�os privados. “Em supermercados, drogarias e sacol�es, por serem fechados, seria interessante a gente manter o uso de m�scaras”, exemplifica.
Os terminais de embarque para viagens situados em Belo Horizonte v�o seguir diretrizes distintas. Enquanto a rodovi�ria vai se adequar � flexibiliza��o municipal e permitir a circula��o de pessoas “desmascaradas”, no Aeroporto Internacional de BH, s� � poss�vel andar descoberto pelo sagu�o. Nas �reas de embarque e durante os voos, o uso de m�scara segue obrigat�rio.
*Estagi�rias sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho