
A busca pela cura para uma tosse persistente: esse teria sido o motivo para que a fam�lia da pequena Maria Fernanda de Camargo, de 5 anos, procurasse um m�dium de Umbanda para realizar um ritual que terminou com a morte dela, no final de mar�o em Frutal, no Tri�ngulo Mineiro. A afirma��o � do advogado de defesa da m�e, av�s maternos e tia da v�tima, Jos� Rodrigo Almeida, durante entrevista � TV Rio Grande.
Maria Fernanda teve quase 100% do corpo queimado na noite de 23 de mar�o na casa dos av�s e morreu na madrugada seguinte em um hospital de S�o Jos� do Rio Preto (SP), cidade a cerca de 100 km de Frutal.
Os quatro familiares da menina e o guia espiritual est�o presos desde a �ltima quarta-feira (20/4), quando foram alvos da Opera��o Incorpora��o da Verdade. A reconstitui��o do crime, investigado pela Pol�cia Civil de Frutal como homic�dio doloso eventual, vai ocorrer nos pr�ximos dias.
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"O ritual foi de cura. Onde � que est� a prova que o ritual era maligno, que prova � essa? N�o aconteceu ritual de sacrif�cio sat�nico. Eles (a fam�lia) n�o s�o monstros. Os depoimentos dos suspeitos ao delegado coincidem. Ningu�m queria matar a crian�a", destacou o advogado de defesa da fam�lia de Maria Fernanda.
O advogado disse ainda a av� da menina � adepta da Umbanda h� anos. "No ano passado, os tios da Maria Fernanda tiveram COVID, foram internados e entubados. A fam�lia chamou o guia espiritual e, ap�s um ritual, tiveram uma melhora na sa�de. Eles acreditam na religi�o, por isso tiveram essa iniciativa com a crian�a ", complementou.
Advogado disse que menina morreu em um segundo ritual
Conforme Jos� Rodrigo, inicialmente, os familiares de Maria Fernanda chamaram o guia espiritual para fazer um ritual com o intuito de curar uma tosse que n�o passava. "Outra pessoa que estava com o m�dium e que vai ser ouvido pelo delegado essa semana, agiu como auxiliar dele", comenta.
Em seguida, ainda conforme relato de Jos� Rodrigo, o guia, tamb�m chamado de m�dium, incorporou uma entidade, fez os trabalhos e terminou a primeira etapa.
"Depois disso, ele disse que iria fazer um segundo ritual. O m�dium teria dito 'vou fazer um ritual de limpeza e me tragam uma bacia'. Ent�o, ele pediu para que a menina segurasse uma vela apagada, depois passou o �lcool com ervas na cabe�a da crian�a e derramou o produto nos ombros. E a m�e disse: '�lcool assim sufoca'.
O advogado continua: "A fam�lia nunca imaginou que ele (o m�dium) fosse agir assim. Tudo foi muito r�pido e o que se viu � que ele se aproximou da crian�a com outra vela, foi quando ela come�ou a pegar fogo", detalha.
"A fam�lia errou ao dar o �lcool, sendo que tinha vela no quarto e errou ao deixar o guia derramar �lcool na crian�a", considerou o advogado que ainda contou que depois que a m�e e os av�s apagaram o fogo usando tapetes, a crian�a ainda estava conversando e andando. Maria Fernanda foi encaminhada, primeiramente, ao Hospital Municipal Frei Gabriel, em Frutal.
"O problema dessa situa��o foi a fam�lia, por medo, n�o ter contado a verdade desde o in�cio. Quando fui contratado, a hist�ria de acidente dom�stico com churrasqueira j� havia sido contada � pol�cia", finalizou o advogado.
O delegado respons�vel pelo caso, Murilo C�zar Antonini Pereira, disse que as investiga��es demonstraram que a v�tima teria participado de ritual de evoca��o e incorpora��o de esp�ritos malignos, na companhia dos av�s, da tia e da m�e, sendo que um l�der espiritual teria jogado �lcool com ervas no corpo da crian�a e, posteriormente ateado fogo, usando uma vela e queimando-a viva.
Um pedido de pris�o domiciliar para o av� da menina, de 71 anos, foi protocolado pelo advogado nessa quarta-feira (27/4). Ele disse que o idoso tem problemas de sa�de como diabetes e hipertens�o.